Menos de um mês após as obras na Avenida Heráclito de Mourão Miranda, na região da Pampulha, terem sido entregues pela Prefeitura de Belo Horizonte, uma forte chuva arrancou parte do asfalto da ponte sobre o córrego Ressaca, nesse domingo (31 de dezembro). Especialista em transporte, Silvestre Andrade afirma que o fenômeno natural pode ter sido responsável pelo o que aconteceu, porém “não é o culpado”. Segundo ele, em todos os projetos, situações como essas devem ser previstas.
Conforme o especialista, apenas com acesso ao projeto é possível saber o que de fato aconteceu na avenida. No entanto, o que pode ter ocorrido é um problema de drenagem, segundo ele. O fato de a obra ter sido inaugurada justamente em um período de chuva e o próprio fenômeno natural em si, junto a possíveis problemas em relação ao escoamento da água, podem ter gerado a situação.
“A água destrói tudo, vai levando o que está na frente. O projeto de drenagem precisa prever todos os níveis de chuva, inclusive mais intensos do que as ‘tradicionais’. É necessário criar um escoamento que permita que a água da chuva tenha para onde ir, já que ela vai escoar de qualquer jeito e, em algumas situações, pode levantar o pavimento”, diz.
De acordo com ele, é preciso pensar em soluções como colchão drenante, sarjetas, entre outras. O especialista destaca que é necessário evitar que a água vá toda para as bocas de lobo.
“Muitas coisas que as pessoas jogam na rua acabam indo para lá. Tem também o fato de a obra ser recente, e restos dela podem ter ido parar lá, entupindo a rede de drenagem”, avalia.
Chuva
Em entrevista nesta segunda-feira (1º de janeiro), o superintendente da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) Henrique Castilho, destacou que, no domingo, choveu 81 milímetros em 1 hora em Belo Horizonte. “A água passou por cima da ponte, e parte do asfalto foi arrancado”, disse. “O que ocorreu foi o excesso de chuva. A ponte não sofreu nenhum dano, e a obra não possui nenhum erro”, avaliou Castilho.
No entanto, segundo Andrade, a chuva pode ser responsável pelo o que aconteceu, mas não é a culpada. “A natureza não pode ser culpada. A engenharia precisa trabalhar com as restrições que o ambiente dá. Um projeto tem de prever a chuva e não ser destruído por ela”, afirma.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte e aguarda retorno.