A adoção de uma hora a mais de funcionamento se deu para “privilegiar a economia popular às vésperas do Natal”, informou a PBH
Em clima de lazer e compras, turistas, familiares e frequentadores lotaram a tradicional Feira de Artesanato da Afonso Pena também conhecida como “Feira Hippie” e deram mais um fôlego ao comércio local. Neste domingo, 26, o funcionamento foi prorrogado para às 15h.
A adoção de uma hora a mais de funcionamento da feira ocorreu também nos demais domingos de dezembro. A prefeitura sinalizou que era uma “forma a privilegiar a economia popular às vésperas do Natal”.
O casal Felipe Lima e Karine Araújo aproveitou que a feira teria uma hora a mais para chegar mais tarde. “Foi melhor, porque mais cedo é muito cheio e, no início da tarde, é menos tumultuado”, pontua a propagandista. Passado o Natal, estão correndo atrás dos presentes e decoração para a festa de um ano da filha Helena.
“Os presentes de Natal já foram garantidos, agora isso aqui é presente para mim mesmo”, conta a baiana Camila Stepanie, 23, com as mãos repletas de sacolas. Acompanhada da mãe mais três irmãs, a turista de Teixeira de Freitas (BA) chegou cedo à feira e disse que pretende sair até a última hora. “Aqui tem uma diversidade de produtos que não encontramos lá na minha região. Por isso, tô levando umas roupas, sapatos e sandálias”, descreve.
Para o vendedor de brinquedos artesanal, Gustavo Ferreira, 31, a movimentação deste domingo pós Natal supreendeu nas vendas. Animado com uma hora a mais de funcionamento, pontuou que isso foi bom para as vendas. “As pessoas estão hoje passeando em família. E sempre tem uma criança junto. Então, elas olham os brinquedos e os pais acabam levando”.
Ao som de Raça Negra e bebendo espumante, Élida Saldanha, descreve que está unindo o útil ao agradável. “Estou bebendo meu espumantizinho, trabalando e me divertindo”, afirma sorrindo. Lili, como gosta de ser chamada, disse que as festas de Natal foram melhores e que neste domingo tem visto mais as pessoas passeando. “Ainda assim, não parei de vender hoje meus aneis, brincos e bijuterias”, diz a vendedora.
Radicada em Lisboa, Portugal, há cinco anos, a belohorizontina Daniela Fonseca de Assis, 30 anos, conta que não visitava a feira há pelo menos quatro anos. Acompanhada dos pais e de um amigo de Los Angeles, Estados Unidos, aproveitou a feira como opção de lazer. “Vimos descendo a pé do bairro Serra. De longe, vi o número de pessoas, fiquei apreensiva, mas quando cheguei, vi o distanciamento das barracas, gostei muito. Estou me sentindo segura”.
Com chimarrão em mãos e flanando sozinho pela extensão da avenida, Matheus Bilharva, 32, estava atrás de lembrancinhas. O gaúcho não escondeu sua predileção para presentes. “Quero comprar cachaça!”. O representante comercial chegou a BH no último dia 23 para conhecer o afilhado.
FREQUENTADORES DESRESPEITAM PROTOCOLOS SANITÁRIOS
O Comitê de Combate à Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte optou por aumentar o horário de funcionamento da feira, diante da estabilidade nos indicadores epidemiológicos, medidos pelo índice de transmissão da doença; ocupação dos leitos de enfermaria e UTI destinados à Covid; além do avanço da vacinação na capital.
Ainda assim, muitos frequentadores e, até mesmo famílias inteiras, foram flagradas por O TEMPO sem usar máscara. A reportagem tentou abordar algumas dessas pessoas, mas elas não quiseram se manifestar.
A PBH reafirmou a importância do uso da máscara e álcool em gel durante toda a permanência na feira. Para atender aos protocolos sanitários e de distanciamento entre os frequentadores, desde 2020, o layout foi reelaborado, aumentando o espaço entre as barracas. A extensão da feira está compreendida entre a Avenida da Afonso Pena, na altura da Praça Sete com Av. Amazonas, até a Guajajaras.
Embora veja muitas pessoas transitando sem máscara, a vendedora de bolsas Thayná Honorato, 24, disse que é raro elas chegarem até sua barraca sem a proteção. Ela disse que não chega a pedir para os clientes colocarem a máscara, porque se sente segura em local aberto, ao ar livre. Ainda assim, pontuou que ela e seus funcionários fazem uso constante de máscara para se proteger. “E colocamos álcool gel para os clientes”, pontuou.
Ao aprovar a medida da prefeitura em prorrogar o horário da feira e de expandir o distanciamento entre as barracas dos feirantes, o infectologista e professora de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Unaí Tupinambás, pontuou que os protocolos sanitários não podem ser esquecidos por ninguém. “É sempre importante manter o uso da máscara, mesmo em ambiente aberto, ainda mais em locais cheios”, frisa.
Ele destaca que é importante da distância de 1,5metros, 2 metros do vendedor e do comprador. “Acho que é importante o feirante estar com álcool gel pra poder lavar as mãos, uma vez que manipula muito dinheiro, cartões”, ensina. “Vacinados, mantendo o distanciamento e fazendo a higienização das mãos eu acho que é uma medida segura sim”, conclui.
Quem não tira essas dicas do horizonte é José Rodrigues, 63. Independentemente de quem chega a seu estante, o feirante pede para que elas passem álcool gel. O vendedor de colares e pulseiras que remetem ao artesanato indígena pontua que vê mais pessoas com bom senso do que distraídos sem máscara. Mas que já ocorreu de pessoas chegarem até ele sem a proteção. “Peço para colocar a máscara”, adverte sem titubear.