Heptacampeão baiano na década de 1970 e um dos maiores ídolos da história do Bahia, o ex-jogador Douglas Franklin sempre manteve uma conexão muito forte entre a capital baiana e a cidade de Santos, no litoral de São Paulo. E é justamente a partir desse vínculo que um torcedor tricolor resolveu homenagear o craque em sua cidade natal.
Nascido em terras paulistas, Douglas é “o melhor jogador que eu vi jogar com a camisa do Bahia”, define Zé Virgílio, presidente e fundador da organização social Arte no Dique, que atua no bairro Jardim Rádio Clube, na zona Noroeste de Santos. Presente em uma das maiores comunidades de palafitas do país desde 2002, no Dique da Vila Gilda – daí o nome – o instituto sempre carregou na veia as referências culturais e sociais da Bahia para executar seus projetos educacionais e artísticos.
Agora, prepara a construção da ‘Quadra Douglas Franklin’, um espaço esportivo que irá atender as crianças e adolescentes do bairro. A escolha de Zé Virgílio em homenagear o ídolo no futebol uniu a admiração que tem por Douglas como atleta e sua representatividade para a cidade de Santos.
“A quadra será pintada, de um lado, com o escudo e as cores do Bahia e, do outro lado, o escudo do Santos e em preto e branco”revelou o fundador da Arte no Dique.
A comunidade foi fundada no começo dos anos 2000 após uma visita de Zé Virgílio ao estado de São Paulo, quando trabalhava na época em um projeto com a cantora Ivete Sangalo. Desde então, o gestor cultural passou a atuar na implantação de oficinas educacionais e importou elementos da cultura baiana na ampliação do projeto. “Hoje nós temos alunos que moram fora do Brasil, na Europa, que dão aula de percussão, trabalham com a música profissionalmente lá”, conta.
A construção da quadra esportiva, que tem previsão de ser concluída em dezembro deste ano, é mais uma oportunidade de atrair estudantes da comunidade do Dique da Vila Gilda para o instituto, onde Zé Virgílio acredita que seja um espaço para a “formação de cidadãos”. “Aqui podemos transformar também a questão da cidadania. Dar orientação a essas crianças uma formação de seus direitos e deveres”, avalia o gestor.
Mas, como um bom tricolor e apreciador do futebol, ele acredita que o espaço esportivo pode ser também um local onde futuros craques podem dar seus primeiros passos. “A gente já viu que o futsal foi o começo de vários jogadores, como Rivelino, antigamente, e Neymar, hoje em dia. Muitos vieram de comunidades como essa aqui em Santos, isso é um celeiro”, completou Zé.