Jorge Amado em seu livro Bahia de Todos os Santos faz um ‘convite’ em seu prólogo: “A Bahia te espera para sua festa cotidiana”. Sem mesmo saber, o estilista da República Tcheca Lukas Lindner aceitou esse convite quando veio conhecer a terra do seu amor, o também estilista Aládio Marques, e acabou se apaixonando pela Bahia.
Tudo deu tão certo que o estilista já contabiliza sua terceira passagem por aqui e uma terceira coleção concebida em Salvador. Só que dessa vez, a Bahia e as mulheres baianas foram suas musas. Tudo foi pensado para ser uma celebração a elas. “Minha inspiração foi a diversidade da Bahia, ainda mais Salvador e as mulheres que vivem aí. A atmosfera da cidade é agitada, mas também muito colorida e rica em contrastes”, explica Lukas.
Para realizar uma campanha que refletisse a beleza da diversidade das mulheres da Bahia e o clima movimentado de Salvador, o estilista tcheco escolheu uma baiana não-modelo, sua amiga Dáfine Prates, figurinista e designer de joias para protagonizar as fotos. Ela não usou nenhuma maquiagem, intencionalmente, para que representasse apenas mais um dia na vida de uma soteropolitana. As imagens foram feitas nas frenéticas ruas do bairro do Dois de Julho, centro de Salvador.
O fotógrafo escolhido foi seu namorado Aládio, que pela primeira vez se aventurou nos clicks. “Lukas gosta do meu olhar para a fotografia. Para ele, consigo captar de forma espontânea a realidade e era justamente isso o que ele queria transmitir na campanha: apenas mais um dia do cotidiano de uma mulher. Foi assustador de início, mas se tornou uma experiência prazerosa”, confessa Aládio. Lukas bateu um rápido papo com a gente e compartilhou as imagens feitas em Salvador. Confere aí!
CORREIO: Como a Bahia te inspirou a criar sua nova coleção?
Lukas Lindner: Tudo na Bahia me inspira muito! Principalmente sua diversidade e mistura das culturas africanas, indígenas e europeias. O poder do estilo de vida dos baianos para mim é impressionante. Amo a atitude espontânea do povo e a natureza daqui.
C: De que forma você traduziu todas as inspirações através das roupas que criou?
LL: Fiz isso através do uso da modelagem, misturando padrões europeus (como as mangas balonês) com influências vindas das roupas das baianas de acarajé, a exemplo das longas saias, em que acrescentei um corte na parte da frente para se adaptar ao calor da Bahia. Privilegiei também a leveza dos tecidos naturais. E até um pássaro comum por aqui, o lavadeira-mascarada (fluvicola nengeta) teve sua plumagem recriada em um tingimento tie dye manual.
C: Quais são seus próximos planos em relação à Bahia?
LL: Posso dizer com certeza que a Bahia é minha segunda casa. Está em minha mente e coração. Gostaria de montar um estúdio em Salvador para desenvolver meu trabalho com bespoke (alfaiataria sob medida), assim como com alta costura, e apresentar de forma ampla todas as minhas criações.
FICHA
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