Assis é um dos mais respeitados artistas plásticos de sua geração. Foto: reprodução/galeria de arte b612.
Aos 62 anos, o artista plástico Assis Marinho, um dos mais renomados deste Rio Grande do Norte, paraibano de nascença e potiguar de coração, neste momento se encontra em um leito de hospital. Até o fechamento desta edição, muitas pessoas têm se comunicado e se solidarizado em prol da saúde do pintor. Felizmente, enquanto este texto era escrito, a transferência para uma unidade hospitalar mais estruturada estava na iminência de acontecer.
A corrente solidária só tem aumentado a fim de lhe ofertar um mínimo de dignidade, nesse momento tão difícil pelo qual padece o poeta das cores, que há mais de cinco décadas tem retratado a secura de sua infância difícil nos sertões de Cubati. Consultada pela reportagem, a irmã Mentinha (Maria do Livramento dos Santos), confirmou que os amigos e as amigas de Assis resolveram fazer uma campanha – “que está ajudando a custear uma pessoa para acompanhá-lo no hospital, pois ele não está em condições de ficar sozinho”, explica.
A ideia do grupo, liderado por Daniel Queiroz, que o conhece desde menino, devido à sólida amizade de sua mãe Socorro com o artista, é fazer um evento colaborativo, solidário, ainda sem data definida. Por enquanto, a campanha está arrecadando doações para exposição e elencando artistas para o dia da ação. “Iniciamos esse movimento em prol do nosso amigo, Assis Marinho, com o objetivo de arrecadar fundos para custear as suas despesas nesse período em que ele se encontra impossibilitado de trabalhar, diante disso também surgiu a ideia de realizarmos um evento de música, arte e cultura, com toda a arrecadação voltada para ele”, explicou Dandan.
Autor de uma arte muito própria, que se faz pujante e expressiva com a utilização de materiais de baixíssimo custo, como carvão ou giz de cera, Assis Marinho está acometido de uma doença grave, cirrose hepática, e precisa de cuidados por 24 horas, o que demanda custos. ”Já temos algumas obras de arte, livros e muitas outras doações a serem usadas para esse fim. E temos alguns artistas da cidade que se colocaram à disposição para auxiliar nesse dia com apresentações musicais e outras artes”, relata.
A dificuldade do grupo, neste momento, é conseguir alguém que faça a produção cultural, que organize e dê vida ao evento beneficente. Além dos itens doados, já existe espaço e estrutura de som para a realização da atividade. “Temos tudo o que é necessário pra fazer esse movimento, mas não temos alguém que possa produzir e fazer acontecer da melhor maneira esse dia de solidariedade a Assis”, justifica o amigo, que está de viagem marcada e lamenta não poder assumir.
Memória afetiva
Conversador, versejador, o artista Assis Marinho é um autodidata. Sua arte figura quase que de forma onipresente em casas simples ou palacetes, sedes de entidades trabalhistas ou patronais, e até mesmo em palácios oficiais. São anos e anos de atividade artística, retratando sempre a vegetação nordestina, o colorido da chita das mulheres simples do campo, os olhos grandes de crianças famintas, a vida dura dos homens sertanejos.
Seu sorriso alegre, debochado, seu jeito exigente ao saborear uma boa comida, tudo isso é o seu legado, além do talento que tão bem expressa suas raízes nordestinas. Sobre o estado e as condições de saúde, Mentinha explica que neste momento tudo o que está ao alcance da ciência está sendo feito. “Agradeço o empenho e o carinho de todos”. Quem quiser colaborar, o pix é em nome de Maria Livramento dos Santos – 8499402-3743. l