Entre os vários fenômenos do último ano, um deles certamente é o surgimento de novos ‘pais e mães’ de plantas. Com mais gente ficando em casa, foi registrado um aumento de 10% no consumo de flores e plantas ornamentais em 2020, segundo números do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), o que revela uma maior dedicação das pessoas a essa atividade.
No entanto, neste processo de primeira viagem, é bastante comum que erros aconteçam. Com ajuda do arquiteto paisagista Marcos Malamut e do diretor de comunicação do Ibraflor, Renato Opitz, reunimos 10 erros que iniciantes devem evitar para que suas filhas vegetais prosperem.
De acordo com Opitz, tem rolado um contínuo interesse em plantas ornamentais e ele acredita que a tendência deve permanecer mesmo após a pandemia. A razão para crer nisso é devido ao crescimento do que chamam de Urban Jungle, um movimento que consiste em incluir plantas no interior das residências.
Nessa dinâmica, ganharam destaque principalmente as plantinhas suculentas e condimentares, usadas na gastronomia. Além de embelezar a casa e promover contato com a natureza, a atividade pode ser terapêutica contra ansiedades.
1. Escolher a planta somente por critérios estéticos, sem dimensionar o tamanho dela em relação ao espaço que você tem em casa
É até esquisito dizer isso, mas muitas vezes as pessoas esquecem de que a planta é uma coisa viva e, como toda coisa viva, ela muda. O vegetal cresce e passa por fases. Ou seja, não adianta comprar uma planta na loja ou internet e achar que ela vai continuar daquele jeito para sempre. Com o passar do tempo, ela pode não mais se encaixar na forma como você havia imaginado no seu ambiente.
SOLUÇÃO: Não escolha a planta somente por critério de empatia estética. Pesquise qual o porte máximo que ela pode chegar e meça o local onde planeja plantar.
2. Montar um canteiro imaginando combinações de cores de plantas que não florescem na mesma época
As plantas costumam ter períodos de floração. Antes de comprá-las, é importante saber a época do florescimento de cada uma delas em sua região.
SOLUÇÃO: Se você imaginou uma combinação que não teve sucesso, o melhor a fazer é trocar uma das espécies por outra que floresce ao mesmo tempo. Do contrário, o jeito é se conformar com o espetáculo dessincronizado.
3. Colocar plantas em local de uso habitual de cachorros
De maneira geral, há poucos erros na relação entre animais e plantas. Com cachorros, o que costuma ocorrer é tentar fazer um jardim frágil para um cachorro de porte grande ou colocar canteiros no caminho onde ele costuma passar. O animal é um habitante da casa e, nestes dois casos, corre-se o risco das plantas serem pisoteadas.
SOLUÇÃO: Se há um local no muro, por exemplo, onde o cachorro costuma ficar, ali não é um ponto para colocar um canteiro. Se você for cultivar um jardim, o certo é escolher a planta conforme o seu animal. Seu cachorro gosta de cavar? Curte andar na beirada de cercas? Avalie essa parte porque trata-se mais de uma questão de entender o cão do que entender a planta.
4. Banalizar a morte de plantinhas
Erros são comuns na aprendizagem sobre plantas, mas os equívocos podem custar a vida das plantinhas. Assumir que cuidou mal e não teve sucesso é importante para aprender, mas não banalize a morte delas. Muitas escorregadas no exercício de ser “pai e mãe de planta” ocorrem porque as instruções sobre como cuidar delas podem ter sido escritas pensando no clima de outra região do país. Geralmente, essas orientações vêm do Sudeste e não servem integralmente para quem mora no Nordeste, por exemplo.
SOLUÇÃO: Da próxima vez, esforce-se em entendê-las melhor. Ao ler orientações na internet, mesmo em veículos confiáveis, avalie se elas consideram as características do local onde você mora. Talvez aquele artigo não sirva exatamente para você. Só de saber filtrar isso, já ajuda bastante. O melhor a fazer é buscar dicas com produtores locais ou com alguém com mais experiência nessa atividade.
5. Colocar plantas de raízes muito fortes em vasos pequenos ou calçadas
É preciso pesquisar sobre as dimensões das raízes de cada espécie porque, do contrário, isso pode gerar um tremendo prejuízo financeiro. Plantas com raízes fortes podem acabar quebrando mesmo os vasos mais resistentes. Se colocadas em calçadas de casas e perto de muros, elas podem elevar o piso, rachar paredes e gerar graves problemas de infiltração, bem como entupimento de encanamentos.
SOLUÇÃO: Coloque a planta a, no mínimo, 10 metros de distância de muros e, no caso de a planta estar num vaso, mantenha ele sempre monitorado. Uma boa dica é prestar atenção no tamanho que a copa da árvore pode chegar porque, geralmente, a dimensão das raízes é proporcional à copa.
6. Não ter conhecimento de que plantas podem ficar queimadas ou amareladas por conta do salitre de praias
Quem mora em região litorânea precisa aprender a conviver com a maresia. O sal chega pelo vento e pode pousar em cima das plantas. Muitas delas podem não resistir e não há muito o que se possa fazer.
SOLUÇÃO: Durante as semanas, lavar as folhas aos pouquinhos com suaves jatos de água, borrifando sem deixar acúmulo pode ajudar um pouco. No entanto, o melhor a fazer é retirá-la do local de exposição e escolher plantas que sejam naturalmente tolerantes ao sal e ao vento.
7. Não perceber que folhas murchas podem ser um sinal de excesso de água
É comum achar que as folhas estão murchando por não estarem sendo regadas. Antes de molhar a planta que parece murcha, afunde o dedo 2cm a 3cm. Se estiver seco, talvez o problema seja mesmo falta de água. Mas, se estiver úmido, pode ser que as folhas murchas sejam um excesso de água. É mais comum matar plantas por regá-las em excesso do que pela falta de água.
SOLUÇÃO: Informe-se de quão úmido o solo deve ser para a planta que você está cultivando e adeque a frequência das regas. Eventualmente, pode ser útil mudar o substrato de plantio. Fique acompanhando as reações.
8. Comprar mil e uma ferramentas ou produtos para cultivar jardim
Não é necessário ter um adubo super potente para ter plantas saudáveis e bonitas. Você pode exercer a jardinagem sem ter um kit de pazinhas. O cultivo de plantas em residências raramente precisa de coisas muito complicadas ou caras.
SOLUÇÃO: Foque em respeitar as origens da planta, entendendo que ela não está na natureza. Como não chove em casa, você molha. Como não cai folha e nem morrem bichos ali, você precisa adubar de vez em quando, mas, para a maior parte dos casos, adubos orgânicos mais baratos, como húmus de minhoca, são suficientes.
9. Colocar no mesmo canteiro plantas com diferentes formas de colheita
Enquanto a salsa é colhida cortando as folhinhas, o coentro se colhe arrancando todo o pé desde a raiz. Colocá-los num mesmo vaso não é exatamente uma atitude errada, mas pode ser difícil de gerir isso nos primeiros momentos. Devido às diferentes formas de crescimento ou de colheita de cada espécie, pode rolar uma bagunça na sua horta, comprometendo-a funcional e esteticamente.
SOLUÇÃO: Dê um espaço maior entre uma planta e outra. Se estiverem em vasos, o mais fácil é separá-las para poder tratá-las de acordo com as necessidades de cada uma.
10. Colocar plantas aromáticas e condimentares na sombra
Se a sua hortinha não está se desenvolvendo, talvez o problema possa estar no fato de ela estar na sombra. A maior parte das hortaliças precisa de 4h a 6h de exposição direta à luz. Reverenciados na culinária baiana, coentro e pimenta, por exemplo, precisam de muito sol.
SOLUÇÃO: De fato, é bem mais prático ter essas plantas na cozinha, mas não adianta deixá-las neste lugar se não há boa projeção solar nele. Elas não irão para frente. Mude sua horta para um ambiente ensolarado ou vá revezando as plantas.
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