Eventos extremos climáticos vistos recentemente em Recife, Petrópolis e no Sul da Bahia são exemplos do impacto da ação do homem no meio ambiente. Mais que isso: representam um sinal de alerta para a urgência de ações práticas por parte da sociedade, políticas de meio ambiente e o comprometimento de empresas para reduzir o impacto humano e industrial no planeta.
Para discutir este cenário e apresentar casos concretos de ações sustentáveis, foi realizado em Salvador, na última terça-feira (7), o II Fórum de Inovação e Sustentabilidade para a competitividade. O evento foi uma iniciativa do Ibama e contou com a parceria da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), que abriu seu auditório para o encontro, além do WWI-Worldwatch Institute no Brasil. A mesa de abertura foi composta por: Josair Santos Bastos, presidente em exercício da Fieb; Maurício Tavares, superintendente do Ibama; Eduardo Topázio, diretor de Recursos Hídricos e Monitoramento Ambiental do Inema; Guilherme Tedeschi Araújo, diretor geral da Bracell; Rosane Santos, diretora de Sustentabilidade da Bamin, além de Marco Antônio Fujihara, coordenador executivo do Fórum de Mudança do Clima, Conselheiro do CDP (Carbon Disclodure Project) e do Clif Climate Investment Fund.
“As mudanças climáticas são os maiores desafios hoje, mais até do que a pandemia, porque para as mudanças não tem vacina. Esta é uma questão muito séria, que acontece pela ação do homem e os eventos extremos climáticos estão ocorrendo com mais frequência e mais força. Tudo isso como consequência do aumento de concentração de gás de efeito estufa na atmosfera, promovido pelo próprio homem.” – Antônio Fujihara, coordenador executivo do Fórum de Mudança do Clima.
Apesar do esforço da Organização das Nações Unidas, nos últimos 50 anos, em chamar a atenção da sociedade sobre a as questões ambientais com a criação do Dia Mundial do Meio Ambiente, isto ainda não é suficiente para barrar o descompasso entre teoria e ações práticas. “O problema é que essa é uma questão de decisões políticas a nível global e isso é sempre muito difícil. Trazer consenso em uma discussão desta natureza a nível diplomático é muito complexo”, salienta Fujihara.
Por outro lado, a sociedade precisa cada vez mais estar informada e atenta ao que pode ser feito. Neste caso, as empresas têm um papel importante no sentido de mitigar suas ações a partir de programas de redução de emissões de gás carbono. A mídia também exerce papel fundamental para ajudar neste processo, levando informação. “O cidadão comum precisa ter consciência de que isso é importante. Se ele tem consciência, ele cobra as empresas. Eventos como este são importantes para tomar ciência de que o sinal está quase virando no vermelho já”.
O especialista destaca, ainda, que no Brasil as empresas começaram a avançar nas questões ambientais e precisam ser rápidas. Durante o evento o público teve a oportunidade de conhecer projetos e ações desenvolvidos pelas companhias Bamin e Bracell para mitigar o impacto de suas atividades no meio ambiente.
Marco Antônio Fujihara destacou que as mudanças climáticas são hoje o maior desafio quando se fala em meio ambiente (Foto: Imas Pereira) |
Conheça determinações do novo decreto para o Mercado de Carbono
O documento estabelece os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas.
Institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SINARE).
Define que compete ao Ministério do Meio Ambiente, ao Ministério da Economia e aos Ministérios setorials relacionados, quando houver, propor os Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas.
Estabelece regras e critérios mínimos para monitorar, reportar e verificar as emissões/reduções de GEE aceitas para registro no SINARE.
Reconhece como crédito certificado de redução de emissões as reduções e remoções de emissões registradas no SINARE adicionais às metas estabelecidas para os agentes setoriais, caso atendam ao padrão de certificação.
Mouana Fonseca (foto) e Guilherme Tedeschi Araújo apresentaram iniciativas da companhia, que é hoje uma das maiores produtoras de celulose. (Foto: Imas Pereira) |
Cultivos da Bracell sequestram 4.4 bilhões de toneladas de CO2 por ano
Realizar ações pontuais ou apoiar projetos isolados não são suficientes para sanar as consequências das mudanças climáticas. A Bracell, uma das maiores indústrias de celulose do país – parte do grupo RGE (Royal Golden Eagle) com unidades no Polo Petroquímico de Camaçari e em Lençóis Paulista -, enxergou isso lá atrás e, ao longo do tempo, vem construindo sua história em bases sustentáveis.
Guilherme Tedeschi Araújo, diretor geral da companhia, explica a filosofia do grupo: “Se é bom para a comunidade; se é bom para o país; se é bom para o clima (meio ambiente); se é bom para o cliente (quem compra, público interno e parceiros); só então vai ser bom para nós”. O executivo defende que trabalhar junto ao social e ambiental traz mais competitividade para a empresa. “Não adianta mais a gente não fazer parte dessas discussões, porque isso é hoje uma demanda global. O impacto que nós/indivíduos causamos na sociedade e o impacto que nós/empresas causamos na terra é significativo e isso afeta diretamente nossas operações”, ressalta.
A empresa realiza trabalhos estruturantes onde ações sociais, ambientais e de governança se complementam. “A inovação e a sustentabilidade estão dentro do nosso negócio do começo ao recomeço, no nosso discurso e na nossa prática, ou seja, na própria produção da celulose, na proteção ambiental que a gente realiza e também no investimento social que a gente faz. A nossa matéria-prima são as florestas de eucalipto, árvores cultivadas, que junto com a área nativa, sequestram 4.4 bilhões de toneladas de CO2 anualmente”, completa Mouana Fonseca, relações institucionais da Bracell.
Diferente do que está no imaginário das pessoas, a produção de celulose nobre da Bracell, na Bahia, não é utilizada para a produção de papel, mas trata-se de um componente bastante específico usado na produção de itens como máscaras cirúrgicas, tecido do tipo viscose – em um esforço para deslocar o poliéster que tem base de petróleo -, batom, invólucro utilizado na fabricação de salsicha, cápsulas de medicamentos e até armações de óculos em acetato. A produção é de 480 mil toneladas/ ano, sendo que 70% é voltado para o mercado de especialidade e 99% é para exportação para Ásia, Europa e América do Norte.
Ou o que diferencia a Bracell:
Realiza manejo sustentável;
É uma empresa certificada;
Tem maior RPPn no Litoral Norte, que é a Lontra – com reconhecimento de posto avançado de reservas da biosfera da mata atlântica (apenas 614 áreas no mundo e sete no Brasil têm esse reconhecimento);
Possui área de soltura de animais silvestres;
As florestas de eucalipto da empresa são corredores entre os resíduos de mata atlântica, o que permite que animais se desloquem de uma região para outra;
Hoje 40% de sua base florestal é de mata nativa, quando a lei exige que o índice de a preservação seja de 20%.
O Estúdio Correio produz conteúdo sob medida para marcas, em diferentes plataformas.