Após dois ônibus serem queimados na noite da última segunda-feira (8 de janeiro) na avenida Amazonas, Belo Horizonte registrou, em apenas 8 dias, metade de todos os coletivos incendiados em todo o ano de 2023, segundo levantamento do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH). Nos 365 dias do ano passado, foram três veículos totalmente destruídos e um parcialmente queimado.
Na manhã desta terça-feira (9), as entidades que representam as empresas de transporte divulgaram uma nota em que condenam os atos de vandalismo registrados no dia anterior. “O Seguro de Frota contratado não cobre este tipo de dano, pois foi causado por um ato criminoso, ficando o prejuízo financeiro para o Sistema de Transporte. A reposição de cada um dos veículos significa um reinvestimento superior a R$ 800 mil”, informou o Setra-BH e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (SINTRAM).
Com isso, o prejuízo da manifestação promovida na noite de segunda chegou a R$ 1,6 milhão. Segundo o presidente do SetraBH, Raul Lycurgo Leite, além dos prejuízos para a população com a retirada dos veículos de circulação para manutenção, é a população quem é prejudicada pelo prejuízo financeiro.
“Em todos os atos de vandalismo contra o transporte público, o principal prejudicado é o passageiro. Os prejuízos não são apenas financeiros, com a retirada dos ônibus para manutenção, todo o sistema é afetado em suas operações cotidianas”, destaca Leite.
Ato após morte de traficante
A manifestação fechou a avenida Amazonas, no sentido Contagem, na altura do bairro Cabana do Pai Tomás, região Oeste de Belo Horizonte, no início da noite de segunda-feira. Dois ônibus foram incendiados e duas pessoas foram presas.
A manifestação seria uma represália à morte de Edgar Júnior, conhecido como “Riquinho”. Ele é suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas na região e teria morrido em uma ação policial no domingo (7 janeiro).
Equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar (PM) foram acionadas para o protesto. Devido à interdição da via, as linhas 30, 32, 33 e 35 foram desviadas para a avenida Tereza Cristina.
Em um vídeo, é possível ver um dos ônibus, que faz uma linha municipal, em chamas. Apesar dos danos materiais, não há registro de feridos.
Manifestantes atearam fogo em um ônibus na avenida Amazonas, na altura do bairro Cabana, região Oeste de Belo Horizonte, no início da noite desta segunda-feira (8). Em um vídeo, é possível ver o coletivo em chamas. Confira: pic.twitter.com/yQjUbEtBPa
— O Tempo (@otempo) 8 de janeiro de 2024
PM apura operação com morte
Procurada pela reportagem de O TEMPOa PM informou, por nota, que foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a morte registrada durante incursão policial no Cabana do Pai Tomás e que a Corregedoria da corporação acompanha o caso.
“Durante patrulhamento, a guarnição da Rondas Táticas Metropolitanas (ROTAM) recebeu informação a respeito de um cidadão, que teria envolvimento com o tráfico de drogas no bairro Vista Alegre. Chegando ao local, os policiais militares realizaram a abordagem de um suspeito, que portava arma de fogo. O indivíduo desobedeceu a ordem legal dos militares e reagiu a interpelação, momento em que efetuaram os disparos de arma de fogo para repelirem a iminente e injusta agressão. O autor foi imediatamente socorrido, indo, posteriormente, a óbito”, detalhou.
Com o homem morto, que seria um traficante, foram apreendidos uma pistola glock com 14 cartuchos de 9 mm, além de cerca de R$ 9 mil em dinheiro.
Nesta terça, o 5º Batalhão da PM, responsável pelo policiamento na região do Cabana, fez uma operação com o objetivo de “ocupar” o local e “garantir a segurança dos moradores”. “Foram cumpridos diversos mandados de busca e apreensão, em residências de criminosos locais, sendo desenvolvidas diversas estratégias de policiamento para a localidade”, detalhou.