Irregularidades continuam sendo identificadas nos ônibus do transporte público de Belo Horizonte. Em média, cinco autuações são aplicadas por hora, após as equipes constatarem inadequações nos veículos. O balanço é da operação Tolerância Zero, que completou dois meses e tem como objetivo melhorar o serviço de ônibus, além de punir as irregularidades cometidas pelas empresas. Nesta quarta-feira (3 de abril), dois ônibus do Move foram retirados de circulação porque apresentavam freio de porta inoperante e uma das portas não fechava.
Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), foram realizadas 1.037 ações de fiscalização desde 25 de janeiro. Durante essas ações, 6.446 ônibus foram vistoriados, alguns deles mais de uma vez. O resultado das operações foi:
- 7.271 autuações,
- 257 autorizações de tráfego (AT) recolhidas e
- 13 veículos recolhidos ao pátio do Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG).
A fiscalização da operação Tolerância Zero representa um avanço na luta por transporte de qualidade na capital mineira, de acordo com o especialista em trânsito Dimas Gazola. “Antes não víamos essas operações com tanta frequência. É um avanço. Os dados atuais, de dois meses, são mais indicativos: representam uma mudança de posição com mais autuações. Temos que observar se isso se tornará efetivo”, afirmou.
De acordo com o balanço da PBH, ônibus já foram retirados de circulação devido às irregularidades constatadas. “Isso é uma medida eficaz, porém o principal prejudicado é o usuário. O que deveria ser feito é a empresa ser obrigada a repor a frota alugando um veículo. É preciso ter uma frota reserva”, pondera.
‘Vantajoso’
O descumprimento pelas empresas das medidas exigidas pelo poder público ocorre, na análise de Gazola, pois acaba sendo mais vantajoso para elas.
“As empresas têm condições de fazer os reparos e, consequentemente, manter a frota funcionando adequadamente. Só que elas optam pela irregularidade pois ao serem multadas entram na Justiça e depois conseguem o cancelamento e não pagam nada. Sempre alegam prejuízo financeiro e têm as multas abonadas. As empresas têm histórico de dominar o judiciário”, explicou.
“A Tolerância Zero vai se mostrar efetiva se permanecer durante um longo período e, na prática, as multas e demais penalidades forem cumpridas”, finaliza. A PBH foi questionada pela reportagem sobre quantas multas foram aplicadas às empresas nestes dois meses de operação. O retorno é aguardado.
As fiscalizações da Tolerância Zero são realizadas por agentes da Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (Sumob), BHTrans e Guarda Municipal nas portas das garagens, nas estações, ao longo dos itinerários das linhas e também no Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH) através do SITBUS, um sistema conectado ao GPS dos ônibus que acompanha cada viagem do transporte coletivo.