ESG e mudanças climáticas: qual a relação das empresas com esse cenário?
A partir de 2026, empresas de capital aberto deverão disponibilizar relatórios de riscos ESG.
Publicado em 23 de maio de 2024 às 05:30
![Sul da Bahia foi uma das regiões mais atingidas com as chuvas de 2021 e 2022](https://i2.wp.com/midias.correio24horas.com.br/2024/05/20/sul-da-bahia-foi-uma-das-regioes-mais-atingidas-com-as-chuvas-de-2021-e-2022-2109887-article.jpg?ssl=1)
Sul da Bahia foi uma das regiões mais atingidas com as chuvas de 2021 e 2022 Crédito: Camila Souza/GOVBA
Desde a infância, as pessoas são ensinadas a tomar atitudes para preservar o meio ambiente, como desligar a torneira enquanto escovam os dentes. No entanto, especialistas apontam que essas ações individuais não são suficientes para reverter os problemas ambientais, especialmente sem a participação das empresas, que são grandes poluidoras.
As mudanças climáticas são uma parte importante do ESG – sigla que representa sustentabilidade, responsabilidade social e transparência. Essas práticas visam o desenvolvimento sustentável e incluem medidas como redução de gases poluentes e reciclagem.
“A maioria das grandes receitas do mundo vem de empresas, o que significa que elas têm um grande impacto econômico. As empresas são as maiores exploradoras da biodiversidade e geradoras de resíduos, o que torna crucial que adotem medidas para reduzir seus impactos ambientais”, afirma Augusto Cruz, consultor empresarial e especialista em ESG.
Há duas décadas, na Bahia, a MDC Energia surgiu como pioneira na transformação de lixo em energia renovável. A empresa produz biometano a partir do gás de aterros sanitários, evitando a liberação de gases poluentes na atmosfera e contribuindo para a redução do aquecimento global. O biometano tratado é utilizado como energia em indústrias e como combustível para veículos.
“Na época em que começamos, há 20 anos, a preocupação ambiental não era tão forte como hoje. Agora estamos vendo as consequências da poluição por carbono e das mudanças ambientais”, relata Neila Larangeira, fundadora da empresa.
Ao longo dos anos, Neila testemunhou o crescimento da concorrência e a regulamentação do mercado. Atualmente, o gás produzido pela empresa é enviado por gasodutos para a Companhia de Gás da Bahia para comercialização.
Com a crescente pressão sobre as empresas para serem ambientalmente responsáveis, uma pesquisa revela que 89% dos brasileiros acreditam que as empresas devem adotar práticas sustentáveis para combater as mudanças climáticas. A partir de 2026, as empresas de capital aberto serão obrigadas a divulgar relatórios de riscos ESG.
Esses relatórios seguirão as normas do International Financial Reporting Standards (IFRS), padronizadas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), e incluirão informações sobre riscos e oportunidades relacionadas à sustentabilidade e ao clima, como gestão de riscos e metas de sustentabilidade. Até o momento, a divulgação desses relatórios é voluntária.
“A partir de 2026, as empresas de capital aberto precisarão relatar sobre governança e seus impactos no clima. Atualmente, estamos avaliando como as empresas impactam o clima e, inversamente, como o clima afeta seus negócios”, explica Augusto Cruz, especialista em ESG.
Embora haja avanços na agenda ESG no mundo corporativo, ainda há um longo caminho a percorrer, segundo Vinicio da Fonseca, consultor ambiental.
“As pessoas estão começando a perceber que negar as mudanças climáticas pode levar a uma catástrofe. No entanto, ainda é um desafio discutir esse tema abertamente”, diz Vinicio, da consultoria Ecosoluti. Ele está envolvido em um projeto que transforma resíduos orgânicos em adubo natural.
A responsabilidade das empresas e os impactos da poluição nas mudanças climáticas serão temas de discussão no III Fórum ESG Salvador, realizado pelo Jornal CORREIO e Alô Alô Bahia no Porto de Salvador. O evento incluirá a exposição de bolsas artesanais feitas a partir de resíduos de lona utilizados no Carnaval de Salvador.
O projeto é desenvolvido pelo Instituto Mandarina, dos mesmos fundadores da MDC Energia, e tem como objetivo apoiar empreendedores locais ao reciclar resíduos e beneficiar artesãs. Serão expostas 100 bolsas em 10 modelos diferentes durante o evento.
As peças são produzidas por mulheres das comunidades locais, com mentorias de empreendedores especialistas. Neila Larangeira, presidente do Instituto Mandarina, destaca o caráter colaborativo do projeto.
O III Fórum ESG Salvador é uma iniciativa realizada pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia, com o apoio de diversas empresas e instituições, e tem como objetivo promover a discussão sobre a importância do ESG no cenário empresarial atual.