Aproximadamente 52 segundos. Esse foi o tempo que o avião da Polícia Federal ficou suspenso no ar antes de cair no aeroporto da Pampulha na tarde desta quarta-feira (6 de março). Todo o trajeto, entre a decolagem e a tragédia que deixou dois policiais federais mortos, foi filmado por uma câmera instalada na torre de controle do aeródromo.
Nas imagens, é possível ver o monomotor de prefixo PR-AAB, da marca Cessna e do modelo 208B, iniciando a manobra para a decolagem por volta das 14h13. Logo em seguida a aeronave levanta voo e, antes das 14h15, já é possível ver a fumaça que sai da região mais próxima à barragem da Pampulha.
Nas imagens, também é possível ouvir funcionários do centro de controle discutindo ao fundo, logo após a queda. “Você conseguiu visualizar o cara decolando agora há pouco? A gente ouviu um barulho e parece que houve uma perda de altura. Poderia me confirmar se ele está voando?”, pergunta um dos trabalhadores. “Confirma! Acidentado na cabeceira do trecho. Dentro da área dos bombeiros. Visualizamos daqui, infelizmente, a fumaça do evento”, responde o outro funcionário do aeroporto.
Assista ao vídeo da queda do avião na Pampulha:
DUAS VÍTIMAS CARBONIZADAS – A queda do avião de pequeno porte, na tarde desta quarta (6), no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, deixou pelo menos duas pessoas mortas. As informações preliminares são do Corpo de Bombeiros. Essas duas pessoas foram carbonizadas, e uma… pic.twitter.com/9XIEHZAK04
— O Tempo (@otempo) 6 de março de 2024
Especialista acredita em “perda de motor”
Após analisar as imagens que mostram o momento da queda do avião, o professor e coordenador do curso de Engenharia Aeronáutica da Fumec, Rogério Parra, disse acreditar que a aeronave pode ter “perdido o motor”. Segundo ele, somente as investigações poderão responder com precisão as causas do acidente, entretanto, a análise inicial das imagens já permitem supor a existência de uma falha no motor.
“Ele decolou bem, subiu bem e, aparentemente, perdeu o motor. Deve ter sofrido algum problema interno, pois ele para de subir e tem que descer. Inclusive, dá para ver que saiu fumaça do motor, não é de dentro do avião. E isso acontece justamente no início da decolagem, que é quando o motor está na potência máxima, esquenta mais”, pondera o especialista.
O professor garante ainda que, pela análise do vídeo, é possível ver que o piloto tentou voltar para o aeroporto. “Ele estava em cima da pista ainda e tentou voltar. Ele agiu certo, mas, por uma questão de altura, não conseguiu. Não são comuns acidentes assim, pois, apesar de ser um avião de pequeno porte, ele tem um motor turboélice muito confiável”, completou o professor da Fumec.
O acidente
Dois comandantes de aeronaves da Polícia Federal (PF) morreram carbonizados na queda de um avião na tarde desta quarta-feira (6 de março), no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Um mecânico de uma empresa terceirizada foi socorrido para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Segundo a assessoria de imprensa da PF, ele chegou à unidade de saúde “lúcido e orientado”.
Os pilotos José de Moraes Neto e Guilherme de Almeida Irber são de Brasília. Por meio de nota, a corporação decretou luto de três dias e se solidarizou com os familiares das vítimas. Além disso, a PF informou que “já iniciou investigação para apurar as circunstâncias do acidente envolvendo a aeronave Cessna Grand Caravan 208B”.
A Polícia Civil de Minas Gerais iniciou, na tarde desta quarta-feira (6 de março), as apurações no local. A perícia foi realizada. Imagens de câmeras de segurança do aeroporto mostram o momento em que a aeronave decola e começa a perder altitude. O piloto tenta retornar para a pista, mas não consegue, e o avião cai nas proximidades da barragem da Pampulha.
Conforme especialistas ouvidos pela reportagem, a suspeita é que um problema mecânico tenha causado a perda de potência da aeronave – a falha pode estar relacionada ao motor.
Nos últimos dois dias, registros da aeronave indicam que ela teria feito dois voos curtos, na terça-feira (5) e na segunda-feira (4). Eles tiveram duração de cerca de 30 minutos, em uma manutenção e testagem de voo.