Tumulto começou após o apito final e envolveu jogadores, torcedores, comissões técnicas e até gandula
A partida entre Democrata, de Sete Lagoas, e Guarani, de Divinópolis, disputada na noite desta segunda-feira (16), pela nona rodada do Campeonato Mineiro da Módulo II, tinha tudo para ter sido em clima festivo, já que o duelo marcou a volta da torcida na Arena do Jacaré. Porém, após o apito final, o que se viu foram cenas lamentáveis com briga, confusão generalizada e acusações racistas.
O ex-jogador Roberto Gaúcho, técnico do Guarani, e jogadores da equipe do centro-oeste acusam torcedores da equipe setelagoana de ato racista, o que teria ocasionado a briga envolvendo atletas, torcedores e até um gandula da partida, vencida pelo time da casa por 1 a 0, com gol de Carciano, aos 46 minutos do segundo tempo.
Após as acusações, o Democrata publicou, na tarde desta terça-feira (17), nota de repúdio contra qualquer ato racista. “O clube realiza e participa, de forma recorrente, de campanhas de combate ao racismo e todo e qualquer tipo de preconceito. Manifestamos nosso apoio ao atleta e nos colocamos à inteira disposição”, diz trecho da nota.
Segundo apurou o SuperFC com pessoas que estiveram no jogo, desde o início da partida, torcedores do Democrata começaram a pegar no pé do jogador Rendell, camisa 8 do Guarani. Após o gol do time da casa, já nos acréscimos, a torcida ficou mais acalorada e provocou mais ainda Rendell e outros jogadores da equipe de Divinópolis. Após o apito final, Rendell chutou a bola em direção a um dos gandulas, que revidou. A partir daí, a torcida inflamou.
Na caminhada até os vestiários, copos, cuspis e palavrões foram direcionados a jogadores do Guarani e a Rendell, que revidou e respondeu a torcida de forma acentuada. Foi aí que Roberto Gaúcho, técnico da equipe, voltou para o gramado e pediu aos torcedores e jogadores para se acalmarem, momento que ele foi respondido e também revidou com xingamentos e palavrões.
O que era para ser festa com a volta da torcida, virou isso aí. Lamentável o que vimos no jogo entre Democrata, de 7 Lagoas, e Guarani, de Divinópolis. Após o jogo, o pau quebrou. Jogadores do Guarani acusam torcedores do Democrata de racismo, o que teria começado a confusão. pic.twitter.com/VRAWHtGWMz
— José Luiz Júnior (@jluiz_junior) 17 de agosto de 2021
Na súmula, o árbitro Hieger Tulio Cardoso, cita que Roberto Gaúcho teria sido agredido por Thiago, camisa 19 do Democrata, e, por isso, o jogador teria sido expulso.
Em contato com Roberto Gaúcho, o treinador negou a agressão, disse que foi tratado como ídolo por parte dos torcedores, mas acusou os torcedores do Democrata, sem citar nomes, de ato racista contra jogadores do Guarani, o que, segundo ele, gerou a confusão.
“Estou no avião, não posso falar muito. Nem eu nem ninguém foi agredido. Torcedores do Cruzeiro me trataram como ídolo da nação azul! Não tem nada para falar da torcida, foi racismo! Por isso deu a confusão toda, ok, abraço amigo”, limitou a dizer.
Na sequência, Roberto Gaúcho informou que os direcionamentos teriam sido aos dois atacantes do Guarani, mas também não disse que o teria sido falado a eles.
“(xingaram) Robinho e brendon, nossos dois atacantes negros. Aí começou a confusão toda. Eu já estava descendo pro vestiário, quando voltei, já estava o tumulto todo, em frente ao nosso banco, Alguns jogadores chorando, muito triste. Somos todos iguais”, finalizou Roberto Gaúcho.
O atacante Brendon Woshington, do Guarani de Divinópolis, usou as redes sociais para lamentar o ocorrido. Na legenda da foto, publicada no instagram pessoal, o camisa 11 do Guarani disse que sofreu mais uma vez “o famoso racismo” e que por diversas vezes um torcedor do Democrata o teria chamado de “macaco”.
Veja a publicação de Brendon:
Veja o que diz a nota do Democrata:
O Guarani também publicou nota lamentando os fatos. “Não aprendemos nada”.
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