Ficou decidido durante a audiência preliminar do processo que envolve a morte da escrivã Rafaela Drumond que o delegado Itamar Cláudio Netto, investigado no caso, deverá pagar multa de R$ 2 mil, conforme acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A audiência de conciliação foi realizada nesta segunda-feira (27 de novembro) no Juizado Especial da Comarca de Carandaí. A jovem foi encontrada sem vida no último dia 9 de junho.
O delegado Itamar Cláudio Neto foi acusado de condescendência criminosa nos casos de assédio moral e sexual. O delito ocorre quando um responsável deixa de responsabilizar o subordinado que cometeu alguma infração no exercício do cargo ou quando não comunica o fato ao conhecimento da autoridade competente. O valor da multa que será paga pelo delegado deverá ser encaminhado para o Centro de Convivência e Permanência para idosos de Carandaí.
Sobre o acordo, o pai de Rafaela Drumond, Aldair Drumond, afirmou que o dia da audiência foi muito triste e lamentou o resultado.
“Minha filha sofreu muito. Os áudios comprovam o assédio moral que ela sofreu”, disse ele. “Eles saíram comemorando. Vai pagar R$ 2 mil, e minha filha está morta”, afirmou ele, que ressaltou, ainda, que entregou a filha para a Polícia Civil com autoestima alta.
Entenda a investigação
O inquérito relacionado à morte da escrivã Rafaela Drumond foi concluído pela Polícia Civil de Minas Gerais no dia 13 de setembro e, em seguida, encaminhado à promotoria de Justiça na Comarca de Carandaí, na região da Zona da Mata.
A investigação sobre a morte da escrivã Rafaela Drumond foi conduzida pela Corregedoria Geral da Polícia Civil de Minas Gerais. O inquérito policial e o procedimento disciplinar apuraram supostos casos de assédios moral e sexual, que poderiam ter induzido a servidora à morte.
O delegado e o investigador da Polícia Civil que atuavam na mesma delegacia onde trabalhava Rafaela foram investigados por, supostamente, terem cometido os assédios. Durante as investigações, eles chegaram a ser transferidos duas vezes, no intervalo de 20 dias. O investigador foi, inclusive, afastado por licença médica durante 60 dias.
No fim de outubro, o investigador Celso Trindade de Andrade foi inocentado. A justificativa da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) foi “decadência em relação ao crime”, já que não foi realizada a representação contra o referido crime, a qual tem prazo decadencial de seis meses, contados desde a ocorrência do fato criminoso.