Apesar da promessa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) de que todos os ambulantes seriam cadastrados e que não existia “razão” para as filas que dobraram quarteirões nos últimos dias no bairro Gutierrez, na região Oeste da capital mineira, muitas pessoas ficaram sem as senhas que foram completamente distribuídas até o início da noite desta sexta-feira (26 de janeiro), último dia para realização do cadastro.
Mais cedo, a PBH anunciou que seriam distribuídas 2 mil “pulseiras”, referentes ao número total das senhas atendidas até o fim do dia. A reportagem de O TEMPO esteve no local e confirmou que todas as senhas já tinham sido distribuídas com membros da organização do cadastramento, que acontece no colégio Marconi. Apesar disso, centenas de pessoas, mesmo sem a pulseira, seguiam na fila, que dobrava dois quarteirões às 18h.
Mesmo sem garantia de que vão obter a credencial, muitos ambulantes foram ao local tentar a sorte. Um deles é o motoboy Breno Marlon Moreira Santos, de 26 anos. Ele conta que só conseguiu tempo para tentar a credencial nesta sexta-feira (26) e entende que o prazo de cadastramento deveria ser maior.
“Tem gente que saiu do serviço mais cedo, perdeu o dia fazendo outras coisas, mas está aqui para trabalhar. Pela quantidade de pessoas que vai receber Belo Horizonte e pela quantidade de pessoas que querem trabalhar, foi curto o prazo para cadastramento”, reclama o jovem.
O também motoboy Gabriel Penido Brandão, de 25 anos, segue o mesmo raciocínio e pensa que, devido aos compromissos que as pessoas têm no dia a dia, o horário de atendimento deveria ser maior. “Tinha que começar mais cedo, poderia ter um intervalo para o pessoal recuperar e ter mais energia para fazer o trabalho. De 12h às 20h, não vai atender isso aqui”, diz apontando para a fila enorme.
Promessa não cumprida
No último dia 16, a PBH garantiu que todos os ambulantes seriam cadastrados, mas segundo o jovem, ainda na tarde desta sexta-feira, membros da organização teriam dito que não haveria atendimento para quem não estivesse com pulseira.
Mesmo assim, Breno Marlon mantém a esperança. “Eu preciso trabalhar. Se eles me derem certeza de que vão me atender, enquanto eles estiverem aqui, eu estou aqui. Mas eu cheguei aqui 17h30, e eles falaram que não iam me atender”, relata.
Gabriel Penido também cobra que todos que chegarem ao local até 20h sejam atendidos. “Eles têm que cumprir com o que eles prometeram. Pelo que eles falaram na televisão, quem viesse ia ser atendido. Ia ganhar a credencial. Estão tentando desanimar o pessoal na fila”, diz.
Também na fila, a confeiteira Cláudia Janaína está disposta a virar a noite para conseguir a credencial. “Fico até 8h da manhã se precisar”, protesta a mulher.
O TEMPERATURAO solicitou um posicionamento da prefeitura de Belo Horizonte sobre as reclamações dos ambulantes e questionou a PBH se há possibilidade de estender o horário de cadastramento no último dia do cadastro, mas, até a publicação, a reportagem ainda não recebeu retorno. Em caso de resposta, esta matéria será atualizada.