O processo de descomissionamento das barragens B3 e B4 em Macacos, na região metropolitana de Belo Horizonte, está sendo realizado através da escavação dos locais onde grande parte dos rejeitos ainda está depositada, com os rejeitos a seco sendo levados e depositados em morros próximos, de altura semelhante a um prédio de quinze andares.
Espera-se que esse novo empilhamento esteja fundamentado em laudos técnicos, assinados por engenheiros e geólogos mais competentes do que os que trabalharam na Samarco e na Vale de Brumadinho, nos períodos que antecederam os rompimentos das barragens que resultaram na morte de quase 300 pessoas e que ainda estão soltos, sem consequências aparentes.
Uma questão que deveria ser abordada diz respeito aos laudos de estabilidade e seu conhecimento pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Por que não há uma exigência na norma que credencia os escritórios e profissionais que realizam tais laudos para que eles sejam depositados na Agência e nos órgãos de fiscalização assim que forem concluídos?
O caso do laudo emitido pela Walm Engenharia é um exemplo: o laudo encomendado foi concluído em 20 de outubro de 2020 e somente três anos depois foi enviado à ANM. Empresas com o histórico da Samarco deveriam ser fiscalizadas de perto pelos órgãos competentes. Em Mariana e Brumadinho, como disse uma autoridade do Judiciário, “a Vale ficou com os lucros e a cidade com os mortos”. E novamente alertamos: todos os culpados estão impunes.