O ex-ministro Henrique Eduardo Alves negou que já tenha batido o martelo e decidido sair do MDB, partido que está filiado há 51 anos. O emedebista afirmou que vem recebendo convites de líderes partidários nacionais de cinco legendas, para concorrer em outubro. No entanto, ressaltou que está praticando o verbo “esperançar” e irá aguardar até a “última” hora para tomar uma “decisão”, ou seja, aguardará o fim do prazo permitido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para novas filiações ou migrações partidárias, por uma definição do MDB sobre a formação da chapa proporcional e a inclusão do seu nome nesta lista.
“Estão me telefonando Roberto Freire do Cidadania, Carlos Siqueira do PSB, Márcio França do PSB, Luis Tibé do Avante e Marcos Pereira do Republicanos. Todos esses partidos estão vendo esse zum-zum-zum e estão me ligando. Colocando até tapete vermelho, aí eu digo: ‘vermelho não, quero verde’. Estão me convidando porque conhecem a minha história”, afirmou, em entrevista ao AGORA RN, nesta terça-feira 22.
Henrique revelou que não tem conhecimento da nominata do MDB. “Está todo mundo discutindo, quantos nomes não sei. Não sei qual é a nominata, não tenho nenhuma informação. Alguém me ligasse e dissesse: ‘olha Henrique, vamos fazer a nominata? Quer contribuir com algum nome?’. É o mínimo. E nem esse mínimo eu tenho e isso me dói tanto”, desabafou.
Triste com a postura do MDB no Estado, Henrique destacou: “aí, de repente, uma declaração de que eu não ia ter espaço e nem legenda, que ia ser vetado. E isso foi público, até Baleia Rossi me ligou e disse: ‘Henrique, fique tranquilo que já fiz chegar que é impossível isso, tá bom? Tá bom’. Mas, nunca disseram em público o contrário. Que partido é esse? Com ódio, com medo. Sou filho de um partido sem ódio e sem medo. Não é possível, não estou acreditando. Falei com Michel [Temer] um dia desses e ele me falou; ‘Henrique, não é possível. Você não é o MDB do Rio Grande do Norte, não é do Brasil’, disse.
Críticas ao MDB
Ele criticou a forma como o MDB vem se posicionando no cenário político do Estado. “Um dia, o MDB indica um vice de Fátima, ou seja, o governo dela é tão bom que deve continuar e nós somos o vice para ajudar. Aí, após uma semana, eu vejo que poderá ser o vice de oposição à Fátima. Como é que pode isso? Não era bom que queria ser vice por mais quatro anos? Como é que agora é ruim que tem que mudar e o MDB é o vice para derrotá-la? O MDB não é isso. O MDB tem postura, ética e história. O MDB não pode ser isso. Então, tenho esperança que, na última hora: ‘peraí, nós estamos errados, vamos ter uma coerência, caráter”, frisou.
O ex-ministro relembrou ainda quando saiu deputado da menor bancada do Rio Grande do Norte. “Eram oito deputados, e fui líder, por aclamação, seis vezes consecutivas de uma bancada de 82 deputados, não eram 30 como hoje não. Eu me elegi o presidente da Câmara com 513 deputados e apenas cinco deputados no primeiro turno. Fui presidente do MDB por mais de dez anos e me tratam assim? Que isso? Esse MDB não é mais aquele que eu imaginava, que eu fiz, ajudei a construir como outros tantos, inclusive Garibaldi. Mas, como isso me dói muito, que estou praticando o verbo esperançar. É o meu verbo agora e vou esperar pelo bom sendo das pessoas”, disse.
E continuou: “eu tenho 51 anos de MDB, assumi esse partido com 21 anos de idade em um período em que eu tinha muita revolta e medo. E o meu pai com aquela força extraordinária, um homem diferente de tudo, visionário e com uma força interior abençoada, me ensinou a vida inteira a ter calma e fazer política sem ódio e sem medo”, ressaltou.
Para o emedebista essa é a imagem que carrega do partido que ajudou a construir, “uma casa grande, respeitosa, democrática, fraterna, aberta sem ódio e sem medo. É como se estivesse escrito nas paredes da casa: ‘sem ódio e sem medo’. E cada parede, piso, telha, porta e janela tem as marcas das minhas mãos e de muitos outros companheiros. São 51 anos e de repente você chega hoje e sabe que esse MDB não quer você como candidato, que o presidente do partido diz que eu não teria legenda e não desdisse isso. Ninguém declarou formalmente o contrário”, destacou.
MDB defende permanência de Henrique Eduardo Alves
O diretório estadual do MDB informou por meio de nota nesta terça-feira 22, que em respeito à democracia e pluralidade, o partido está aberto à pré-candidatura de qualquer cidadão que esteja alinhado às diretrizes do MDB e, em nenhum momento, o diretório no Estado do MDB cogitou a possibilidade de “não dar legenda” ao ex-ministro Henrique Alves.
E por fim, o MDB potiguar informou que, sob a liderança de Garibaldi Filho – político com mais de 50 anos de vida pública –, a sigla permanece como o maior partido do Rio Grande do Norte e elegeu, em 2020, o maior número de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores no Estado.