O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Edson Fachin afirmou que “é hora de dizer basta” aos ataques feitos ao processo eleitoral brasileiro e ao sistema das urnas eletrônicas, durante evento na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele disse que a Justiça Eleitoral e seus representantes são “atacados com uso de má fé” e criticou o “envolvimento da política internacional”.
“Ainda mais grave é o envolvimento da política internacional e das Forças Armadas, cujo relevante papel constitucional a ninguém cabe negar como instituições nacionais, regulares e permanentes do Estado, e não de um governo. É hora de dizer basta à desinformação e ao populismo autoritário que coloca em xeque a Constituição de 1988”, falou.
Fachin afirmou, sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL), que uma personalidade importante vem tendo um “inaceitável negacionismo eleitoral” e considerou como “muito grave” as acusações de fraude no processo eleitoral de 2018. “Mais uma vez, sem apresentar provas. As entidades representativas como a OAB e a própria sociedade civil precisam fazer sua parte na garantia de que a democracia seja preservada”, relatou.
“É preciso a união da sociedade no combate ao negacionismo. É importante a sociedade civil e o cidadão entenderem que esse tipo de desinformação pode continuar, uma vez que ao negacionismo não interessa as provas incontestes e os fatos. Precisamos nos unir e não aceitar sem questionarmos a razão de tanto ataque. Sempre estivemos abertos ao diálogo, com a condução disciplinada e educadora com intuito de informar ao eleitorado a respeito do processo eleitoral e a função e capacidade do TSE e justiça eleitoral como um todo, sua segurança, transparência e eficácia”, disse.
Tensão e série de ataques feitos por Bolsonaro e apoiadores
Desde que foi eleito, Jair Bolsonaro insiste que o sistema de votação é frágil e até mesmo que as eleições de 2018, as mesmas que o elegeram presidente da República, foram fraudadas. Além de lançar dúvidas sobre as urnas eletrônicas, ele também causou tensão entre os Poderes ao sugerir que as Forças Armadas fizessem uma apuração paralela na contagem de votos.
Com direito a um Power Point, Bolsonaro se reuniu com embaixadores no Palácio da Alvorada para, em suas palavras, mostrar a “realidade” das eleições de 2014 e 2018. O presidente tem feito reiterados ataques às urnas eletrônicas, afirmando que houve fraude. A informação não é verdadeira, e inclusive já foi desmentida pelo TSE.
Bolsonaro prosseguiu na investida contra o processo eleitoral afirmando querer “eleições limpas”. “O que eu mais quero para o meu Brasil é que a sua liberdade continue a valer também depois das eleições. O que eu mais quero por ocasião das eleições é a transparência. Nós queremos que o ganhador seja aquele que realmente seja votado. Nós temos um sistema eleitoral que apenas dois países do mundo usam”, alegou.
Em outra alegação sem provas, disse que dezenas de vídeos das eleições de 2018 mostram que o eleitor “ia votar em 17 do Bolsonaro e não conseguia votar. Ia apertar o 7 não conseguia. Aparecia o 3”, emendou em referência ao 13 de Lula.
Bolsonaro então repetiu críticas a ministros do TSE e do STF, afirmando que Barroso e Fachin “começaram a andar pelo mundo atacando-o” e que Fachin foi o responsável por “soltar Lula”.