Belo Horizonte se tornou conhecida, na década de 1980, como o berço de bandas de heavy metal. No início da década, surgiram grandes nomes do gênero na capital mineira, que estouraram pelo mundo afora, como Sepultura, Overdose, Sarcófago, Mutilator, Holocausto e várias outras.
Uma delas está prestes a retomar suas atividades ao vivo, inclusive com disco novo: o Chakal.
A banda é d chamada primeira geração do metal mineiro. Formada em 1985, sua estreia foi na coletânea Warfare Noise, da lendária gravadora Cogumelo Records.
O sucesso alavancou o Chakal para a gravação de seu primeiro disco inteiro, “Abominable Anno Domini” (1987), pela mesma gravadora. Neste trabalho, a banda já soava rápida e pesada, sem se esquecer das raízes do heavy metal e do trash metal.
Logo no início, o Chakal já tentava fugir do estereótipo de bandas do gênero, que tinham letras satânicas, focando temas como loucura, morte e certo sarcasmo.
“Fazendo uma análise do que era o cenário quando a banda começou e do cenário atual, a gente vê que obviamente tem muitas diferenças, tanto de público quanto de estrutura. Hoje, o movimento tem uma força maior, é mais amplo, mas, ao mesmo tempo, é mais diluído, porque tem muitas outras coisas acontecendo, o que era bem diferente da época que o movimento começou aqui em Minas Gerais, no meio dos anos 1980”, explicou o guitarrista base e vocalista Andrevil.
“Tudo era novidade. Você conseguia encher shows, colocar mil pessoas facilmente. Uma banda independente, sem muita divulgação, com lambe-lambe e boca a boca. Nós enchíamos espaços. Era uma novidade, era um momento e um movimento inéditos. Hoje temos mais público, mais casas, mais estrutura, mas a coisa toda é mais diluída. Temos que fazer um esforço muito grande para colocar nosso material em circulação.
Naquela época, era mais difícil a aceitação da sociedade, mas, do ponto de vista do movimento, funcionava mais. Hoje, tem mais amplitude, mas é mais complexo você conseguir se posicionar dentro dele”, frisou, comparando as duas épocas.
Desde então, com mudanças, o Chakal passou por décadas, sempre cravando seu nome na história do metal belo-horizontino. São sete discos, com apresentações, ao vivo, ao lado de bandas como Slayer, Destruction, Sodom, Nuclear Assalt e outros grandes nomes do metal mundial.
“A banda teve uma interrupção, por causa da pandemia. Antes, o baixista e vocalista, que gravou com a gente o disco anterior, saiu. Então assumi os vocais, no final de 2018. Em 2019, ficamos nos preparando para voltar e já tínhamos datas marcadas para o ano seguinte. Porém, com a pandemia, nós paramos e ficamos só produzindo material inédito”, relembrou Andrevil.
E, nesse momento, segundo o guitarrista e vocalista, outro obstáculo atrasou o retorno. “Um membro da banda, o baterista Guilherme, teve um problema de saúde, teve que passar por uma cirurgia. Aí, juntamente com a pandemia e o estado de saúde do baterista, a gente teve que dar uma pausa muito grande, que acabou esse ano. Agora já está tudo bem. Então é importante dizer que a banda não acabou. Ela simplesmente deu essa pausa, que foi longa em função da pandemia, da mudança de formação e do quadro de saúde do baterista. Mas durante o tempo inteiro ficamos produzindo, compondo, preparando material”.
Passada a parada necessária, eles retomam sua história com nova formação (agora um quarteto). O Chakal hoje, além de Andrevil, é formado por Mark (guitarra solo), Wiz (bateria) e Vackhan (baixo). E com um novo disco, seu oitavo, saindo do forno.
O retorno do Chakal aos palcos não poderia ser melhor. “Já estamos fazendo várias sessões de ensaios, para tocar ao vivo, com material novo, com parte já gravada, para lançarmos nosso disco ano que vem. Estamos bem empolgados para retomar o caminho”, disse.
A volta será neste domingo (10), onde tudo começou, em sua cidade natal. O Chakal sobe ao palco do Mister Rock, no festival Doom Over BH. O evento ainda contará com a participação de mais quatro bandas da cena underground do doom metal, que tem conquistado um bom renome no meio: Inventtor, Pesta e Weedevil, as três também da capital mineira, e Erasy, de Feira de Santana (Bahia).
No show, além das novas músicas, que estarão no novo trabalho, um desfile de sucessos que marcaram a carreira do Chakal. A banda, inclusive, lançou recentemente um vídeo para “Blood to Survive”, sua primeira música em sete anos.
Discografia
“Abominável Anno Domini” (1987)
“Viver com os Porcos” (EP, 1988)
“O homem é seu próprio chacal” (1990)
“A morte é um negócio solitário” (1993)
“Terra Morta” (2003)
“Rei Demônio” (2004)
“Destruir! Destruir! Destruir!” (2013)
“Homem é um Chacal 2 Homem” (2017)
Serviço
Doom Over BH, com Chakal, Pesta, Weedevil, Inventor e Erasy
Data: Domingo (10), às 14h
Local: Mister Rock (Av. Teresa Cristina, 295, Prado)