Garotas, de todas as idades, descem a rua Califórnia, no Sion, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na manhã deste domingo (28). Elas regem a bateria, composta por trompetes, trombones, sax, surdos, caixas, repiques, xequerês, tamborins e chocalhos na apresentação do bloco “Garota, eu desço a Califórnia”, criado em 2013, e que ficou em hiato entre 2016 e o ano passado. O grupo se apresenta apenas no pré-Carnaval.
E o resultado do bonde, claro, é grandioso: são cerca de 50 integrantes, homens e mulheres, que entregam animação e alegria em músicas do ídolo pop Lulu Santos – que inspiraram o nome do bloco – e também de outros gêneros, incluindo piseiro, funk, axé, samba, marchinha e pagode. A concentração teve início por volta das 8h30 e o cortejo quase duas horas depois. No caminho, pela rua Califórnia, alguns idosos desceram dos apartamentos para ver a alegria banda da passar.
“É uma festa pra turma, durante o pré-Carnaval, pra ser realmente mais um momento para a galera curtir, para botar a cultura na rua. A gente escolheu não sair nos quatro dias oficiais para garantir e apoiar os blocos de rua que, hoje, já saem no Carnaval. A gente valoriza bastante a música instrumental. É um bloco composto por bateria e sopro, que valoriza a diversidade e a mulher, que é o que tem que acontecer não só no Carnaval, como no ano inteiro”, afirmou o advogado Gustavo Vaz, de 28 anos, um dos organizadores do bloco.
Ele lembrou que o grupo ficou parado entre 2016 e 2023, quanto voltou em uma apresentação pequena e extraoficial. O retorno ao Carnaval de BH acontece neste ano, com bateria e sopro, além de integrantes novos e pessoas que acompanham o bloco desde o início.
O folião Marcelo Alves. Foto: Fred Magno/O Tempo
Diversão
O funcionário público Marcelo Alves, de 45 anos, passa o Carnaval em Salvador, na Bahia, onde sai no bloco Filhos de Ghandy, há alguns anos. Porém, ele não abre mão de aproveitar o pré de BH. Pela primeira vez no “Garota”, ele veio com parte da vestimenta de Ghandy. “É uma maneira de homenagear os orixás, com os turbantes e as guias. Antigamente as guias eram trocadas por beijos, mas isso ficou no passado. As mentes evoluíram. É uma homenagem a tudo que existe de bonito na Bahia. Mas o pré em BH eu não perco porque a festa tornou-se uma febre, uma coisa muito gostosa”, disse.
Os amigos Caio Campos Ferreira, engenheiro, a aposentada Ângela Oliveira e empresário Paulo Braga, todos com 72 anos, e a professora Luiza Vorcaro, de 70 anos, moram no Sion e curtem o “Garota” desde a criação do bloco. “Um deles é meu filho. Eles desciam a Califórnia num carrinho de supermercado com uma caixa de som em cima e meia dúzia de gatos pingados atrás. Depois cresceu e hoje virou essa explosão de alegria, com banda enorme”, lembrou Caio.
“Nós fizemos amizade com os pais dos meninos. Então, o Carnaval é um momento de colocar a conversa em dia, rever todo mundo”, afirmou Ângela. “É muito linda essa festa no bairro. Congrega”, completou Luiza.
O advogado Thiago Fiuza, de 34 anos, ficou fora do Brasil por quatro carnavais. Em 2024, com o retorno, aproveitou para curtir a festa da capital mineira. Ele escolheu uma fantasia de noiva. “A festa de rua, participar disso, é muito bom”, disse.
O bloco
O grupo “Garota, eu desço a Califórnia” foi fundado em 2013 e tem regência 100% composta por mulheres. A proposta do bloco é apresentar músicas brasileiras de diferentes épocas e estilos.
De acordo com o bloco, o “Garota” é “um bloco inclusivo, democrático e totalmente avesso a preconceitos de qualquer tipo! Machistas, fascistas, racistas e homofóbicos não têm lugar no nosso bloco! Venha com a gente carnavalizar a Califórnia!”.
Programe-se!
Bloco “Garota, eu desço a Califórnia”
- Data: 28 de janeiro de 2024
- Horário: 8h30
- Concentração: praça Deputado Renato Azeredo, 260, Sion – BH
- Dispersão: praça Nova York, 52, Sion – BH