Presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução
Agir civicamente e não tardiamente
Na Segunda Guerra, a mídia internacional foi a primeira a não dar qualquer atenção ao massacre de milhares de judeus em campos de concentração na Polônia.
Muito antes que essas estruturas macabras fossem construídas e as bombas começassem a cair em Londres, a perseguição movida por Hitler aos cidadãos judeus na Alemanha também não sensibilizou a opinião pública mundial.
Mesmo os alemães com amigos judeus ficaram insensíveis ao terror que se instalara ali em nome de seu próprio bem estar. Afinal, cada judeu que caía em desgraça era uma oportunidade a mais que se abria a um alemão não judeu.
Quando as forças aliadas se deram conta já estavam diante de milhões de corpos apodrecidos nos muitos campos de concentração na Alemanha e na Polônia.
Nesse ponto, o holocausto é um capitulo totalmente à parte da Segunda Guerra Mundial, pois já estava traçada no Mein Kampf, livro de Hitler de 1925, escrito 14 anos antes da eclosão do conflito e sete anos depois do fim da Primeira Grande Guerra da qual o futuro führer alemão participara como um soldado obscuro.
Mas entre essa época e a ascensão na política de Hitler é que repousa a reflexão mais relevante e a comparação possível com os discursos de ódio e a apropriação do aparelho do Estado que acompanhamos hoje no Brasil numa velocidade espantosa.
Nunca no Brasil, depois do regime militar finalizado em 1985, um mandatário, sem expressão política até a sua eleição, conseguiu como agora aparelhar tão rápido as instituições de Estado a partir de uma postura sindical de amparo às Forças Armadas e aos setores armados de segurança.
Não que o Brasil vá se aparelhar para propor um novo conflito mundial; mas o retrocesso institucional que o país vive hoje, obtido em apenas dois anos e meio de um governo de extrema direita, mostra que o País ainda está frágil em muitas de suas instâncias democráticas.
Com um orçamento disputado em nacos generosos por uma parte dos políticos, uma elite estatal absolutamente focada em não perder e até ampliar privilégios e parte da elite empresarial agarrada pragmaticamente ao governo federal, o futuro de um projeto insano de poder, sem governança, é cada dia mais palpável.
Não é como a visão de bombas a que nos habituamos a ver nos documentários sobre a Segunda Guerra, mas o resultado é simbolicamente o mesmo.