Bloco Vumbora do cantor Bell Marques é um dos mais tradicionais do Carnatal. Foto: Arquivo
Tradicional evento para o fim do ano, o Carnatal teve sua primeira edição em 1991 e chegará à 30ª neste ano – foi cancelado em 2020 em virtude da pandemia de covid-19. Realizado na capital potiguar, e considerado o maior carnaval fora de época do Brasil, reúne artistas consagrados, como Bell Marques – ex Chiclete com Banana –, Durval Lélys – antigo vocalista da banda Asa de Águia– , Banda Eva e outros nomes consagrados da música nacional.
No entanto, o evento que tradicionalmente acontece em quatro dias – de quinta a domingo – neste ano terá mudanças. As datas deste ano foram confirmadas por Roberta Duarte, diretora da micareta, em uma rede social: de 9 a 11 de dezembro. O que implica na primeira mudança do festival, que desta vez será realizado em três dias, de sexta-feira a domingo. A mudança pegou muitos fãs de surpresa.
Roberta também adiantou que as vendas dos abadás para o festival começam ainda neste mês. No ano passado os ingressos variaram de R$ 80, para o Bloco FitDance – considerando entrada individual meia, social ou desconto por meio de convênios – a R$ 780, para o Bloco Village, da cantora Ivete Sangalo– valor para a entrada inteira. Considerando combos, o mais caro chegava a R$ 1 mil, que dava acesso aos blocos Village e também ao bloco O Vale, que tinha apresentação da cantora Alinne Rosa.
Outro fato já adiantado com certeza vai decepcionar parte do público: a cantora Anitta, que foi uma das atrações da edição passada, não deve participar do Carnatal 2022. Isto porque, de acordo com a diretora, a agenda da cantora no fim de ano está voltada para apresentações fora do Brasil, o que inviabilizaria a participação dela por aqui. Na edição de 2021, a cantora trouxe o “Bloco da Anitta” a Natal e agitou o sábado do festival.
De lá para cá, a cantora emplacou sucessos e alcançou o primeiro lugar global do Spotify com o hit “Envolver”. Recorde que a levou ao Guinness World Records como a primeira cantora artista latina a conseguir o feito. No entanto, a confirmação de uma das atrações ficou com ar de mistério. Questionada na rede social sobre se o cantor Saulo se apresentaria no sábado, 10 de dezembro, Roberta não confirmou, mas também não negou. “Será?”, limitou-se a dizer sobre a pergunta feita por uma seguidora.
Organização
O Carnatal é gerido pela empresa Destaque Promoções, que tem entre os sócios os irmãos Ricardo Bezerra e Roberto Bezerra, o deputado estadual Gustavo Carvalho (PSDB) e Paulinho Freire (União Brasil), atual presidente da Câmara Municipal de Natal. Mas para este ano, terá ao menos outras duas empresas como parceiras na organização.
São as empresas Vybbe, produtora que pertence ao cantor potiguar Xand Avião – ex Aviões do Forró – e a pernambucana Luan Promoções, que tem sede no Recife, em Pernambuco. O negócio foi oficializado em maio, por meio de nota emitida pela Destaque. “O Carnatal ficará ainda maior”, disse Paulinho Freire, à época em que a parceria foi tornada pública. No entanto, outras informações não foram divulgadas.
À época, havia desconfiança de que o evento teria sido vendido e passaria a ser realizado de forma integral por outras empresas. Em declaração à Tribuna do Norte, Ricardo Bezerra disse que a ideia era modernizar o Carnatal e fortalecer a parte artística. O sócio declarou que o aumento no número de sócios ajudaria a trazer mais modernidade ao carnaval fora de época.
Memória: após hiato, evento vira marca da imunização
Um dos principais assuntos da última edição, realizado no ano passado, era ainda a pandemia do coronavírus, cujo estado foi declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020. Isto causou o cancelamento da edição 2020, que seria a 29ª do evento. No entanto, no ano passado, a micareta voltou a acontecer e foi marcada por ser o “Carnatal dos vacinados”, já que apenas os imunizados teriam direito ao acesso.
Ainda sobre o impacto do novo coronavírus, os pesquisadores potiguares chegaram a emitir um relatório sobre os impactos da realização da micareta no Rio Grande do Norte em relação à Covid-19. O levantamento preliminar, publicado através do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) da UFRN, indica que o maior carnaval fora de época do país “não teve impacto negativo sobre a rede assistencial do estado”. A festa foi realizada de 9 a 12 de dezembro na Arena das Dunas, na Zona Sul da capital potiguar.
Segundo o estudo, 10 dias após o início do Carnatal, os dados epidemiológicos e assistenciais do RN relacionados à Covid-19 se mantiveram estáveis e em tendência de queda. “Neste contexto, e ainda de forma preliminar, não se observou impacto negativo sobre a rede assistencial do estado. Até o momento, não há registro de aumento dos casos e nem de internações por Covid-19, portanto, mantém-se o mesmo comportamento observado no final do mês de novembro e início do mês de dezembro de 2021, antes do Carnatal”, dizia o relatório.
Vale ressaltar ainda que, em 2020, durante a última semana do processo eleitoral, os indicadores já apontavam um possível descontrole da transmissibilidade (Rt). Deste modo, caso houvesse aumento significativo do adoecimento por Covid-19 devido ao Carnatal, e pela experiência anterior na análise desses dados, a essa altura os sinais de aumento já estariam se manifestando. “Todavia, ainda é necessário ter cautela e continuar o monitoramento, antes de ter uma análise mais conclusiva sobre esse ponto”, comunicou o levantamento publicado pelo LAIS.
Na época, os pesquisadores alertaram em relatório ainda sobre a necessidade da vacinação contra a Influenza. “É importante que o RN promova o engajamento da população com o objetivo de minimizar os efeitos da Influenza no estado”.
História
O evento chega à 30ª edição neste ano, mas o que não falta é história. Realizado atualmente na área externa da Arena das Dunas, o Carnatal já teve várias alterações com o passar do tempo. Principalmente em relação ao trajeto. A primeira edição, em 1991, aconteceu no centro da cidade com apenas três blocos. Havia 12 camarotes e nenhuma arquibancada. O bloco do Caju foi animado por Netinho, e as Bandas Mel e Cheiro de Amor.
Com o crescimento de público, em 1993 a estrutura era maior a ponto de adicionarem arquibancadas ao lado do ginásio Palácio dos Esportes, em Petrópolis, Zona Leste de Natal. Mas as reivindicações dos moradores próximos onde o local acontecia levaram, em 1994, a micareta para o largo do estádio Machadão. O trajeto tinha cerca de três quilômetros e começava no cruzamento das Avenidas Lima e Silva e Prudente de Morais, duas das principais ruas da Zona Sul da capital potiguar.
No entanto, a Copa do Mundo de 2014 causaria mais uma mudança no trajeto do evento que aconteceria anos antes do torneio de seleções de futebol. O Machadão seria demolido para a construção da Arena das Dunas. O trajeto foi mudado em 2011, partindo da Avenida Prudente de Morais na altura do antigo autódromo no sentido Zona Sul – Centro.
Dois anos mais tarde, o local da festa voltou a ser alterado em virtude das obras de mobilidade urbana em torno da Arena das Dunas. E o percurso dos trios elétricos incluiu o Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, cidade da região metropolitana de Natal. No ano seguinte, o evento voltou a ser realizado na Arena das Dunas, em formato indoor. Em 2020, o maior carnaval fora de época do país não aconteceu pela primeira vez desde 1991, em virtude das medidas restritivas em meio à pandemia do coronavírus. No ano passado, 30 anos depois da primeira edição, a micareta voltou a ser realizada. Este ano, o Carnatal fora de época chega à 30ª edição.