Até junho deste ano, foram 206,6 mil atendimentos em postos, ante 109,6 mil no mesmo período de 2020
“Tempo seco, frio, bateu um ventinho, e ele já começa a piorar”, diz a jovem, apenas mais uma entre as mais de mil pessoas que procuram as unidades de saúde da capital diariamente por causa de doenças respiratórias.
A procura tende ainda a aumentar nos próximos dias devido à massa de ar seco, que deixa o índice de umidade relativa do ar abaixo de 30% na capital até a próxima quinta-feira, conforme alerta emitido ontem pela Defesa Civil.
“Quando a gente fala em umidade relativa do ar, falamos do conteúdo de vapor d’água na atmosfera, que varia de 0 a 100. Cem por cento seria você estar em um nevoeiro, e, geralmente, o deserto tem umidade relativa do ar entre 10% e 12%. O ideal, segundo a Organização Mundial da Saúde, é acima de 60%”, explicou o meteorologista Ruibran dos Reis.
Agravante
Com o tempo seco, as doenças respiratórias se tornam mais frequentes, principalmente em crianças e idosos. “As crianças têm um sistema imunológico ainda não formado e uma anatomia que favorece quadros mais graves. E os idosos têm uma imunidade mais debilitada por conta da idade”, pontuou a pneumologista pediátrica e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lais Meirelles Nicoliello Vieira. “Doenças respiratórias são aquelas que vão acometer o trato respiratório, desde a via aérea alta (narinas, faringes) até os pulmões (os brônquios, bronquíolos e alvéolos)”, detalhou Lais.
Outro agravante é que o tempo seco favorece a propagação de vírus, como o coronavírus. A pneumologista alerta que, em tempos de pandemia, é necessário ficar atento e procurar atendimento médico. “Não dá mais para saber quem está resfriado com algum vírus de antigamente ou com a Covid. Qualquer paciente que tenha esses sintomas respiratórios pode ter contraído Covid e deve ter atendimento médico, nem que seja online”, completou a médica.
Secretaria diz que faz vigilância para detectar vírus
De janeiro de 2021 até ontem, 1.557 pessoas firam internadas por causa de doenças respiratórias em BH, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). O órgão não informou o índice do ano passado, mas diz que realiza a vigilância dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos hospitais e nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) para monitorar o estado de saúde dos pacientes e também o vírus predominante em cada inverno.
“Vem sendo realizado manejos adequados dos usuários para diminuir o risco de transmissão de Covid-19 e demais síndromes respiratórias ou até mesmo o agravo dos pacientes”, completou o órgão, em nota.
A comerciante Luana Patrícia dos Santos Ferreira, 28, conta que teve o filho de 6 anos internado há quatro meses com crise asmática. “Ele ficou quatro dias internado e, agora, precisa fazer tratamento com pneumologista. Com o tempo seco, aumenta a preocupação: não deixo ficar na rua por causa da poeira e guardo os brinquedos de pelúcia e as cortinas da casa”, afirmou Luana.
Doenças respiratórias em alta
Número de atendimentos em centros de saúde de BH
JANEIRO a JUNHO de 2020: 109. 699
JANEIRO a JUNHO de 2021: 206.646
Aumento de 88%
JULHO DE 2021 (até dia 19): 19.081 atendimentos
*Média de 1.004 atendimentos/dia
Número de internações por doenças respiratórias
De janeiro de 2021 até ontem: 1.557
Saiba como não ficar doente
Evite locais aglomerados e fechados.
Lave bem as mãos com água e sabão e use álcool em gel.
Lave o nariz com o soro fisiológico, duas vezes ao dia.
Evite usar ar condicionado, que pode ressecar a vias áreas e piorar algumas doenças, como a rinite.
Hidrate-se durante o dia.
Prefira alimentos leves e frescos, como saladas, frutas, carnes grelhadas.
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Evite atividades físicas ao ar livre e exposição ao sol entre às 10h e 17h.
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Evite banhos com água quente para não potencializar o ressecamento da pele, se necessário use hidratante.
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Fontes: Defesa Civil de Belo Horizonte e Lais Meirelles Nicoliello Vieira, pneumologista pediátrica e professora da UFMG
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