O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou um lucro líquido recorrente de R$ 11,9 bilhões em 2023, o primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Esses resultados representam uma queda de aproximadamente 5% em comparação com 2022 (R$ 12,5 bilhões), conforme divulgado pelo banco nesta segunda-feira (4), no Rio de Janeiro.
O diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, atribuiu a redução no lucro às devoluções antecipadas de recursos ao Tesouro Nacional.
“Se tivéssemos mantido esses recursos em caixa e não os devolvido ao Tesouro, teríamos gerado um aumento de R$ 1,1 bilhão no resultado de 2023. O lucro teria sido de R$ 13 bilhões, ultrapassando, portanto, o valor de 2022 [R$ 12,5 bilhões]”, afirmou Abreu.
O BNDES obteve a aprovação do TCU (Tribunal de Contas da União) em novembro para estender o prazo de devolução de repasses feitos pelo Tesouro ao banco em gestões anteriores do PT. Esta reprogramação busca proporcionar um alívio para o caixa da instituição.
No quarto trimestre de 2023, o lucro líquido recorrente do BNDES foi de R$ 5,3 bilhões, um aumento de cerca de 55% em relação ao mesmo período de 2022.
Desembolsos aumentam 17% no ano
Os desembolsos do banco atingiram R$ 114,4 bilhões no ano passado, representando um crescimento de aproximadamente 17% em relação a 2022 (R$ 97,5 bilhões).
Os desembolsos são os recursos que efetivamente saem da instituição para investimentos em diversos setores da economia, incluindo infraestrutura, agricultura, indústria, comércio e serviços.
“Em 2023, o BNDES apresentou um grande crescimento no crédito. O banco está retornando de forma vigorosa. No entanto, é importante ressaltar que esse crédito é amplamente sustentável”, afirmou Abreu.
“Tivemos um aumento do resultado recorrente ao longo do ano, um aumento do patrimônio líquido, e uma inadimplência controlada [0,01%]”.
O BNDES também informou que aprovou um total de R$ 218,5 bilhões em crédito em 2023, considerando operações diretas e indiretas (por meio de agentes financeiros). Isso representa um aumento de 44% em relação a 2022 (R$ 152 bilhões).
Deste total, R$ 107 bilhões envolvem operações aprovadas para micro, pequenas e médias empresas. Houve um crescimento de 53% nesse segmento em relação a 2022.
BNDES não é mais o banco das grandes empresas, afirma Mercadante
Nas gestões passadas do PT, o BNDES foi alvo de polêmicas por financiar projetos de grandes empresas, em uma estratégia conhecida como a das “campeãs nacionais”.
“O BNDES não é mais exclusivamente o banco das grandes empresas, embora também atenda a esse público”, declarou o presidente do banco, Aloizio Mercadante, nesta segunda-feira.
No terceiro mandato de Lula, o BNDES busca retomar um papel mais ativo como financiador de projetos na economia, o que gerou expectativa de aumento nos desembolsos e aprovações de crédito em 2023.
“Esses resultados fazem parte de um novo projeto para o país, representado pelo presidente Lula. Houve um esforço para desmantelar o BNDES e reduzir sua importância”, criticou Mercadante, referindo-se à administração do banco no governo de Jair Bolsonaro.
O BNDES desempenha um papel central no plano de fomento à indústria anunciado em janeiro pelo governo Lula. Do total de R$ 300 bilhões previstos no programa até 2026, a maior parcela (R$ 250 bilhões) deverá vir do banco.
Segundo analistas ouvidos em janeiro, os projetos do governo sinalizam um aumento da atuação do BNDES, seguindo os moldes de gestões anteriores do PT.
O banco discorda dessa avaliação, afirmando que tem sido alvo de análises precipitadas e que não haverá uma volta ao modelo do passado.
(Leonardo Vieceli/Folhapress)