Walter Alves (MDB), vice-governador; Rogério Marinho (PL), senador; Jean Paul Prates (PDT), presidente da Petrobrás; Álvaro Dias (Republicanos), prefeito de Natal; Alysson Bezerra (União Brasil), prefeito de Mossoró. Esses nomes têm em comum um desejo, que nenhum deles expressa abertamente: ser governador do Rio Grande do Norte.
O vice-governador Walter Alves só pensa na renúncia da governadora Fátima Bezerra (PT) para ser candidata ao senado, pois só assim ele assumiria o governo, para ser candidato com a caneta de governador na mão. É na renúncia ou não da governadora Fátima que mora o problema de Walter. Entre eles paira uma desconfiança mútua, que apenas o tempo poderá dissipar. Enquanto isso, Walter vai fazendo a política possível na vice-governadoria, recebendo prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, lideranças do interior do estado, e fortalecendo o seu partido, MDB, na esperança de ser o candidato numa futura aliança com o PT.
O senador Rogério Marinho é o único que depende apenas da sua própria vontade. Em 2026 ele ainda tem mais quatro anos pela frente no Senado e pode arriscar com tranquilidade nessa eleição. Silenciosamente, Rogério vem reforçando o apoio ao seu projeto junto ao empresariado do estado. O seu suplente é o empresário, ex-presidente da Fiern, Flávio Azevedo, que sonha em ser senador de 2027 a 2030. Com a possibilidade de Flávio ser senador, a elite econômica do RN deve entrar com força na campanha de 2026, apoiando Rogério.Também em silêncio, o senador bolsonarista está ajustando apoios dos prefeitos do interior do estado. Em 2020 foi eleito apoiado pela quase totalidade dos prefeitos potiguares, beneficiados com emendas do orçamento secreto, que o então candidato e ex-ministro de Bolsonaro distribuía a rodo no estado.
O presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, está lambendo a rapadura na esperança de que Fátima Bezerra permaneça no governo do estado, comandando a sucessão. Nessa hipótese, Jean pode ser o candidato indicado pelo presidente Lula, mesmo estando no PDT. Isso aconteceria, porque hoje ele é uma pessoa da confiança do presidente da República, apesar de todos os bombardeios que sofreu para sua saída da estatal petroleira. Calado, está na curva da estrada política, esperando o cavalo passar para apear e sair candidato a governador. Permanecendo na presidência da Petrobrás até lá, Jean terá capacidade de mobilizar importantes apoios junto a grandes grupos financeiros do Brasil, para compensar o apoio que Rogério terá do empresariado potiguar em 2026.
O atual prefeito de Natal tem uma pedra no meio do caminho para chegar em 2026 como um candidato competitivo: a eleição de 2024. Sem eleger o futuro prefeito de Natal, sua chance de concorrer ao governo do RN em 2026 é mínima. Álvaro depende de um sucesso na prefeitura da capital do estado, para poder sair pelo interior como candidato a governador nos dois anos seguintes, em que ficará sem mandato. Esse é o dilema que Álvaro vive nas 24 horas do dia, pois seu candidato não pode sequer pensar em não ir a um provável segundo turno na eleição de Natal.
Já o prefeito de Mossoró, Alysson Bezerra, com uma administração bem avaliada pelas pesquisas, precisa ser reeleito em 2024 e contar com um vice de sua total confiança, para pensar em renunciar um ano e três meses depois, em abril de 2026, e ser candidato a governador. Por ser o mais jovem de todos esses nomes, Alysson deve também levar em consideração outras variáveis, como por exemplo, se vale a pena arriscar tão cedo o seu patrimônio político, ou se pode esperar mais um pouco para alçar voos mais altos no Rio Grande do Norte.
Eles só pensam naquilo e cada um deles trabalha à sua maneira, procurando pavimentar caminhos para chegarem a 2026 como candidatos ao governo do estado.
*Sávio Hackradt é jornalista e consultor político