Como no imóvel não havia sinais de arrombamento e nem de luta corporal nos cadáveres, a primeira linha investigativa da Polícia Civil é de que a advogada tenha matado o filho
Familiares de Renata Fagundes, 37, buscam respostas para os crimes ocorridos neste fim de semana, na Rua Antônio Aleixo, Bairro de Lourdes, região Centro-Sul da capital. No sábado (10), a Polícia Civil recebeu um chamado com a informação de que dois corpos haviam sido encontrados no local, área nobre de BH, em frente ao Minas Tênis Clube.
Uma equipe da Delegacia de Homicídios, sob coordenação do delegado Domênico Rocha, constatou os óbitos. Como no imóvel não havia sinais de arrombamento e nem de luta corporal nos cadáveres, a primeira linha investigativa da Polícia Civil é de que a advogada tenha matado o filho de seis anos e, em seguida, cometido suicídio.
Segundo a Polícia Civil, havia machas de sangue no local e quatro facas e uma tesoura foram levados para serem periciados. “A Polícia Civil trabalha com a tese de homicídio seguido de suicídio, muito embora não descarte nenhuma outra hipótese nessa fase das investigações”, afirma o delegado Rocha.
Um tio de Alberto que preferiu não se identificar, no velório do garoto ocorrido no domingo (11), no Cemitério Parque da Colina afirmou que Renata tinha problemas de sanidade mental. “O pai dava tudo, para os dois: enfermeira, funcionários, escola da melhor qualidade para o menino, psicólogos, o apartamento da Antônio Aleixo, se já não está, seria colocado no nome dela. Ela era uma moça linda. Mas já sabemos que a família tem outros casos de depressão grave. Foi um problema de sanidade mental”, disse.
Uma tia paterna do garoto, chorando muito, lamentou “ele era meu pitutuco. O pitutuco da titia. E eu não consegui tirar ele da mãe”. Mulher de um amigo de Alberto que também não quis se identificar lembrou que o pai do menino tentava, judicialmente, a guarda da criança. “Eles já estavam com o processo na Justiça, mas a família ficava nessa situação difícil, pois o convívio com a mãe também era importante para o menino”.
Já no velório da advogada, também no domingo (11), amigos que preferiram o anonimato se diziam perplexos: “ela era uma pessoa muito calma, um pouco mais introvertida, mas pacífica. Corria atrás de seus sonhos, excelente mãe, não dá para acreditar que tenha feito isso”.
A madrinha de Renata disse ainda que o ex-marido não concordava com uma provável mudança dela e do filho para Contagem, na Grande BH. “Depois do divórcio, Alberto continuou sendo abusivo. Usava do poder, do dinheiro que ele tem para manter a Renata e o filho por perto, em Lourdes. Ela já estava decidida a voltar para a casa dos pais e ele não aceitava de forma alguma”.
Comoção
Coroas não paravam de chegar. O caixão branco, pequeno, entrou no velório 4, ao meio-dia e quarenta minutos de domingo (11). A urna foi aberta e, por cerca de quatro minutos, ninguém se aproximou. Chegaram os avós paternos, o pai. Um familiar ajeitou a bandeira do Clube Atlético Mineiro sob as flores e uma chuteira preta e branca, com detalhes alaranjados, aos pés do menino. Choros contidos e os olhos por sobre as máscaras demonstravam como era triste e, ao mesmo tempo, inacreditável, aquela despedida.
Por volta de 14h40, familiares seguiram em cortejo o caixão para a quadra 4, onde foi sepultado, com seis anos, o filho de Alberto Magno Rocha Filho e Renata Fagundes de Andrade, 37. Em princípio, o menor teria sido morto a golpes de instrumentos perfuro cortantes deferidos pela mãe. Em seguida, em outro cômodo do apartamento onde os dois viviam – na Rua Antônio Aleixo, um dos metros quadrados mais caros da capital – ela teria cometido suicídio.
Antes do enterro, os avós maternos, pais de Renata, chegaram ao Cemitério Parque da Colina, para se despedirem do neto. Os nomes deles, bem como das três tia-avós que os acompanhavam, não estava na lista de autorização para entrada. Depois de os familiares maternos do garoto insistirem com a administração, foi permitido apenas aos avós verem, pela última vez, a criança. As tias ficaram no carro, do lado de fora.
“Somos pobres e eles não querem a gente lá. É uma tristeza sem fim. Já estamos arrasados com o ocorrido e esse impedimento de nos despedirmos do nosso sobrinho neto é um absurdo. Nem os avós maternos e a tia, única irmã da Renata, estavam autorizados a entrar. É muita tristeza não poder despedir do Davi”, reclamou a tia-avó Elizana Fagundes.
Segundo a Polícia Civil, os legistas do IML fizeram a necrópsia dos corpos e, em dez dias, os laudos da perícia criminal e dos médicos vão estar à disposição “para que uma linha investigativa robusta seja construída e a Polícia Civil dê uma resposta à sociedade mineira acerca do caso”, disse o delegado que atendeu à ocorrência, Domenico Rocha.
.