Israel não enviou uma delegação para as tratativas de um possível novo cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza, que foram retomadas neste domingo (3) no Cairo, Egito, de acordo com a imprensa local.
Segundo jornais como o Times of Israel e o Ynet, o governo de Binyamin Netanyahu se recusou a participar porque o Hamas não forneceu uma lista completa com os nomes dos reféns israelenses ainda retidos em Gaza e que estão vivos.
Essa decisão já vinha sendo discutida na última semana, depois que a morte de civis que esperavam por ajuda humanitária no norte de Gaza frustrou as expectativas dos negociadores, incluindo o presidente americano Joe Biden, tornando mais difícil chegar a um acordo para a trégua.
Segundo o Times of Israel, o Hamas recusou as demandas de divulgar a lista completa de reféns e informar quantos prisioneiros palestinos seriam libertados em troca de cada refém sob seu controle.
Relatórios militares israelenses afirmam que cerca de 31 dos aproximadamente 130 reféns em Gaza estariam mortos, com suas famílias tendo sido informadas. O brasileiro-israelense Michel Nisenbaum, que acredita-se ser um dos reféns, não estaria na lista.
Nessas negociações estão em pauta algumas propostas formuladas por Tel Aviv com apoio de Washington, discutidas em Paris em fevereiro e apresentadas ao Hamas no Catar.
Entre outras coisas, a primeira fase do acordo envolvia a libertação de 40 reféns, incluindo mulheres, crianças, idosos e feridos, em troca de cerca de 400 prisioneiros palestinos, alguns acusados de terrorismo, durante uma pausa de duas semanas nas hostilidades.
As expectativas dos negociadores internacionais é fechar o novo cessar-fogo antes do início do Ramadã em 10 dias, um período sagrado para os muçulmanos.
O período do Ramadã já é conhecido por ser sensível e marcado por confrontos entre palestinos e israelenses, e a guerra apenas aumenta a preocupação.
Altos membros do governo de Bibi já mencionaram que, diante da recusa do Hamas em libertar os reféns, a ação militar seria invadir o sul da Faixa de Gaza, especificamente em Rafah, durante o Ramadã.
Rafah tornou-se um local de deslocamento interno nos últimos cinco meses de conflito, com centenas de milhares de civis palestinos indo para o sul após serem expulsos de outras regiões de Gaza. A comunidade internacional, incluindo o governo brasileiro, teme as consequências humanitárias de um ataque em grande escala na região.
O incidente da última quinta-feira (29), quando tropas israelenses dispararam contra civis perto de um comboio de ajuda humanitária, fragilizou ainda mais as negociações para a trégua. O Hamas alega que mais de 110 pessoas foram mortas a tiros pelas tropas israelenses.
Tel Aviv defende que a maioria das vítimas morreu pisoteada e atropelada depois de saquear os caminhões, e que cerca de uma dezena de palestinos foram mortos por se sentirem ameaçados por eles.
Neste domingo, as Forças de Defesa de Israel divulgaram os resultados de uma investigação preliminar sobre o caso, reforçando que a maioria das vítimas morreu em um tumulto.
Muatasem Salah, membro do Comitê de Emergência do Ministério da Saúde em Gaza, afirmou que houve mais de mil vítimas, entre mortos e feridos, e rejeitou as conclusões de Israel, dizendo que as mortes foram resultado de tiros de grosso calibre.
(Folhapress)