Diogo Almeida se apresenta em Natal. Foto: Divulgação
O comediante Diogo Almeida chega a Natal neste sábado 16 para apresentar o show “Vida de Professor II – Segunda Chamada”. O espetáculo é sobre o cotidiano dos professores e profissionais da área da educação e suas particularidades. Nesse novo show, Diogo conta histórias do dia a dia nas escolas, fala sobre as peripécias que fazia quando ainda estudava, sobre a relação com sua mãe professora e ainda sobre a relação com colegas de profissão.
São as famosas “Histórias Pedagógicas” contadas no palco de forma descontraída para levar a plateia ao riso. A apresentação começa às 20h, no Teatro Riachuelo. Diogo Almeida é formado em Rádio e TV e Jornalismo, tendo entrado para a vida docente há seis anos, ministrando aulas para jovens e adolescentes.
Além de ministrar aulas, atuou na coordenação pedagógica e foi casado com uma professora, por isso possui muita afinidade e identificação com a vida dos professores. À Cultue, ele fala sobre a expectativa para o espetáculo e sobre as “pérolas” que viveu dentro das salas de aula. Confira:
Revista Cultue – Ter cursado Jornalismo e ministrado aulas foram pontos que ajudaram no seu processo comunicativo?
Diogo Almeida – Sem dúvida nenhuma ter feito um curso na área de comunicação social e também a sala de aula me trouxeram elementos para enriquecer a história. Eu acho que hoje eu me tornei um bom contador de histórias, que consegue ilustrar bem, de uma maneira cômica as histórias que eu conto graças a esses dois fatores.
Cultue – Em que momento surgiu seu interesse pela comédia?
Diogo – Meu interesse pela comédia sempre existiu, sempre consumi, e desde que eu me entendo por gente gosto de filmes de comédia. Como fazedor de comédia, como alguém que queria realmente fazer comédia, o interesse veio mais propriamente dito quando eu fui em um stand up comedy ao vivo e pensei ‘nossa, que legal!’. Lá em Curitiba, conheci um bar que se chama ‘Curitiba Comedy Club’, que foi onde eu tive meu primeiro contato.
Cultue – Ensinar adolescentes e jovens deve ter sido uma experiência extremamente importante, mas também cômica. Esses anos foram inspiração para o espetáculo, além da sua própria vivência como estudante?
Diogo – Ensinar adolescente sem dúvida nenhuma é muito intenso, lidar com adolescente e com criança é muito intenso, muito espontâneo e muito autêntico. Então, as pérolas que saem de uma sala de aula com crianças e com adolescentes… me recordo de uma vez que eu estava ensinando o português básico, ia trabalhar redação e queria que eles relembrassem o básico de português e eu lembro até hoje que eu perguntei ‘alguém sabe o que são dissílabos?’ e um deles falou que sabia, e respondeu ‘dissílabos são os que andavam com Jesus’. [risos] Isso é algo que nunca mais se esquece, então essa convivência sem dúvida nenhuma pra mim é maravilhosa nesse sentido da comicidade. Assim como, as pessoas que não são professores vão ao show e na condição de aluno eles se identificam com as histórias.
Cultue – Recentemente, você lançou o livro “Elvis – O som da inclusão”, sobre um aluno autista. De onde veio a ideia?
Diogo – Acho que tenho um quê no meu inconsciente que é da minha família. Eu tenho um irmão com deficiência física, ele não está dentro do espectro autista, mas como ele tem uma deficiência física, percebo nele a invisibilidade, percebo a anulação de mundo, percebo o processo de construção de autonomia, que é muito mais desafiadora numa pessoa com deficiência, percebo a família que tenta superproteger para não expor e tudo isso acontece também com outros transtornos. Então, eu acho que a minha inspiração pro livro vem um pouco daí e vem também da troca com os professores e com os profissionais da educação que relatam que cada vez é maior o número de alunos com uma deficiência física, ou dentro do espectro autista, e eu quis abordar isso de uma maneira leve. Mas eu queria deixar claro nessa história que é possível rir com a pessoa com deficiência, e não dela, não rir da dor.
Cultue – Sua presença nas redes sociais é forte. Como é criar conteúdo e como é a resposta do público, há muita identificação?
Diogo – A rede social hoje é minha vitrine. Criar conteúdo frequentemente e conteúdo novo é um desafio, acho que esse é o grande desafio da profissão. Quando veio a pandemia, a gente teve que se adaptar, os professores tiveram que ir para o ambiente online e eu tive que retratar isso de uma maneira engraçada. Em seguida, os professores voltaram para o presencial e eu tive que retratar isso de uma maneira lúdica e crítica também. Então, acho que o meu desafio é manter o meu público atualizado através de uma narrativa cômica, e isso me encanta, me motiva. A base do meu humor, a base do stand up comedy é a identificação, então acho que 99% do meu show é isso. A pessoa se sente extremamente identificada com aquilo que está sendo falado e, quando a identificação é feita de uma maneira bem sucedida e engraçada, quando você consegue colocar a pessoa naquele lugar de percebimento, aí é sucesso.