Mesmo no Carnaval, período em que muitas pessoas viajam, as unidades de saúde voltadas para o atendimento de pessoas com dengue estão lotadas. Neste domingo (11), dezenas de pessoas foram atendidas no Centro de Atendimento às Arboviroses (CAA), no bairro Santa Efigênia, na região Centro Sul de BH. No sábado (10), a reportagem de O Tempo também acompanhou a Central de Hidratação, no Eldorado, em Contagem, que esteve cheia de pacientes durante todo o dia.
No mesmo local do CAA, também está funcionando como Posto Médico Avançado, para atendimento de foliões durante o Carnaval, poucos são os atendimentos ligados à festa. A grande maioria dos pacientes busca atendimento com sintomas de dengue.
Para o centro especializado foi transferido o neto da aposentada Ana Maria dos Santos, de 70 anos. O adolescente de 14 anos teve febre, dor de cabeça e dor no fundo dos olhos na terça-feira (6). A avó levou ele para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) próximo à casa deles, no bairro São Lucas, mas devido à gravidade dos sintomas, o menino foi transferido para o CAA.
“Estou ficando aqui dia e noite, não deixo ele sozinho. Eu fiquei desesperada, só não demonstrei para ele não sofrer mais ainda”, relata. Neste domingo (11), os sintomas do adolescente já aliviaram e a expectativa da família é que ele receba alta em breve.
Um funcionário do local confirmou que ao longo dos últimos dias, o centro tem ficado lotado de pacientes com sintomas de dengue. “Aqui é ponto de referência da dengue, então muitos vem direto aqui, mas é bom lembrar que o atendimento pode ser feito em qualquer unidade”, reforça.
Alerta em Contagem
Por volta das 17h, quando a reportagem chegou à Central de Hidratação, em Contagem, a senha de atendimento estava no número 90. Na recepção, algumas pessoas aguardavam para serem assistidas. Uma funcionária, que não quis se identificar, contou que dentro da unidade, ao menos 12 pacientes esperavam para consultar com o médico, e aproximadamente outros 30, estavam na sala de hidratação. Outras duas pessoas, em situação mais delicada, estavam nas enfermarias recebendo medicação. Sem contar aquelas que já haviam sido liberadas para seguir com os cuidados básicos em casa.
Carlos Alberto Faria, de 35 anos, disse que tinha chegado no local por volta das 14h30. Com febre alta, dor de cabeça e no corpo, ele estava acompanhado da mãe, Lindéia Aparecida de Faria, 60, que também estava com os sintomas. “Minha mãe ainda tinha manchas no corpo. Quando chegamos aqui, fomos direto para triagem, aguardamos uns 15 minutos para conversar com o médico. Eu não precisei tomar medicamento nem fazer exames, mas ela sim. Porém, foi tudo muito rápido, e já fomos liberados para casa.”
A dona de casa Maria das Dores Ferreira, de 78 anos, foi diagnosticada com dengue há dois dias. “Fiquei uma semana de cama. Agora, graças a Deus, estou mais tranquila. Mas tenho que vir aqui todos os dias para conferirem minhas plaquetas, porque ainda estão muito baixas. Ainda bem que não moro muito longe, e meu filho vem comigo porque tenho dificuldade para caminhar. Mas o pessoal aqui atende a gente super-bem,” enfatizou Maria.
O adolescente Nicolas Oliveira, de 16 anos, também já tinha recebido o diagnóstico há dois dias. No entanto, ele foi para casa e mesmo seguindo com os cuidados indicados, os sintomas não aliviaram. “Ele continuou vomitando, sentindo dores e passando muito mal. Por isso, hoje a gente teve que voltar de novo para ver o que está acontecendo,” contou a mãe de Nicolas, Adriana Reis, 49.
Dengue em Minas
Ao menos dez municípios de Minas Gerais já decretaram situação de emergência devido ao aumento de diagnósticos de dengue. O Estado já tem 12 mortes confirmadas pela doença, segundo o painel de monitoramento de casos da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) atualizado na última quinta-feira (8 de fevereiro). Até 9 de fevereiro, Minas contabilizava 54.634 casos de dengue e 12.498 diagnósticos de chikungunya, além de um óbito.