Em entrevista ao Magazine, cronista, historiador e genealogista mineiro fala sobre sua trajetória ao longo dos anos, da pandemia e no novo livro que lança ainda em 2021
O escritor, historiador e genealogista Daniel Antunes Júnior está em clima de festa. No dia 17 de setembro deste ano ele completou 100 anos com muita alegria e em paz com a velhice. Ou, como ele mesmo define: “Com a mente lúcida, o corpo ainda em forma e feliz por alcançar essa dádiva generosa dos deuses”.
Antunes Júnior fez carreira como bancário e administrador de um sem-número de empresas vinculadas ao setor financeiro durante mais de 50 anos. Porém, ele nunca escondeu de ninguém sua paixão pela literatura, que foi expressa ao longo dos anos na publicação de livros importantes, como “Lençóis do Rio Verde: Crônica do Meu Sertão” e “Coração de Prata: Contos Correntes”.
Pensador compulsivo desde a infância, ele conta que o contato com o mundo da literatura começou muito cedo, ainda na primeira metade do século passado. “Eu tinha um amigo querido que me emprestava muitos livros quando ainda éramos meninos”, rememora.
De leitor, ele logo passou a seguir o exemplo de seus heróis literários e acabou se aventurando também pela escrita. “O amor pela palavra foi só crescendo e alimentando em mim um desejo invencível de virar escritor, ainda que modesto”, confessa em tom humilde.
Ao longo dos anos, Daniel Antunes Júnior acabou se tornando um cronista de talento ímpar e ficou conhecido por investigar de forma rica e cativante as belezas e as complexidades do cotidiano de sua cidade natal, Espinosa, terra do sertão norte-mineiro.
“Meu fascínio com o dia a dia da região veio do meu contraparente Antonino Neves, que era um escritor máximo da geografia e da história do Norte de Minas. Foi com ele que eu descobri a grandeza da crônica literária, que, ao meu ver, é a modalidade mais leve e atrativa da escrita”, reflete o autor, que é membro da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais.
Momento assustador
Testemunha de muitos acontecimentos marcantes, o escritor comenta que ficou alarmado com a pandemia da Covid-19 e que não se lembra de ter vivido nada igual antes. “O coronavírus foi algo assustador, porque parou nossas vidas e trouxe muitas limitações”, avalia ele.
Mas, mesmo diante da gravidade do momento, Antunes Júnior mantém a positividade. “A gripe espanhola, assim como acontece agora com o coronavírus, foi um fenômeno mundial que trouxe grandes problemas para a humanidade, mas passou. Ninguém gosta de ficar isolado, porém vamos sobreviver a isso também, e espero que em breve estejamos livres desse flagelo da humanidade”, aspira.
Defensor do conhecimento tecnológico, o escritor aproveitou o confinamento para se familiarizar com o meio digital. “A tecnologia moderna facilitou muito os trabalhos literários. Hoje você digita, formata, e o resultado vai direto para impressora. É uma maravilha”, comemora.
Questionado se já pensou em escrever uma autobiografia, ele despista. “Minha história de vida não é tão importante ao ponto de me seduzir a levá-la para as páginas de um livro”, diz.
Mas, apesar das dez décadas de vida, Daniel Antunes Júnior segue emanando vitalidade e não tem planos de parar tão cedo. Inclusive, ele já prepara, para antes do fim do ano, o lançamento de mais um livro, o sexto da carreira.
Com o título “Catálogo Genealógico das Famílias Antunes e Tolentino”, a obra vai retraçar as origens ancestrais de duas famílias nobres que aportaram no Brasil ainda no período colonial fugindo de perseguições na Europa.
“Minha produção literária poderia ser melhor se não fosse a preguiça mental que muitas vezes me leva a deixar para amanhã o que deveria ser feito no momento presente. Preciso me focar para fazer tudo com prontidão porque a vida não é ilimitada, né?”, conclui entre risadas.
Trajetória
Nascido em 1921, no município de Lençóis do Rio Verde, hoje Espinosa, no Norte de Minas Gerais, perto da divisa com a Bahia, Daniel Antunes Júnior foi bancário e administrador de empresas financeiras por mais de 50 anos, além de genealogista, historiador, fazendeiro e jornalista nas horas vagas. Ele é membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, da Arcádia de Minas Gerais, da Academia Mineira de Leonismo e da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais.
Antunes Júnior tem cinco livros publicados na carreira: “Lençóis do Rio Verde: Crônica do Meu Sertão”, “Coração de Prata: Contos Correntes”, “Crônicas Gorutubanas”, “Celebrando a Vida: Poemas Outonais e Contos” e “A Colonização Brasileira e o Livro do Tombo da Casa do Conde da Ponte”. Viúvo desde 2020, ele é pai de cinco filhos: Dante, Silvana, Daniel, Sérgio e Sandra.
Bibliografia de Daniel Antunes Júnior
“Lençóis do Rio Verde: Crônica do Meu Sertão”
“Coração de Prata: Contos Correntes”
“Crônicas Gorutubanas”
“Celebrando a Vida: Poemas Outonais e Contos”
“A Colonização Brasileira e o Livro do Tombo da Casa do Conde da Ponte”
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