Depois de inúmeras acusações de assédio sexual e moral, o ex-presidente da Caixa Econômico Federal (CEF), Pedro Guimarães, viu ser exposta mais uma série de escândalos ligadas à sua gestão no banco público. O mais recente envolvendo o ex-auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (PL) é relacionado ao custo total das viagens que Guimarães fez pelo país, para lançar o programa Caixa Mais Brasil, e que custou mais de R$ 10 milhões aos cofres da CEF.
De acordo com dados da Caixa enviados ao Congresso, há despesas referentes a 102 viagens – sendo que, no total, foram 147. No período de janeiro de 2019 a junho deste ano, o ex-presidente da Caixa e suas grandes comitivas, compostas por ex-executivos da CEF também investigados por assédio e mulheres (que eram maioria no grupo ou em número equivalente ao de homens nas agendas) gastaram R$ 1,9 milhão somente com hospedagem país afora.
Em Mossoró, por exemplo, a lista aponta que foram gastos quase R$ 52 mil por uma viagem feita por Guimarães em 20 de junho de 2020. Sete dias antes, ele havia passado por Petrolina, no sertão pernambucano, onde gastou, em um único dia, mais de R$ 61,3 mil.
Essas viagens estão no centro das denúncias de assédio sexual contra Guimarães, pois as servidoras da Caixa que acompanhavam o banqueiro revelaram ao Ministério Público Federal (MPF) que era nesses programas que muitas situações de assédio ocorriam. Os gastos com cada viagem, segundo a Caixa, variaram de R$ 60 mil a R$ 190 mil, a depender da localidade visitada por Guimarães.
Além disso, contrariando o artigo 20 da Lei das Estatais, que proíbe “a participação remunerada de membros da administração pública, direta ou indireta, em mais de dois conselhos, de administração ou fiscal, de empresa pública, de sociedade de economia mista ou de suas subsidiárias”, ele integrava o conselho de nada menos que 21 conselhos de administração de empresas ligadas à Caixa em 2021.
No fim do mês, seu salário, com a remuneração dos conselhos, poderia saltar de R$ 56 mil para mais de R$ 230 mil, como mostram dados obtidos pelo R7 de junho de 2021, quando Guimarães recebeu R$ 231 mil.
IMPROBIDADE
Pedro Guimarães pode ser enquadrado em improbidade administrativa – caracterizada quando há conduta inadequada praticada por agente público que cause danos à administração, por enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário ou violação dos princípios da administração.
Pesa contra ele ainda o fato da Caixa ter custeado obras na mansão em que o Guimarães mora, em Brasília (DF), conforme a Folha de S. Paulo. As intervenções foram feitas em julho de 2020 por uma empresa que mantém contratos com o banco público para realização de serviços de manutenção em seus prédios e agências.
AFASTAMENTO
Pedro Guimarães é próximo a Jair Bolsonaro e participava frequentemente das lives realizadas pelo presidente. Seu pedido de demissão foi oficializado no último dia 29 de junho, após pressões para que ele entregasse o cargo pelas várias acusações de assédio sexual e moral aos funcionários do banco público. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).