Escola de Música da UFRN. Foto: Ney Douglas/Agora RN
O Diretório Central dos Estudantes da UFRN (DCE UFRN) publicou nesta quinta-feira 21 nas redes sociais um relato com denúncias de assédios. Os casos teriam acontecido na Escola de Música da universidade.
Neste ano, um projeto de extensão de coral universitário retomou as aulas presenciais e os assédios teriam acontecido nessa retomada. O apontado pelo DCE é um professor substituto, também maestro do coral, que segundo o Diretório já foi denunciado na Ouvidoria da universidade por assédios morais e sexuais em 2018.
De acordo com a denúncia, cerca de cinco mulheres coralistas estão sendo assediadas. Uma delas, que estaria sofrendo com os assédios morais e constrangimentos em público desde o retorno presencial, começou a ter crises de ansiedade e de Herpes Zoster, ambos causados por estresse e, por consequência, faltou alguns ensaios.
A estudante teria relatado o problema aos superiores, mas foi descredibilizada. A aluna, que era bolsista remunerada, teve o benefício cortado após a denúncia e as faltas. Segundo o DCE, as vítimas tomaram todas as medidas institucionais possíveis e conseguiram, na última quarta-feira 20, uma reunião com o setor de humanização da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP) e os membros do coro para traçar soluções em comum.
Ainda segundo o DCE, o professor possui seis denúncias formais e mais 10 informais, por assédio moral e sexual, e que, até o momento, não tiveram resoluções legais. Na publicação do Diretório no Instagram, diversos alunos mostraram indignação e cobraram um posicionamento sobre o assunto.
Procurada, a UFRN disse que “desenvolve ações no intuito de prevenir e oferecer suporte às pessoas denunciantes de casos de abuso sexual e moral, no âmbito da instituição de ensino”, mas não se pronunciou diretamente sobre o caso em questão.
“Em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), casos específicos não podem ser informados ao público”, diz a nota oficial. A Ouvidoria da UFRN é um dos principais canais para manifestações, via Plataforma FalaBR (www.ouvidoria.ufrn.br).
A universidade, informou que, em junho deste ano, foi instituído o Grupo de Trabalho pelo Enfrentamento ao Assédio Sexual, com o objetivo de identificar e sugerir medidas institucionais de curto, médio e longo prazo para prevenir e combater o assédio sexual, além de outras violências de gênero.
Esse não é o primeiro caso de assédio tornado público na UFRN. No ano passado, por exemplo, o AGORA RN publicou uma reportagem com o relato de alunas de comunicação social. Elas denunciaram o professor Daniel Dantas Lemos que, na época, admitiu que baixou as calças na frente de um grupo de alunas nos corredores da instituição.
“Em maio ou junho de 2019 eu ia para a academia e vinha caminhando com um grupo de pesquisa e tirei a calça no corredor porque já estava com um short por baixo, e isso demandou uma reclamação na Ouvidoria. Houve um processo de sindicância, que inclusive quando a Ouvidoria voltou para o Decom, eu mesmo disse ao chefe do departamento que deveria abrir um processo de sindicância, porque eu tinha feito isso. Eu nunca iria negar algo que eu teria feito. Não tinha brincadeira de cunho sexual, não tinha nada disso. Foi errado, foi estúpido; eu disse isso à universidade. A minha atitude foi reprovável, típica de uma advertência e foi isso que aconteceu”, contou ele.