Insanidade é continuar fazendo as mesmas coisas e esperar resultados diferentes.
O vôlei com conhecimento e independência jornalística
Não importa o quão insano você é. Existe sempre alguém para completar a sua insanidade.
A conta chegou. Era inevitável.
Amarga é verdade, mas necessária.
A épica derrota da seleção masculina no terceiro set contra a Rússia após abrir 20/12, ficará marcada na história do vôlei brasileiro.
A derrota para a valente Argentina na disputa do bronze idem.
Não é difícil explicar conhecendo os envolvidos dentro e fora de quadra. O blog alertou. Difícil é digerir.
O tema sugere muito mais do que reflexões. O vôlei clama por mudanças.
O 7×1 da seleção masculina, como ficará conhecida a derrota vexatória para a Rússia, veio em boa hora. A rigor, era apenas uma partida de vôlei onde venceu o melhor e estava em jogo a classificação para a final olímpica.
Todavia, decorridos alguns dias, o assunto continua sendo incessantemente citado, debatido e lamentado como a derrota mais vergonhosa do vôlei masculino.
E foi.
O emocional sempre remou a favor.
Hoje, estranhamente, não mais.
Mas como em todos os segmentos da vida, é preciso encontrar o lado positivo das coisas.
Só que se depender da CBV, Confederação Brasileira de Vôlei, a maior responsável pelo estágio atual, nada mudará. A passividade e a conivência são marcas registradas dos que lá estão.
Quem escolheu Renan Dal Zotto, que diga-se de passagem não é único responsável, não aparecerá e muito menos irá colocar a cara para bater.
A maneira como o Brasil foi inapelavelmente batido e caiu deixará sequelas. O dia do 7×1.
São necessárias mudanças drásticas.
Caça às bruxas, por que não?
O primeiro passo é acabar com a famosa ‘panela’ existente. Renan não pode precisar do aval de nenhum jogador para convocar.
Sempre foi assim.
O segundo passo, delicado, é limpar e reformular a comissão técnica. O treinador ficou vendido no meio do furacão russo. A cena se repetiu contra a Argentina. Os assistentes, cheios de sofisticação, equipamentos de última geração e fios pendurados por todos os lados, não esboçaram qualquer reação.
Atônitos e embasbacados.
Já deu para eles.
Mas ninguém quer largar o osso. Renan é mal assessorado.
A seleção masculina virou cabide de emprego com direito a dublê de funcionário e dono de time dando pitacos. Remunerado, o que é mais grave.
Marcelo Mendez, que seria o cara da vez, foi vetado por puro preconceito, mas os mesmos envolvidos absolveram Leal, bom de bola.
Tudo com aval da CBV e os inconsequentes dirigentes.
Com o 7×1, o ‘senado’, perdeu força.
Está por um fio.
Bruno deu sua contribuição. Hoje é figurinha carimbada, capitão e ostenta o status de intocável. Não teve a liderança necessária quando a seleção mais precisou e tecnicamente deixou a desejar em Tóquio.
A Olimpíada provou que o levantador precisa abrir espaço. O Brasil agradece os serviços prestados.
William e Rapha seriam úteis ou ajudariam, mas esbarraram na política da casa. Renan achou por bem então antecipar o ciclo de Cachopa.
Errou.
Se confiasse tanto no levantador do Sada/Cuzeiro teria feito como Laurent Tillie, da França, nas quartas, na semifinal e na disputa do ouro.
Lucão, diferente do parceiro, fez uma boa olimpíada longe da conhecida preguiça quando atua no Brasil. Lúcido, surpreendeu.
Wallace, bombardeado injustamente, é o que (ainda) temos de melhor como oposto e não tem substituto.
Pedem passagem nomes como Honorato, Vaccari, João Rafael, entre outros, passagem essa negada para Douglas Souza que estava voando. Só abusou quando decidiu virar celebridade no meio da Olimpíada. Recuperou o juízo e fez a parte dele quando chamado, sempre na podre.
Renan foi até o fim agarrado e abraçado com as convicções dos ‘amigos’ auxiliares que Leal e Lucarelli, talentos indiscutíveis, poderiam jogar juntos.
Os resultados mostraram que não.
E Thales?
Maique era a melhor opção, mas não foi sequer testado na VNL e ficou no Brasil. Dois pesos e duas medidas acentuando a falta de critério.
Paternalismo puro.
Após o 7×1 e a perda do bronze, é preciso entender que a recuperação moral e técnica exige tolerância zero em todas as esferas.
A CBV nunca teve planejamento, estratégia e profissionalismo. A atual gestão fez acusações infundadas, estragos internos, não tem credibilidade com sua esclerosada estrutura, acabou com a base e ‘matou’ recentemente o vôlei de praia.
Recordes negativos quebrados enaltecendo a incompetência de uma gestão amadora. Não se gerencia o que não se mede.
Ego consideravelmente grande.
O bom gestor é aquele que realiza o seu trabalho e norteia as suas atitudes no intuito de ser exemplo para a sua equipe. A CBV não tem.
O que tem é apadrinhamento excessivo, falta de visão de negócio, descontrole no planejamento estratégico, comunicação inadequada, pouca compreensão sobre os recursos financeiros e carência de inteligência emocional.
Agora a CBV conseguiu a façanha de levar o vitorioso vôlei masculino ao fundo poço com o pior resultado em mais de 3 décadas. Uma seleção que sobrevive ou sobrevivia apenas pelos talentos individuais.
Sempre foi assim.
Agora nem isso.
Quando a gestão é incompetente e não sabe escolher sua equipe ou não tem tempo para se dedicar a isso, grandes problemas como resultados financeiros insatisfatórios, baixa produtividade e queda na qualidade dos serviços aparecerão.
O 7×1 e o fracasso em Tóquio vão fazer bem.
A realidade mostra que a hora é de planejamento e não de gastança e desperdício. Gente do ramo. O momento exige eficiência, que deve se traduzir em mudanças no campo da gestão, dentro e fora de quadra.
Caso contrário, ponto da Rússia.