Presidente está cada vez mais isolado do departamento de futebol do Cruzeiro e gera insatisfação por suas ações nos bastidores do clube
A insatisfação de jogadores e colaboradores do Cruzeiro e o incômodo de parceiros pressionam o presidente Sérgio Santos Rodrigues nos bastidores. Os atrasos salariais e as ações contraditórias deixaram o mandatário afastado do futebol, e os resultados recentes fizeram com que aliados se voltassem contra o dirigente nos bastidores do clube.
Há bastante irritação com os salários atrasados no futebol profissional e nas categorias de base – os atletas anunciaram greve por causa das pendências. Jogadores e colaboradores estão incomodados com os até seis meses sem pagamentos.
A situação financeira é incômoda, mas não é o único fator motivador para a crise. Os jogadores se irritam também com a postura do presidente. Em meio à maior crise financeira da história do clube, o dirigente esteve na Europa em duas oportunidades – a primeira para participar de um curso da Fifa em Madri, na Espanha, e a segunda para ministrar uma palestra sobre gestão no futebol, em Lisboa, capital de Portugal.
As promessas não cumpridas a treinadores também incomodam internamente. Luiz Felipe Scolari deixou o clube porque o presidente disse que manteria os salários em dia durante a sua passagem, o que não aconteceu. O cenário se repete com Vanderlei Luxemburgo, contratado em agosto deste ano. Depois de prometer a manutenção das contas em dia, o mandatário vê dificuldade para honrar com a sua palavra ao técnico.
As situações deixaram o dirigente cada vez mais distante do futebol. Para piorar, colaboradores com salários mais baixos também ficaram sem receber nos últimos meses e tiveram que contar com auxílio dos atletas para arcarem com as despesas pessoais. A situação foi a gota d’água para a ruptura entre Sérgio Rodrigues e o departamento de futebol.
Sem dialogar com a pasta, viu seu único aliado deixar o clube a pedido do técnico Vanderlei Luxemburgo. Rodrigo Pastana foi demitido há nove dias depois de uma reunião entre o comandante e o patrocinador do clube, Pedro Lourenço.
A pressão sobre Sérgio Rodrigues cresce também nos bastidores do clube. Embora tenha mais apoiadores que opositores no Conselho Deliberativo, o dirigente não goza mais do prestígio de outrora. O empresário Pedro Lourenço, inclusive, passou a ter uma postura de críticas ao trabalho do mandatário.
Todas as suas inserções no futebol contam com a participação de Vanderlei Luxemburgo. Ele evita falar com membros da cúpula sobre o esporte, o que inclui o próprio mandatário. Pedrinho, como é conhecido, auxiliou no pagamento de salários nos últimos meses, mas apenas por causa da sua proximidade com a atual comissão técnica.
A insatisfação de Pedro Lourenço é apenas uma ilustração do incômodo nos bastidores do clube. Há ainda mais irritação por causa dos resultados recentes. O Cruzeiro é o 11º colocado da Série B, com 39 pontos, nove atrás do Goiás, quarto colocado. A pontuação deixa o time mais distante de uma volta à elite do futebol nacional. De acordo com o departamento de matemática da UFMG, o clube tem 0,15% de chances de acesso. Caso não consiga subir para a Primeira Divisão, a equipe completará o terceiro ano consecutivo na Série B.
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