Após quase quatro anos de buscas pela mãe sumida a designer de unhas Roseane da Silva Gonçalves, de 35 anos, pôde pôr fim a procura. O corpo da mãe dela, Maria do Carmo da Silva Gonçalves, de 58 anos, mais conhecida como ‘Carminha’, por amigos e vizinhos, foi encontrado pela polícia no dia 10 de novembro, enterrado em um lote vago próximo à residência da família, no bairro Nossa Senhora das Graças, em Betim, na região Metropolitana de Belo Horizonte.
O assassino é o vizinho da vítima, Roberto Lopes, de 58 anos. Segundo familiares da vítima, os dois possuíam um relacionamento que era mantido em segredo, porque a mulher enfrentava um processo de separação. Depois de matar a mulher o homem fugiu para o interior de Minas e não foi mais visto. No entanto, graças às redes sociais a polícia conseguiu localizá-lo, O homem foi preso no dia 9 de novembro, na praça da cidade de Conceição do Rio Verde, no Sul de Minas, e confessou o crime. A Polícia Civil revelou o resultado da investigação nesta quarta-feira (17).
“Foram exatamente três anos e onze meses de buscas exaustivas. Saíamos nas ruas, procurávamos em caixa d’’água, em lotes, em meio a entulhos. Encontrar o corpo da minha mãe foi um misto de sentimentos: alívio, dor e revolta, porque eu confiava no homem que matou a minha mãe. Minha mãe levava o prato de comida nas mãos dele, mas mesmo assim ele matou a minha mãe e jogou ela no lixo,” desabafou Roseane.
Assassino traiu a confiança da família da vítima
Ainda conforme a filha da vítima, no dia que o homem matou a mãe dela havia chegado um circo no bairro. Ele se ofereceu para ver os valores dos ingressos e horários dos espetáculos. No entanto, no momento que Roseane chegou ao local a apresentação teria sido suspensa. Ela retornou para casa mais cedo e viu o homem ateando fogo em um colchão.
“Com a minha mãe morta dentro da casa dele, ele foi até o circo sondou os preços dos ingressos e horários dos espetáculos normalmente. Quando retornei do circo mais cedo vi ele colocando fogo em um colchão e em um pneu. Brinquei com ele, dizendo que ele estava animado, porque já era mais de 20h da noite. Ele me disse que havia dado filhote de escorpião na casa e por isso, ele estava colocando fogo no colchão e que tinha ainda muito entulho para tirar de dentro de casa. O entulho era o corpo da minha mãe,” concluiu Roseane.
Família procurou pelo corpo da mãe na casa do assassino
Ainda de acordo com a filha da vítima, após atear fogo no colchão o homem desapareceu. O fato chamou atenção da família que com a ajuda da polícia começaram a procurar pelos dois.
“Chegamos a procurar dentro da casa do namorado da minha mãe, debaixo da cama, dentro de guarda-roupa, no interior da geladeira dele e nada. Passamos por um deserto, até saber que ele jogou o corpo da minha mãe no antigo aterro sanitário de Betim” lembrou Roseane.
Detalhes do assassinato
Para a polícia, o homem confessou o crime e contou detalhes do assassinato. Segundo ele, no dia 8 de dezembro, por volta das 16h, a mulher havia ido até a casa dele para visitá-lo e lá eles começaram a discutir. Ela teria dado um tapa no rosto dele. O homem que no momento da suposta agressão estava almoçando jogou o prato de comida no rosto de Maria, ela caiu, bateu a cabeça em uma porta e morreu. Ao perceber que a mulher estava sem vida, e temendo ser incriminado o homem arquitetou um plano para se salvar.
Ele esperou anoitecer, e por volta das 22h, o homem teria enrolado o corpo da vítima em um cobertor, colocado em um carrinho de mão e jogado em um lote vago.
“Ele ainda disse que o local escolhido para jogar o corpo da mulher se tratava de uma ribanceira em que pessoas que estavam fazendo uma obra perto do local estavam jogando entulhos na área. O corpo da vítima estava enterrado a cerca de quatro metros e coberto por entulhos,” disse o delegado Otávio de Carvalho.
Conforme o delegado, para a remoção dos restos mortais a polícia contou com o auxílio de uma retroescavadeira cedida pela Prefeitura de Betim e da ajuda do Corpo de Bombeiros.
Ainda conforme a polícia, a versão do homem sobre as circunstâncias do crime será acatada porque não existem testemunhas. No entanto, a filha da vítima não acredita na versão contada pelo homem.
“Minha mãe estava em depressão porque tinha perdido meu irmão, e ela não estava lidando bem com isso, desde 2012, e ficava agressiva às vezes. Acredito que ela tenha dado um tapa no rosto dele, mas não acredito na forma que ela morreu e nem que ele jogou o corpo dela no lote. Ele enterrou o corpo da minha mãe para ela não ser encontrada. Estive naquele terreno, se ele não tivesse enterrado eu teria achado,” suspeitou Roseane.
Última Ligação. A investigação da polícia constatou que a última ligação feita pela vítima foi para o homem que a matou.
Família reconhece objetos encontrados junto aos restos mortais
Familiares da vítima acompanharam a retirada dos restos mortais da mulher, feita pela Polícia Civil, no dia 10 de novembro, e reconheceram as roupas e objetos encontrados em meio à ossada. No entanto, exames estão sendo feitos no Instituto Médico Legal (IML) para a comprovação científica que os restos mortais encontrados são de Maria do Carmo da Silva Gonçalves. Estima-se que em 25 dias o laudo comprobatório estará pronto.
“Acompanhei a retirada dos restos mortais da minha mãe. Reconheci as roupas e a correntinha do divino espírito santo que ela não tirava do pescoço. Agora é esperar os trâmites legais para poder enterrar com decência os restos mortais da minha mãe,” lamentou Roseane.
Ocupado
Conforme a Polícia Civil, o homem não possuía passagens pela polícia. Ele homem responderá por homicídio e ocultação de cadáver. A poderá cumprir pena superior a 12 anos de reclusão.