CELEBRAÇÃO
Conheça o Afoxé Olorum Baba Mi, que comemora 45 anos neste domingo (28)
Aniversário foi comemorado com festa no Santo Antônio Além do Carmo
Publicado em 28 de abril de 2024 às 19:13
Festa celebra os 45 anos do Afoxé Olorum Baba Mi Crédito: Marina Silva/CORREIO
No final da década de 1970, um grupo de amigos resolveu criar uma agremiação no bairro da Caixa D’Água, em Salvador. O objetivo era mostrar a cultura da comunidade nos desfiles do Carnaval. Com o passar dos anos, o Grêmio Comunitário Cultural Olorum Baba Mi se fortaleceu e resiste através de ações sociais e apresentações. Neste domingo (28), associados se reuniram para celebrar os 45 anos do afoxé que luta pela preservação das raízes afro-brasileiras.
O espaço escolhido para a confraternização foi a sede de um afoxé parceiro, o Filhos de Korin Efan, no Santo Antônio Além do Carmo, que ficou cheia. Membros fundadores foram homenageados e apresentações musicais animaram o público. O tradicional caruru também foi servido ao longo da tarde e da noite.
Entre os integrantes mais antigos do Olorum Baba Mi está Josué do Baba, que participou da fundação do afoxé. “São muitos anos de agremiação e atividade do nosso grupo. O objetivo sempre foi fortalecer a comunidade, através da ligação com as religiões de matriz africana. A luta contra a intolerância religiosa faz parte da nossa história”, diz.
No bairro Caixa D’Água, onde o afoxé é atuante até hoje, são realizadas ações sociais que enaltecem a cultura afro-brasileira e promovem a inclusão de jovens em situação de vulnerabilidade. De origem iorubá, o nome do afoxé significa “Deus, Meu Pai”, marca da ligação ancestral dos fundadores.
“O afoxé surgiu na comunidade e foi fundado não só como uma forma de entretenimento, como muitas pessoas acreditam. Desde o início, ele foi pensado para resgatar e salvaguardar a vida de pessoas negras da periferia. O Carnaval é o momento no qual manifestamos a nossa cultura na avenida e resgatamos nossa ancestralidade”, explica Samile Vitória Santos, secretária do Olorum Baba Mi.
Lucimar Santos começou a fazer parte da agremiação aos 8 anos e hoje é presidente do afoxé Crédito: Marina Silva/CORREIO
Grupo comunitário, agremiação e afoxé. As nomeações são variadas, mas todas caracterizam o movimento cultural que leva o candomblé para as ruas da cidade. As danças típicas das religiões de matriz africana, as indumentárias, os cantos e o som da percussão não poderiam ficar de fora da comemoração.
“Os afoxés nasceram dentro do candomblé e foram para a rua. O movimento tem que ser sempre protegido. Nossa cultura são os nossos saberes”, disse Lucimar Santos, que é presidente da agremiação desde 2011. Ao longo dos 45 anos, o afoxé tem resistido às dificuldades, como conta Lucimar.
“Nós enfrentamos dificuldades financeiras para fazer nossos projetos. Outro problema é a segurança. Antigamente, nós fazíamos ensaios nas comunidades, as ruas ficavam cheias, mas hoje, infelizmente, por causa da insegurança, não temos como assumir a responsabilidade de fazer grandes eventos abertos”, lamenta a presidente. “Mesmo diante de tudo isso, é gratificante que estejamos firmes até hoje”, emendou.