James Harden teve atuação discreta pelo Philadelphia na semifinal da Conferência Leste da NBA — Foto: AFP
Se basquete fosse futebol brasileiro, seria comum dizer que James Harden é um dos principais nomes da geração 88/89 da NBA. O ala-armador é de uma leva de jogadores nascidos na mesma época que conta com nada menos que outros três astros de primeira grandeza: Stephen Curry, Kevin Durant e Russell Westbrook. Foi essa geração que colocou fim ao reinado de LeBron James nas eleições de MVP (Jogador Mais Valioso). Entre 2009 e 2013, o astro, atualmente nos Los Angeles Lakers, levou quatro dos cinco prêmios de melhor jogador da temporada regular.
De 2014 a 2018, essa geração 88/89 dominou a NBA. O último dos quatro a ser a MVP foi Harden, em 2018, atuando pelo Houston Rockets. Era o auge de um jogador que chamava a atenção em quadra pelas atuações e pela barba exuberante, uma verdadeira marca registrada. Quatro anos depois, atuando pelo Philadelphia 76ers, foi eliminado pelo Miami Heat na semifinal da Conferência Leste por 4 a 2 na série. No segundo tempo da partida, com sua equipe precisando diminuir a vantagem do Miami, tentou apenas dois arremessos. Errou ambos. Ainda teve de ouvir do companheiro de equipe, Joel Embiid, o seguinte comentário:
– Desde que o contratamos, todos esperavam o James Harden do Houston. Mas isso não é mais quem ele é. Ele é mais um armador de jogadas. Eu pensei que às vezes ele poderia ter sido mais agressivo, como todos nós poderíamos ter sido mais agressivo – afirmou o pivô, astro do time.
Aos 32 anos, James Harden se aproxima daquela sensação de decepção que marca a carreira de alguns astros da NBA. Não tanto pelo fato de não ter sido campeão da liga e talvez nunca ser – Karl Malone é conhecido como um dos melhores pivôs da história do esporte e nunca ganhou um anel. Mas sim pela queda de rendimento constante e, por isso mesmo, aparentemente irreversível.
Em quatro anos, a coisa desandou para o Barba e nem o movimento tão comum de alguns astros – juntar-se a outros nomes também de peso na mesma equipe – conseguiu frear a decadência. No começo da carreira, James Harden dividia os holofotes do Oklahoma City Thunder com Durant e Westbrook, outros representantes da geração 88/89. O time jovem e extremamente talentoso chegou à final da NBA na temporada 2011-2012. Perdeu para o Miami Heat de LeBron James. Insatisfeito com certa condição de coadjuvante, foi para os Rockets, onde seria o grande nome do time.
Entretanto, com o tempo, a franquia não conseguiu montar um time ao redor de Harden que o ajudasse a brigar pelo título. O ala-armador seguiu brilhando sozinho, viveu o auge com o prêmio de MVP em 2018, mas depois disso cansou. Voltou a jogar com Westbrook e não deu certo. Começou então a forçar a barra para deixar a equipe. Até que conseguiu e formou um time de peso, desses para ser campeão. Ano passado, juntou-se ao Brooklyn Nets de Kyrie Irving, campeão com o Cleveland Cavaliers, e Kevin Durant, bicampeão com o Golden State Warriors. Durant, antes, havia trocado o Oklahoma pelo supertime da Califórnia, do contemporâneo Curry. A geração 88/89 vivia se reencontrando e às vezes dava certo. Mas não deu para Harden.
Fraquezas
Os pontos fracos de James Harden ajudam a explicar porque ainda não teve o mesmo êxito de Durant e Curry. Dentro de quadra, as deficiências na defesa sempre foram um problema. Com o tempo, ele tentou minimizá-las, mas a verdade é que o jogador não tem muito gosto pela marcação. Além disso, ganhou a fama ruim de cavar faltas, tanto que os árbitros ficaram mais exigentes. Para completar, o pouco cuidado com a parte física sempre foi alvo de críticas.
Fora de quadra, é questionado por supostamente ser frequentador assíduo de casas de striptease. Durante o auge da pandemia, foi flagrado jogando notas de dólares para o alto em uma festa, sem máscara. Quando a recomendação era para os jogadores evitarem aglomerações.
Em 2020, James Harden gerou polêmica ao aparecer vestindo máscaras com símbolos que remetes às forças policiais mantendo a ordem na sociedade, justamente no contexto em que os EUA viviam protestos contra o assassinato do homem negro George Floyd.