O deputado federal Rafael Motta, do PSB, continua sustentando sua pré-candidatura ao Senado se confiando na aliança eleitoral entre PT e PSB no plano nacional e no seu histórico de atuação parlamentar mais ligado à esquerda.
O jovem deputado, de apenas 35 anos, tenta legitimar sua postulação junto ao eleitorado de esquerda apontando que seu partido, com Geraldo Alckmin, ocupa o posto de vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência. Com isso, tenta se apresentar como o “senador de Lula”.
Neste cenário, Rafael tenta se estabelecer como alternativa a Carlos Eduardo Alves (PDT), candidato oficial do petismo, mas que tem dificuldade de se declarar “lulista” porque seu partido tem um candidato próprio a presidente – Ciro Gomes.
Até agora, o deputado tem obtido certo sucesso. Despontou bem nas pesquisas de intenção de voto e tem recebido simpatia de alas da esquerda e até do próprio PT, que oficialmente apoia Carlos. O ex-prefeito de Natal, enquanto isso, mergulha em um poço de incoerência. Num dia exalta Ciro, no outro posa para fotos com Lula.
O que Rafael Motta talvez não conta é que ainda não está totalmente descartada uma possível saída de Ciro Gomes da disputa, o que abriria caminho para Carlos Eduardo abraçar a candidatura de Lula. Embora ainda não formalizada, a retirada da pré-candidatura de Ciro Gomes segue fortemente especulada nos bastidores.
Na última quarta-feira 15, durante evento do PDT em Fortaleza, Carlos Eduardo declarou seu apoio a Ciro e garantiu que o presidenciável terá palanque no Rio Grande do Norte. Não era de se esperar outra coisa de Carlos Eduardo, principalmente por ser presidente do partido no Estado.
Mas a inviabilidade eleitoral de Ciro pode fazer o jogo mudar a favor de Carlos Eduardo. Pesquisas têm mostrado que o pedetista não passa dos 10%. Sem crescer, o ex-ministro pode ser forçado a retirar sua pré-candidatura, em prol do maior objetivo para a esquerda como um todo, que é a derrota de Jair Bolsonaro (PL) e vitória de Lula já no primeiro turno. Sem Ciro na disputa, essa chance passa a ser real.
Se a desistência de Ciro for formalizada, a situação muda completamente de figura no Rio Grande do Norte. Sem candidato próprio a presidente, Carlos Eduardo ficaria totalmente livre para declarar apoio a Lula já no 1º turno, colhendo para si os dividendos eleitorais de Lula, que poderia até aparecer no programa eleitoral do pré-candidato ao Senado. Assim, como ficaria o discurso de Rafael, que hoje se apresenta como o único que pode vestir a embalagem petista?
Isso sem falar na comparação de currículos que inevitavelmente Carlos Eduardo fará. E, em que pese a performance elogiada de Rafael Motta, o ex-prefeito larga na frente por ter sido prefeito de Natal por quatro mandatos, deputado e secretário. E ainda o apoio formal do PT no Estado.
A aposta de Rafael, neste caso, iria por água abaixo e lhe custaria a reeleição para deputado federal.