A semana entre 14 e 20 de abril chega ao fim com a possibilidade dos motoristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Belo Horizonte entrarem em greve por conta da redução de salários e corte de benefícios. O noticiário da semana também foi marcado pelo temor dos moradores do bairro Santa Tereza em decorrência da escalada de violência no reduto boêmio e cultural da capital mineira.
A seguir, apresentamos sete notícias para manter você atualizado sobre o que foi destaque em BH e em Minas Gerais.
Multas por avanço de semáforo
A cada quatro minutos, um condutor avança o sinal vermelho em Belo Horizonte. Os dados são referentes às infrações flagradas em 2023 pelos 213 detectores de avanço de sinal, que fiscalizam 591 faixas em 187 locais da capital mineira. A infração é enquadrada como gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Especialistas reforçam que o desrespeito às leis de trânsito, como o avanço do sinal vermelho, ameaça a vida de motoristas, passageiros e pedestres. Também citam a importância dos dispositivos para prevenir acidentes, especialmente em cruzamentos, que são pontos críticos para colisões e atropelamentos. Em dez anos, entre 2013 e 2022, 1.328 pessoas morreram em sinistros de trânsito em Belo Horizonte.
Os detectores de avanço de sinal registraram, no ano passado, 127.222 infrações, uma média de quase 350 por dia, segundo os dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
O crescimento da taxa de atropelamentos preocupa o município, que pensa em ampliar o número de faixas fiscalizadas com detectores de avanço de sinal. Segundo Jussara, após sucessivas quedas, o número de atropelamentos subiu de 1.082, em 2021, para 1.277 em 2022, uma taxa de 5,16 casos por 10 mil veículos. Esses são os dados mais recentes. Só no João XXIII, um dos prontos-socorros de referência na capital, o número de atropelamentos de pedestres saltou 17% nos últimos dois anos. De janeiro a março de 2022, 249 pessoas se acidentaram. Já no mesmo período deste ano, foram 291 – ou seja, três por dia. No ano passado, 1.254 pedestres precisaram de atendimento médico.
Maus-tratos a crianças e adolescentes
Feridas que nunca cicatrizam. Marcas que duram uma vida inteira. Esses são, segundo o psicólogo Thales Coutinho, alguns dos tristes resultados dos maus-tratos a crianças e adolescentes. Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) mostram que a ocorrência desse tipo de crime em Minas Gerais quase dobrou em dois anos. Enquanto em 2021 foram 241 casos registrados de violência contra crianças e adolescentes de 12 a 17 anos, o número saltou para 430 em 2023, um aumento de 78%. As ocorrências são ainda mais numerosas quando se trata de menores de 11 anos: em 2021, foram 986 vítimas. No ano passado, 1.334, um aumento de 35%.
Os números, porém, podem estar longe de mostrar o real cenário. Isso porque, conforme destaca a delegada Renata Ribeiro, titular da Divisão Especializada em Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente em Belo Horizonte, essas vítimas, em geral, dependem de um adulto para denunciar o crime, já que, muitas vezes, não conseguem pedir auxílio sozinhas. Além disso, geralmente, os agressores são da própria família, deixando as crianças confusas e com sentimentos de culpa, medo ou rejeição. Outra dificuldade é a sociedade conseguir identificar os maus-tratos: quando eles são psicológicos, por exemplo, nem sempre as pessoas que estão próximas conseguem percebê-los e denunciá-los.
Obras para moradias populares geram revolta no bairro Castelo
Moradores do bairro Castelo, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, lançaram um abaixo-assinado para impedir a construção de 500 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida em três “áreas verdes” da região. O manifesto, com quase 5.000 assinaturas, justifica que a obra pode causar danos ao meio ambiente e impactos ao trânsito da região, que atualmente, conforme relata quem precisa utilizar as principais vias de acesso ao bairro, é “caótico”. Em contrapartida, prefeitura e especialistas afirmam que o bairro está devidamente enquadrado nos critérios para produção habitacional e defendem que as obras devem trazer mais benefícios para a cidade, sobretudo a população mais carente, que estará mais próxima de equipamentos de saúde, educação e lazer.
A construção de novas moradias populares na capital está prevista em uma parceria, firmada entre a Prefeitura de BH e o governo federal, para a criação de 3.060 unidades habitacionais na cidade. O projeto aprovado pelo Ministério das Cidades, em novembro do último ano, prevê investimento de cerca de R$ 520 milhões – cada unidade orçada em R$ 170 mil – para a construção dos imóveis em terrenos de propriedade do município, que serão transferidos ao Fundo de Arrendamento Residencial.
No bairro Castelo, a previsão é da criação de 500 unidades do Minha Casa, Minha Vida em três terrenos do Executivo municipal, localizados nas ruas Castelo da Beira (100 unidades), Castelo Setúbal (200 unidades) e Conceição Aparecida Augusten (200 unidades). Os moradores, no entanto, tentam barrar a obra.
Empresa abandona o contrato, e elevadores seguem sem solução
A empresa selecionada para a manutenção dos 22 elevadores do prédio Minas da Cidade Administrativaem BH, desistiu de assinar o contrato alegando “dificuldades internas em cumprir as obrigações estipuladas”. O anúncio ocorreu menos de 15 dias depois de o governo de Minas afirmar que, em três meses, ao menos parte dos elevadores do edifício voltaria a funcionar. Os equipamentos estão interditados desde 21 de novembro do ano passado devido a riscos causados pelo “colapso dos pilares metálicos decorrente de vícios construtivos”.
No último dia 4, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag-MG) anunciou que as intervenções deveriam ser concluídas até junho, permitindo a utilização dos elevadores pelos servidores e visitantes da secretaria. Ontem, a pasta anunciou que a empresa em questão, selecionada com dispensa de licitação por emergência para realizar os reparos necessários, “declinou do compromisso de assinar o contrato”.
Sem estipular um prazo, o governo de Minas disse que as providências para viabilizar a retomada “rápida e gradativa” dos elevadores já estão sendo tomadas, completando que a Seplag informará o andamento do novo processo de contratação e os novos prazos para conclusão das intervenções.
Santa Tereza vive guerra do tráfico, com morte e ameaças
Moradores e comerciantes do bairro Santa Terezana região Leste de Belo Horizonte, estão vivenciando, desde fevereiro deste ano, uma escalada de violência. O reduto boêmio e cultural da cidade passou a ter traficantes armados e equipados com rádios de comunicação nas entradas das vilas Dias e São Vicente, locais conhecidos como “Buraco Quente”. Somado a esse cenário, empresários passaram a receber ameaças por telefone após um assassinato na rua Mármore, na última segunda-feira (15).
Dezenas de comerciantes receberam ameaças na madrugada de terça-feira (16), conforme relatado a O TEMPO. O interlocutor estaria cobrando pagamentos em troca da “segurança” dos estabelecimentos. Uma das vítimas teria chegado a transferir R$ 3.000. A Polícia Militar confirma a guerra entre traficantes e afirma que apura a situação dos comerciantes – que trata, inicialmente, como ação de um estelionatário.
O comandante do 16º Batalhão da Polícia Militar (PM) – responsável pelo policiamento na região do Santa Tereza –, tenente-coronel Israel Calixto, confirma que há uma disputa de traficantes da área. “Não temos informação sobre a chegada de criminosos de fora. O que temos é acerca de uma disputa pelos pontos de venda de droga, o que tem gerado certo conflito, isso muito antes desse homicídio. Inclusive, as informações iniciais indicam que a motivação seria, justamente, em decorrência dessa disputa. A vítima (do assassinato) era moradora da vila e tinha envolvimento com o crime. Já o adolescente, que ficou ferido, tinha passagens (pela polícia), como por tráfico, roubo e ameaça”, completou.
Moradores se sentem cada vez mais inseguros e chegaram a relatar que a insegurança estaria relacionada ao fato de traficantes do aglomerado da Serra, na região Centro-Sul, terem assumido as comunidades da região.
Ônibus tomba e deixa 7 mortos em MG
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga as causas do acidente com um ônibus que deixou sete mortos e 15 feridos, na madrugada de ontem, na rodovia MG–120, em um ponto conhecido como “curva do Bambu”, entre as cidades de São João Evangelista e São Pedro do Suaçuí, no Rio Doce. Os feridos foram encaminhados ao hospital de São João Evangelista. Dois deles chegaram à unidade em estado grave. Os mortos são cinco mulheres e dois homens, com idades entre 40 e 70 anos. Entre os feridos há três menores de idade, incluindo uma criança de 8 anos, filha de uma passageira que morreu no acidente.
O veículo havia saído de Belo Horizonte no fim da noite de terça-feira (16) e seguia para Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, quando tombou. De acordo com a Polícia Militar de Minas Gerais o motorista, de 46 anos, contou que teria perdido o controle do veículo após tentar se desviar de cachorros que atravessavam a pista. O ônibus, então, teria tombado lateralmente em uma mata às margens da estrada.
De acordo com a Polícia Militar, o ônibus saiu da capital mineira com mais de 40 passageiros, mas muitos desembarcaram ao longo do trajeto e, no momento do acidente, havia 24 pessoas, além do motorista.
Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) foram acionados para prestar socorro no local. O ônibus é de transporte intermunicipal e tinha a autorização para o tráfego fretado.
Motoristas do Samu ameaçam greve contra redução de salário
Os motoristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Belo Horizonte (Samu-BH) podem paralisar as atividades na semana que vem. A ameaça é uma resposta à mudança da empresa parceira da prefeitura responsável pela gestão do serviço. A categoria denuncia uma redução do salário de 27% (de R$ 2.400 para R$ 1.800), com corte total dos benefícios, como plano de saúde e odontológico.
De acordo com o representante do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH), Roberto Rangel, a previsão é que a nova empresa assuma o serviço do Samu na próxima sexta-feira (26). “O que estão fazendo é uma atrocidade muito grande, uma redução do salário de R$ 600, sem nem tíquete de alimentação. Tem motorista que tem família utilizando o plano de saúde, que será cancelado de um dia para o outro”, reclama.
Francisco Roberto trabalha há 14 anos no Samu-BH como motorista e destaca que atua para preservar vidas. “A gente tem contas para pagar. Como estão sendo retirados o plano de saúde, o vale alimentação, a nossa cesta básica, como que a gente vai viver com R$ 1.800?”, questiona.
Os 120 motoristas do Samu-BH assumem uma jornada de trabalho de 12 horas de serviço para 36 horas de descanso. O sindicalista denuncia que a proposta de cortes pela nova empresa não inclui redução de jornada de trabalho. “Querem pagar menos pelo mesmo trabalho, mesma jornada. Os condutores estão exaustos e, com mais essa preocupação, a cabeça vai a milhão”, continua.
Na sexta-feira foi realizada uma reunião com representantes dos trabalhadores no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para definir os próximos passos do movimento. Por ora, foi solicitado pelo superintendente regional do Trabalho, Carlos Calazans, mais dois dias para tentar conseguir uma resposta positiva para os trabalhadores junto à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e a empresa, que não compareceram na reunião. O Executivo municipal informou que se reunirá na terça-feira (23) com a empresa.