AVANÇOU COM GOLEADA
Ceni comemora vaga na final do Baianão, mas alerta: ‘Precisamos melhorar bastante’
Técnico também rasgou elogios a Estupiñán, autor de três gols no triunfo por 4×1 sobre o Jequié
Publicado em 16 de março de 2024 às 20:35
Rogério Ceni em entrevista coletiva após Bahia x Jequié Crédito: Letícia Martins/EC Bahia
“Um menino nota dez para se trabalhar. Cara fantástico, extremamente educado, trabalhador. Precisa ainda de uma melhor condição física, é verdade, mas tenta desempenhar. Foi coroado hoje com três gols, dois muito bonitos, bem executados. Quando a gente joga com um nove mais centralizado, hoje, ele mostrou utilidade. Também pediu, por cansaço, para sair um pouco mais cedo. Mas foi o autor de três gols. Quem faz três gols sempre tem que se destacar”, disse o treinador, em entrevista coletiva.
Atual campeão, o Bahia agora irá em busca do segundo título estadual consecutivo. Ceni comemorou a classificação para a final do Baianão, mas alertou: o time ainda precisa melhorar para encarar desafios maiores no restante da temporada.
“Nós precisamos melhorar bastante ainda. Quando a gente joga com rivais à altura, a gente sofre mais (…) Chega a hora mais importante, era nossa obrigação estar nessa final. Onde o torcedor fica sempre apreensivo, mais intenso, com a expectativa. Vamos para a nossa primeira final. Antes, vamos tentar garantir a classificação [na Copa do Nordeste]o primeiro lugar no grupo”, afirmou.
Faltam três rodadas para o fim do Nordestão. Neste momento, o Bahia é o líder do Grupo B, com 12 pontos – quatro a mais que o Fortaleza, o segundo colocado. De olho na classificação no regional, o Esquadrão está prestes a fazer um duelo importantíssimo: o clássico contra o Vitória. O Ba-Vi será disputado na quarta-feira (20), às 21h30, na Arena Fonte Nova.
“É um jogo sempre especial, um clássico. Nós vamos tentar fazer o nosso melhor. Precisamos vencer, precisamos da pontuação para nos mantermos em primeiro na nossa chave, tentar uma classificação com um pouco mais de tranquilidade. Temos quatro dias de intervalo de um jogo para outro, sem viagem, a gente pode se preparar bem. Vamos fazer nosso melhor com o objetivo de vencer e nos colocar bem na tabela”, projetou.
Além do clássico no Nordestão, o Bahia pode voltar a enfrentar o Vitória nas finais do Baianão. O rubro-negro recebe o Barcelona de Ilhéus neste domingo (17), no Barradão, após construir a vantagem de dois gols na partida de ida. Depois de passar boa parte do estadual utilizando um time de reservas, Ceni admitiu que projeta força máxima para a decisão. Os jogos estão marcados para os dias 31 de março e 7 de abril.
“Vou tentar sempre botar o melhor time que eu tenha. É uma final. São jogos importantes. E nós sempre devemos usar o que temos de melhor, mesmo porque acho que é a única semana que teremos intervalo um pouco maior, coisa que não tivemos até hoje. A gente pretende usar o que tem de melhor nos dois jogos”, comentou.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Rogério Ceni:
Prefiro pensar na quarta-feira, que é o que nós temos definido. É muito provável que seja [o Vitória]e deixo em aberto a condição de quem se classifica em primeiro, porque não é impossível os resultados acontecerem. Mas acho que há uma grande possibilidade de existirem esses clássicos [na final]. Mas a primeira preocupação é com o jogo de quarta-feira, é sobre esse que temos que fazer a análise e nos prepararmos. Depois, ainda terão jogos da Copa do Nordeste, antes das finais. Principal preocupação é esse jogo de quarta-feira.
O que deu para avaliar na temporada até aqui?
Que há alguns jogos com campo muito ruins aqui na Bahia, mas, quando a gente joga em casa, acho que o jogo flui mais fácil. Que há desequilíbrio bastante grande, como é também em Campeonato Brasileiro, com as equipes que têm mais poder aquisitivo para as que têm menor, também existe isso na Bahia. O que é normal em todos os lugares. Que não é fácil você jogar, dos últimos nove jogos, sete foram fora de casa, com viagens. Mas que também a gente espera ficar um pouco mais por aqui agora. Tem um pouco mais de condição de descansar e treinar o time.
Escolha por Gilberto e não Arias
Eu tenho que preservar o atleta. Se eu faço ele jogar lá em Caxias, faço jogar hoje e ele vai para a seleção, você acha que vão cuidar dele na seleção? Acha que estão preocupados com o retorno dele, quando ele voltar? Se resolverem colocar ele para jogar, vai fazer três jogos em sete dias. Se machuca lá, perco ele por longo tempo na temporada. Sei como funciona seleção. Seleção quer arrancar tudo o que tem de melhor do jogador por aqueles dias, enquanto eu preciso do jogador pelo ano inteiro. Então Gilberto fez o jogo. Ele precisa jogar, tinha uma semana parado. Ele fez hoje uma função muito mais defensiva. Se ele tivesse feito uma função aguda, de ir todas as bolas no fundo, como ele normalmente faz, eu com certeza tiraria. Ele estava se sentindo bem no jogo, fez uma função de terceiro homem, construindo a maioria do tempo, foi poucas bolas ao fundo. Um jogo bem tranquilo. Eu até ia tirá-lo, ia colocar Marcos Victor para trabalhar um pouco nessa função, mas Caio, Estupiñán e Ademir pediram para sair. Róger e Sidney não foram nem relacionados, porque se lesionaram. O que tínhamos de ideia era trocar Gilberto faltando 15, 20 minutos. Como ele fez uma partida com pouca ida ao fundo, suportou bem, pediu inclusive que jogasse. Ele precisa de ritmo de jogo.
É sempre ruim quando você comete um erro. Faz parte do jogo errar, mas acho que ninguém fica bem. E o torcedor também entende que aquilo foi um erro desnecessário. Poderia ter sido evitado. Mas acontece. Tem que levantar a cabeça, seguir e continuar trabalhando do mesmo jeito. Os jogadores, logicamente, fizeram a parte deles em abraçar, incentivar. A gente também sempre incentiva. Às vezes, existe uma falha que é corriqueira e às vezes você chama um pouco a responsabilidade para si. Tirando essa parte final do jogo, porque depois das trocas, parece que a gente não consegue manter a concentração. Independente de quem entre, se é um jogador mais rodado ou mais jovem, parece que a gente perde um pouco o foco do jogo. O erro culmina com um quase gol, bola pelo meio, que damos sem necessidade nenhuma, em vez de fazer um jogo simples. Final do jogo a gente tem se desconcentrado muito, fruto de coisas negativas que estão acontecendo, como o gol do Caxias [na Copa do Brasil]. O começo é importante, mas o final também é. Temos cometido erros nas tomadas de decisão pelo cansaço. Precisamos ficar mais atentos
É bom estar um pouco por aqui. Porque a gente só teve em ônibus e avião nos últimos dias. Já passar três dias aqui é bom. Fazer um jogo e não precisar viajar no dia seguinte, poder descansar em casa, também é algo importante para a recuperação dos atletas.
Marcos entrou em uma posição de primeiro volante, ele vem treinando nessa função, lateral-direito, primeiro volante. Na zaga, nós temos outros zagueiros. Ele também pode jogar, logicamente, é a posição de origem dele. Não é fácil você fazer um jogador se adaptar a essa posição, uma posição que joga de costas, praticamente, o zagueiro, de frente. Posições que se jogam de frente, como a lateral-direita, em uma necessidade, é um jogador que pode fazer, pode fazer um terceiro homem, de construção, que defende. Ele tem velocidade, é muito rápido para marcar. Além de ter um jogo aéreo um pouco melhor. Sei que não foram muitos minutos, alguns não tiveram tanto, o que é natural.
Achei que ele rendeu relativamente bem no jogo. Jogou mais atacando, que é a função que ele mais gosta. Fez uns bons lances na frente, bons cruzamentos, chegou ao fundo algumas vezes. Quando quis trazer para a perna direita, teve um pouquinho de dificuldade para cruzar. Mas acho que fez um jogo justo, um bom jogo para quem está há tanto tempo parado e precisa entrar em uma melhor condição física para ter minutos. Mas acho que um adversário relativamente frágil e ele aproveitou bem a chance. Fez coisas boas. Dá para melhorar. Cansou, sentiu cãibra, pediu para sair. Mas ajudou bastante a gente.
Rodízio de jogadores até aqui
O que eu digo é que, em 15 jogos, quem mais foi utilizado foi Cauly, 980 minutos. Ou seja, ninguém jogou mais que 66% do tempo. Nós tivemos as lesões, que foram fatalidades, como Ryan com tornozelo, agora Cicinho com tendão. Não houve lesões musculares. O grupo é curto, em alguns setores, ainda existem carências, uma troca para fazer durante o jogo. E não me foi perguntado, mas vou falar sobre o Juba. Para mim foi o melhor jogador, fazendo essa função por dentro. Foi para lateral também, foi bom. Só pra se destacar. Eu gostei muito do jogo dele, jogou inteligente, teve passe, finalização e cruzamento.