Presidente russo Vladimir Putin / Foto: Sputnik/Gavriil Grigorov/Kremlin via Reuters (17.nov.23)
As primeiras urnas para a eleição presidencial na Rússia abriram oficialmente às 17h, no horário de Brasília, desta quinta-feira 14 — 8h, no horário local, de sexta-feira 15.
Como a Rússia possui dimensões continentais e 11 fusos horários, as primeiras urnas estavam programadas para abrir no extremo leste do país, em Kamchatka.
A votação acontece entre sexta e domingo 17, no horário da Rússia. Os resultados serão divulgados logo em seguida e o vencedor será empossado em maio.
O pleito deve dar a Vladimir Putin um quinto mandato no poder, enquanto enfrenta adversários cuidadosamente selecionados pelo Kremlin e que não representam uma ameaça real à sua legitimidade.
Votação em locais extremos e até na Ucrânia
A votação acontecerá desde as regiões do Extremo Oriente, perto do Alasca, até ao enclave ocidental de Kaliningrado, na costa do Mar Báltico, incluindo partes ocupadas na Ucrânia, anexadas ilegalmente após a invasão lançada há mais de dois anos.
As últimas urnas serão fechadas em Kaliningrado, a mais de 7 mil quilômetros de Kamchatka, às 15h no horário de Brasília de domingo 17 – 20h, no horário local, do mesmo dia.
Em algumas áreas remotas e de difícil acesso, bem como em algumas partes ocupadas na Ucrânia, a votação começou no final de fevereiro.
Um sistema de votação remota online estará disponível pela primeira vez nas eleições presidenciais russas.
Vitória praticamente garantida
Com a maioria dos candidatos da oposição mortos, presos, exilados, impedidos de concorrer ou simplesmente com números simbólicos, a vitória de Putin, que tem sido, de fato, o chefe de Estado da Rússia desde antes da virada do século, está praticamente garantida.
A reeleição de Putin estenderia seu governo pelo menos até 2030.
Após as mudanças constitucionais em 2020, ele poderia então concorrer novamente e potencialmente permanecer no poder até 2036, o que o garantiria seu lugar como o governante mais longevo da Rússia desde o ditador soviético Joseph Stalin.
A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia aprovou apenas três candidatos para se oporem a Putin:
Leonid Slutsky, do Partido Liberal Democrático;
Vladislav Davankov, do Partido do Novo Povo; e
Nikolay Kharitonov, do Partido Comunista.
Todos os três homens são considerados satisfatoriamente pró-Kremlin e nenhum se opõe à invasão da Ucrânia.
É pouco provável que os candidatos da oposição, como eles próprios admitem, tirem muitos votos do presidente.
Slutsky, o candidato do Partido Liberal Democrático da Rússia (LDPR) e cujos gastos luxuosos foram expostos uma vez em uma das investigações de Navalny, disse que não apelaria aos russos para votarem contra Putin.
“Um voto em Slutsky e no LDPR não é absolutamente um voto contra Putin”, comentou.
Embora o partido no poder, Rússia Unida, tenha declarado o seu “total apoio” ao presidente, Putin concorre como candidato independente, se colocando acima da política partidária.
Dois proeminentes candidatos anti-guerra foram impedidos de concorrer. Yekaterina Duntsova foi rejeitada pela Comissão Eleitoral Central (CEC) por supostos erros nos seus documentos de registro.
Boris Nadezhdin submeteu mais tarde as 100 mil assinaturas necessárias para se opor a Putin, antes da CEC considerar, em fevereiro, apenas 95.587 delas como legítimas.
A eleição também ocorre pouco depois da morte de Alexei Navalny, o adversário mais formidável de Putin, numa colônia penal do Ártico, em 16 de fevereiro.