Criada em 2017 por Nina Silva e Alan Soares, o Movimento Black Money (MBM) se dedica a ser um hub de inovação, inclusão e autonomia para a comunidade negra no Brasil. Atualmente, a plataforma reúne cerca de 2,5 mil empreendedores em seu marketplace e tem 120 empreendedores em formação para concorrer à aceleração de R$ 10 mil pela BrasilFoundation. Lana Ramos, de 28 anos, gerente de projetos da MBM, enfatiza que “há 56% de pessoas negras no país. Se a gente levasse isso [black money] mais à sério, com certeza não estaríamos às margens da sociedade”.
Lana destaca que a MBM atua em diversas frentes, desde o treinamento de lideranças sobre diversidade racial até a Afreektech, focada em educação, e um canal de vagas exclusivo para profissionais negros, além de um marketplace de negócios da comunidade e um projeto de transferência de renda para mães solteiras, no valor de R$ 500 mil. Outro projeto em destaque é o D’Black Bank, uma fintech criada com o intuito de promover o afroempreendedorismo e manter os recursos dentro da própria comunidade.
Lana acrescenta que embora o D’Black Bank ainda não esteja em pleno funcionamento como banco digital, a maquininha de cartão de crédito já foi utilizada em 24 estados, incluindo Minas Gerais. No entanto, devido à pandemia, muitos negócios foram fechados e o serviço da máquina precisou ser suspenso. Porém, há planos de retomada do projeto no futuro.
O D’Black Bank pretende oferecer crédito, aumentando as oportunidades de empréstimos e limites de cartões para afroempreendedores, que muitas vezes sofrem recusas em bancos convencionais. Além disso, a ideia é proporcionar empréstimos com juros mais acessíveis, apoiando a comunidade afroempreendedora.
Além disso, Ramos explica que o movimento visa superar a rejeição aos afroempreendedores de outras maneiras, como focando no aprendizado sobre empreendedorismo. “O afroempreendedor está em uma situação de sobrevivência. A gente tenta tratar esse déficit e impulsionar”, explica.
A consultora de negócios do Sebrae Maria Nilda Clementino reforça que a comunidade negra enfrenta muitas dificuldades ao empreender, incluindo falta de acesso a recursos financeiros, capacitação, rede de contatos, discriminação racial e a ausência de representatividade em setores específicos.
O dólar dura apenas 6 horas na própria comunidade negra
Assim como os afroempreendedores, outras comunidades fortalecem seus próprios ecossistemas, mantendo o dinheiro circulando entre eles. Um exemplo disso são as comunidades asiáticas e judaicas, que têm um período muito maior de circulação do dinheiro em suas comunidades em comparação com a comunidade negra. “O Movimento Black Money vem no contexto pan-africanista, inspirado por Marcos Garvey, líder do século XIX, que já falava da independência do ser negro”, explica Ramos.