Na última terça-feira (23 de abril), um homem de 22 anos foi preso em São Paulo sob suspeita de fazer parte de uma quadrilha especializada em furtos a condomínios de alto padrão. Essa organização teria atuado em Belo Horizonte no final de 2023, o que resultou em uma operação conjunta das polícias civis dos dois estados. O criminoso é um dos dois homens identificados durante a operação Aclimação realizada no final de março em São Paulo.
De acordo com a Polícia Civil mineira, um mandado de prisão preventiva foi cumprido contra o suspeito. As investigações tiveram início após denúncias de furtos que ocorreram no final do ano passado na região Centro-Sul da capital mineira. Na ocasião, foram subtraídos de diversos imóveis itens avaliados em cerca de R$ 1 milhão.
“De acordo com as apurações, os suspeitos utilizavam roupas sociais para acessar os condomínios. Na época, policiais encontraram, na residência de um dos suspeitos, as vestimentas utilizadas em outras ações criminosas, além de chaves mixas e tags de acesso a portarias eletrônicas”, destacou a instituição policial.
A Polícia Civil informou que as investigações apontaram que a quadrilha também atuava em outros estados além de Minas Gerais, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Os levantamentos policiais continuam com o objetivo de capturar o segundo investigado e tentar identificar outros membros da organização.
Os crimes
As investigações tiveram início em 3 de novembro de 2023, quando um casal de idosos denunciou ao Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri) um roubo em seu apartamento no bairro Sion, em Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil, nesse dia, a dupla levou cerca de R$ 800 mil em uma coleção de relógios e dinheiro em espécie (dólar, real e euro).
Com o avanço das investigações, a Polícia Civil identificou outros dois crimes cometidos pela dupla na capital: um em 2 de dezembro, quando levaram de um apartamento no bairro Anchieta R$ 150 mil, entre joias, relógios e dinheiro em espécie. No dia 10 de novembro, conforme o inquérito, o alvo foi um apartamento no bairro de Lourdes, de onde foram levadas sete armas de fogo, além de joias.
Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que a dupla é oriunda da cidade de São Paulo e possui experiência em furtos a apartamentos de luxo.
“O mais jovem, de 22 anos, se disfarçava de visitante do condomínio. Eles chegavam bem vestidos e simulavam estar na casa de alguém. Utilizavam as tags de acesso ao condomínio e fingiam que suas tags não estavam funcionando, pedindo para alguém abrir para eles. Após acessarem o condomínio, escolhiam um imóvel vazio, arrombavam a porta e cometiam o furto”, detalhou o chefe do Depatri, Felipe Freitas.
Atuação da quadrilha
Segundo a PCMG, os criminosos descobriam e selecionavam os alvos usando dados vazados dos contribuintes, como os do Imposto de Renda. Depois de escolher os alvos, aproveitavam momentos de fragilidade do prédio, como eventos, festas, domingos e feriados, períodos nos quais o fluxo de visitantes nos condomínios aumenta, facilitando a entrada despercebida.
No caso dessa dupla, o homem mais velho, de 38 anos, permanecia no carro do lado de fora, enquanto o mais jovem invadia os prédios. O suspeito, segundo a PCMG, era especialista em arrombar portas, inclusive havia feito cursos de chaveiro e de mixa.
Conforme o delegado Gustavo Barletta, esse tipo de criminoso raramente recorre à violência física, priorizando a discrição. “Eles evitam qualquer resistência e buscam por casas desocupadas. Não entram em residências ocupadas. É incomum que esse tipo de criminoso esteja armado com arma de fogo, no máximo, uma faca”, explicou.
Por essa razão, o delegado aconselha os moradores de condomínios e os porteiros a redobrarem a atenção e a vigilância, a fim de dificultar a ação dos criminosos. “Os moradores e funcionários dos prédios devem estar cientes de que não é vergonhoso abordar uma pessoa desconhecida. Devem confirmar com os moradores se a pessoa que está tentando entrar está autorizada ou não. Além disso, é recomendável fazer um cadastro de identidade e autorização”, orientou.