Com dez mortes por dengue ao longo de 2023, Belo Horizonte viu os óbitos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti crescerem 900% em comparação ao ano anterior. Em 2022 a capital mineira tinha registrado, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), uma única morte, fazendo com que, no ano passado, o vírus matasse dez vezes mais.
Os casos confirmados de dengue também tiveram aumento expressivos na capital mineira. Se em 2022 foram 1.282 registros, este número saltou para 12.293, uma elevação de 858% de um ano para o outro. Apesar do aumento assustador nos números, mesmo sendo a cidade mais populosa do Estado, BH não lidera o ranking de casos no Estado.
Conforme o Boletim Epidemiológico de Arboviroses Urbanas (Dengue, Zika e Chikungunya), divulgado esta semana pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), a capital mineira ficou apenas em terceiro lugar no ranking das cidades com mais casos prováveis da doença. Nas duas primeiras posições aparecem as cidades de Uberlândia e Uberaba, ambas no Triângulo, com 28.014 e 14.848 casos respectivamente.
Em todo o Estado, o número de casos prováveis chegou a 408.595, sendo 315.618 deles já confirmados. Em 2022, o número foi de 90.844, o que levou a um aumento de 350% nos casos prováveis da doença em todos os 853 municípios mineiros.
A SES-MG foi questionada por O TEMPO sobre os valores investidos na prevenção à dengue no Estado, porém, até a publicação da reportagem, a pasta ainda não tinha se posicionado sobre os números da dengue em Minas.
Veja os sintomas e o melhor tratamento
Procurado por O TEMPOo infectologista Unaí Tupinambás explicou que o principal sintoma da dengue é a febre, que vem acompanhada de dores pelo corpo e nos olhos. “As pessoas com estes sintomas devem evitar o uso de anti-inflamatórios e medicamentos à base de Aspirina, ou ácido acetilsalicílico, para baixar a febre. Deve-se dar preferência ao uso de paracetamol ou dipirona”, alertou o especialista.
Ainda segundo ele, para além dos remédios para baixar a febre, o mais importante é a ingestão de líquido pelas suspeitas com suspeita de dengue. “Na fase inicial, o mais importante é a hidratação rigorosa. Tomar bastante líquido para manter a urina bem clarinha. Além de procurar o Posto de Saúde mais próximo para pegar outras orientações e ser acompanhado pela equipe”, orienta Tupinambás.
Precisa isolar a pessoa infectada?
Ainda conforme o infectologista, a principal forma de contaminação pelo vírus da dengue é a pessoa ser picada pelo mosquito Aedes aegypti. Portanto, a doença não pode ser passada de uma pessoa doente para outra saudável, mas, sim, apenas se o mosquito picar uma delas e, logo em seguida, a outra.
“Por isso é tão importante a população eliminar os criadouros neste período chuvoso, quando há acúmulo de água no quintal, em vasos garrafas, pneus. O povo precisa se engajar na limpeza dos lotes, do quintal”, concluiu Unaí Tupinambás.
Ações em BH
De acordo com a SMS, para manter a vigilância e o controle das arboviroses na capital, é importante e necessário que a população reforce os cuidados, para além das ações que já são desenvolvidas pelo município ao longo de todo o ano.
“Por isso há uma campanha de prevenção em andamento que propõe missões que devem ser seguidas por toda a família para a efetiva eliminação dos possíveis criadouros”, detalhou a secretaria municipal. As dicas de prevenção podem ser acessadas no site da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
Além disso, ainda conforme o município, os Agentes de Combate a Endemias (ACE) seguem vistoriando os imóveis de BH e orientando a população sobre os riscos do acúmulo de água, sendo que, em 2023, teriam sido realizadas 4,7 milhões de vistorias.
“Há também a aplicação de inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV) para o combate a mosquitos adultos em áreas com casos suspeitos de transmissão local e também após avaliação ambiental pelas equipes da Zoonoses. Em 2023 foram realizadas ações em mais de 45 mil imóveis. Outra importante ação é o monitoramento de focos por meio do uso de drones, que são utilizados para a captação de imagens e aplicação de larvicida diretamente nos locais de risco. Até o momento, foram realizados mais de 100 sobrevoos considerando as nove regionais do município”, completou a SMS.
Entre as ações usadas para conter o Aedes aegypti em BH também estão 1,7 mil armadilhas instaladas em pontos estratégicos e o uso da bactéria Wolbachia, que não pode ser transmitida para humanos ou animais, mas, ao contaminar os insetos, reduz a transmissão das doenças virais.