A Cidade da Esperança, na Zona Oeste de Natal, é um berço de artistas talentosos que se destacam atualmente na cena do hip hop e já presenteou a cultura potiguar com músicos como Carlos Alexandre e Tiquinha Rodrigues. Por ser um bairro mais afastado do centro da capital, muitas vezes é esquecido e assolado por preconceitos obsoletos. No entanto, nos últimos anos, batalhas de MCs e rappers movimentaram o Teatro de Arena, também conhecido como a “Rodinha do Padre”.
O Teatro foi palco histórico para o desenvolvimento cultural de Natal. Lá, surgiram em 1980 os grupos teatrais “Fala Esperança” e “SOS Esperança”, que eram compostos pelos próprios residentes do bairro, além de contar com várias apresentações do “Circo da Luz”, anteriormente chamado de “Circo da Cultura”. A “Batalha da Esperança” (movimento da cultura hip hop), Movimento Síntese Urbana (MSU) e a “Batalha de Passinho” (de brega funk) são exemplos recentes de movimentos socioculturais que mantiveram viva a essência artística do bairro e conseguiram reduzir a marginalização de jovens na região.
Puxado pela importância do ambiente, surge o projeto “Cenas da Periferia” – que promoveu a revitalização do lugar, com reparos na alvenaria, reforma do muro, pintura, mutirão de grafi te e a ainda a construção de uma pista de acessibilidade. E foi justamente no Teatro da Arena que foi gravado o festival Cenas da Periferia, que será transmitido no canal do YouTube de Diniz k9 na próxima quarta-feira 4, às 19 (www.youtube. com/DinizK9TV).
Gravado em junho passado de forma segura no Teatro Arena, seguindo todos os protocolos de segurança sanitária recomendados para o momento de pandemia, o festival traz uma programação musical de destaque. Entre as atrações, estão Diniz K9, Alê du Black, CazaSuja, Mano Edu, Pretta Soul, DJ Samir, além de batalha de rima e ofi cina de break. O artista Diniz K9, formado em licenciatura em Música pela UFRN, carrega uma enorme bagagem cultural. Cresceu na Zona Oeste da cidade em uma família musical e hoje traz o “Pagotrap”, um ritmo criado a partir da mistura entre as rimas do rap e do trap e as batidas do típico pagodão nordestino.
Inspirado pelo rapper brasileiro Emicida, Diniz K9 traz letras com mensagens de cunho social e que enaltecem a vivência efervescente da arte em Natal. Compositor das próprias rimas, o jovem já lançou o primeiro álbum, intitulado “Camisa 9 do Bairro”. As doze canções autorais trazem o brega funk, rap, pagode e funk e participações de outros artistas do Rio Grande do Norte. “O trabalho teve como fator base a necessidade de
traduzir as vivências de um ou uma jovem de periferia que, independente das dificuldades, segue em busca dos próprios sonhos e objetivos. Aquela pessoa que enfrenta os obstáculos e faz acontecer”, disse o artista ao Agora Entrevista.
Diniz K9, que participa da produtora potiguar NavNoar, reconhece a importância da colaboração e parceria existentes entre os artistas locais. “Desde o começo, estamos envolvidos com as comunidades, sempre somando. Temos a missão de fomentar a arte e produzir vídeos. Já participamos de vários clipes desde a nossa criação, em 2018, e também da realização de projetos culturais”, ressaltou Jônatas Barbalho, mais conhecido como JNTS. “O Festival vem para enaltecer todos os elementos dessa cultura. Vai ter DJ, batalha de rima, uma galeria de arte com o grafite feito, Traz uma representatividade forte através dos artistas participantes. Pretta Soul e Cazasuja, por exemplo, chegam com uma irreverência gigante. Vamos ter o prazer de ver todo mundo junto”, frisou Diniz K9.
O projeto “Cenas da Periferia” tem realização da HD Produções e Lucas Diniz, com recursos da Lei Aldir Blanc Rio Grande do Norte, Fundação Jose Augusto, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal; com apoio Sherwin-Williams, Rede Mais e NavNoar (@nav.noar no Instagram).