Após dois anos de prejuízo, o turismo das cidades históricas de Minas Gerais conta com a Semana Santa (de 10 a 16 de abril) como o início de uma fase de retomada. As principais festas culturais e religiosas da data estão confirmadas e prometem movimentar Ouro Preto, Congonhas, Diamantina e São João del-Rei, entre outras, com multidões durante o mês. A poucos dias da data, hotéis registram de 70% a quase 90% de ocupação, e o setor espera lotar nas próximas semanas.
Presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais e prefeito de Itapecerica, no Centro-Oeste mineiro, Wirley Reis afirma que todas as cidades tradicionalmente conhecidas pelas festividades da data terão eventos neste ano. “Creio que não será uma retomada tímida, mas muito pulsante e com grande participação da população. O turismo religioso é essencial para a geração de renda, e a Semana Santa marcará o início da retomada”, diz.
Só a encenação do descendimento da cruz em São João del-Rei reúne cerca de 20 mil pessoas na Sexta-Feira Santa. Neste ano, a expectativa do secretário municipal de Cultura e Turismo, Marcus Vinicius Fróis, é que a multidão se repita e que, após investimento de R$ 110 mil na festa, a arrecadação da prefeitura retome a patamares anteriores à pandemia. “A Semana Santa é o nosso ápice da arrecadação com turismo, mais do que o Carnaval. Costumamos chegar a quase 100% de ocupação do setor hoteleiro”, diz.
Em Ouro Preto, a ocupação da maioria dos hotéis e pousadas chega a 70%, e a procura se mantém alta, segundo a Ouro Preto e Circuito do Ouro Convention & Visitors Bureau, organização para promoção do turismo do município. Em Tiradentes a expectativa é que a ocupação de pousadas chegue a pelo menos 95%.
Em Congonhas, no Campo das Vertentes, a encenação da Paixão de Cristo, realizada desde a década de 60, foi transmitida por episódios em vídeo nos últimos dois anos, mas, desta vez, os 80 atores e 250 figurantes voltarão aos palcos e às ruas da cidade durante a Semana Santa.
“Começamos a ensaiar em janeiro, sem saber se haveria evento presencial ou virtual, então neste ano realizaremos um evento híbrido, se Deus quiser, e acho que ele está querendo”, comemora José Félix Junqueira, mais conhecido como Zezeca, do grupo de teatro Dez Pras Oito, responsável pela direção das encenações do evento religioso.
Bares e restaurantes também vivem a expectativa de um feriado de lucro. O diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Campo das Vertentes, que inclui Tiradentes e São João del-Rei, Guilherme Carvalho, avalia que o faturamento do setor pode chegar a pelo menos 80% do que foi registrado em 2019.
“A região é muito católica, e muitas pessoas ficam sem comer carne e beber nesta época, mas voltam a consumir no Sábado de Aleluia (sábado antes do Domingo de Páscoa)”, pontua.
Protocolos sanitários mais flexíveis
Os protocolos contra a Covid-19 em cada cidade são diferentes, mas os gestores concordam que as regras não impedirão a realização das celebrações. Em Diamantina, a prefeitura lançou novas medidas nesta semana, a poucos dias da Semana Santa, que desobriga a máscara em locais abertos e fechados. “Tudo nos leva a crer que será uma Semana Santa bem movimentada”, pontua a secretária municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio, Márcia Horta.
Em São João del-Rei, as máscaras não são mais obrigatórias. “Mas há locais que exigem o uso, e as missas, por exemplo, ocorrem com distanciamento. Os protocolos contra a Covid ainda vão se arrastar por um longo período”, observa o secretário municipal de Cultura e Turismo, Marcus Vinicius de Carvalho Fróis.
Também supervisor de Turismo da Secretaria de Turismo de Tiradentes, o diretor executivo da Abrasel Guilherme Carvalho lembra que turistas vindos de São Paulo e do Rio de Janeiro estão acostumados a não precisar utilizar máscara em ambientes fechados, já que esses Estados decretaram o fim da obrigatoriedade do item de segurança.
Mesmo assim, durante a festa em Tiradentes há recomendação de utilizar o equipamento até em alguns ambientes abertos. “A paróquia ainda pede uso de máscara na Via-Sacra. Mas é uma recomendação, e não uma exigência”, enfatiza.