As eleições para a presidência da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern) já começou a agitar os bastidores do segmento industrial no RN. Atualmente presidida por Amaro Sales, que está no terceiro mandato, com previsão de durar até outubro do ano que vem, a entidade pode ter novo mandatário. As movimentações já indicam dois nomes na disputa do cargo.
Segundo a assessoria de comunicação da Fiern, ainda não há data definida para a votação. “O processo só é deflagrado após publicação de edital pela presidência”, manifestou-se. No entanto, dois nomes que já fazem parte da diretoria, são os mais cotados até o momento para suceder Amaro Sales.
Fontes do AGORA RN apontam Sílvio de Araújo Bezerra, um dos atuais vice-presidentes da Fiern, e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Norte (Sinduscon/RN) e Roberto Pinto Serquiz Elias, do Sindicato das Indústrias de Cervejas, Refrigerantes, Águas Minerais e Bebidas em Geral do Rio Grande do Norte (Sicramirn), atual tesoureiro da Federação.
Por telefone, Bezerra afirmou que só poderia falar sobre a eleição após a publicação do edital. No entanto, confirmou a intenção de concorrer ao cargo máximo da Fiern. “Ligue ao presidente e pergunte quando sai o edital. Sou pré-candidato. Pretendo ser candidato se e quando o edital sair”, declarou. Por meio de assessoria de comunicação, Serquiz confirmou ser pré-candidato ao cargo de presidente, mas afirmou que só iria se manifestar após a publicação do edital para a eleição na Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte.
Questionada pela reportagem, a federação afirma que “as candidaturas serão registradas após lançado o edital com o passo a passo e os prazos do processo eleitoral”. Mesmo sem data, no certame terão direito ao voto um representante de cada um dos 30 sindicatos filiados à Fiern. De acordo com a Federação, as entidades representam mais de 600 empresas de vários segmentos industriais, cerca de 90% da indústria de transformação do Rio Grande do Norte e 80% das exportações do estado.
ATÉ 2023
Em 2019, três sindicatos ligados à Fiern contestavam uma mudança no estatuto da entidade que prorrogou o mandato da atual diretoria, que duraria até 2019. Segundo os autores da ação, uma assembleia realizada em setembro daquele ano para discutir o assunto decidiu esticar o mandato de Amaro apenas até 2023, mas a nova redação dada ao estatuto abriu brecha, de acordo com eles, para que os atuais diretores permanecessem no cargo para sempre.
No processo, os três sindicatos alegaram que, na assembleia, ficou claro que somente o atual presidente teria o mandato prorrogado – e por tempo definido: quatro anos. Como a mudança no estatuto não reproduziu o que ficou decidido, eles pediram que Amaro Sales fosse afastado, que o estatuto voltasse à redação original, que fosse anulada a assembleia e que fosse instalada uma “junta governativa” para deflagrar novas eleições.
Em decisão judicial, o juiz Manoel Medeiros, da 4ª Vara do Trabalho de Natal, decidiu manter no cargo o presidente da Federação, Amaro Sales. Com a decisão, o atual mandatário permanece no cargo até 30 de outubro de 2023. O juiz entendeu que, por haver consenso entre os sindicatos quanto à recondução de Amaro Sales a mais um mandato, não caberia o afastamento. “A vontade coletiva, naquele momento harmonioso, consistiu na prorrogação do mandato. (…) Os presentes estavam todos nessa linha. Sem maiores preocupações”, definiu.
Por outro lado, o juiz determinou uma nova alteração no estatuto. Ele decidiu que deve prevalecer a redação proposta na assembleia – que deixa claro que o mandato da atual diretoria (e apenas esta) será prorrogado até 2023, e não por tempo indeterminado. “É preciso manter a pureza da proposta original quanto à referência às datas que determinam o período da prorrogação”, anotou Manoel Medeiros.
Na sentença, o magistrado conclamou o industrial Flávio Azevedo – ex-presidente da Fiern, então adversário de Sales dentro da entidade e articulador da ação na Justiça do Trabalho – a praticar uma “oposição responsável”. Segundo o magistrado, essa posição deve ser “voltada (…) à realização da missão institucional da entidade”.
Na época, o presidente da Fiern e a diretoria declararam que receberam a decisão “com serenidade”. “Não há vencedores ou vencidos, tampouco espaço para rusgas. Há, isto sim, a necessidade de que a instituição esteja cada vez mais coesa e forte na defesa dos interesses da indústria potiguar, do desenvolvimento do Rio Grande do Norte – e é por esse objetivo que a atual diretoria da Fiern continuará lutando e despendendo esforços, na certeza de que conta com o empenho de todos os seus filiados”, dizia o comunicado.
Azevedo não atendeu às ligações da reportagem. Bira Rocha, outro ex-presidente da Federação, se negou a dar qualquer declaração vinculada à Fiern.