Fui muito feliz disputando a competição, na qual provamos competência e controle emocional
Falar em Mundial de Clubes sempre traz boas recordações. Como fui feliz participando da maior competição de clubes do planeta! Também no Mundial deixamos de ser reconhecidos apenas individualmente como atletas de seleção e o mundo do vôlei passou a conhecer uma equipe brasileira poderosa, o Sada Cruzeiro. Até então, apenas atletas que jogavam as competições internacionais pela seleção eram reconhecidos. Após alguns anos na Polônia, teremos o prazer novamente de sediar o campeonato. No mesmo lugar que quebramos paradigmas e jogamos além do que “podíamos” superando equipes mais poderosas. Certamente fomos “azarões” na cabeça de muitos. Na quadra, provamos competência e controle emocional.
Sorte de quem poderá jogar e assistir ao campeonato. Ainda não vamos entrar no mérito dos times, possibilidades de cada um, formato de disputa, capacidade para o público e por aí vai. É um momento de comemoração pelo anúncio da sede e de relembrar momentos marcantes dessa competição. O primeiro foi em Doha, no Catar! Um segundo lugar com gostinho de primeiro. Desbancamos favoritos e poderíamos jogar dez vezes contra o Trentino, time italiano, que perderíamos as dez naquele dia. Nos ensinaram a encarar uma final e foi uma escola para o restante do ano no temporada brasileira.
No primeiro em Betim, também não éramos favoritos. Ser favorito é pesado para quem não está acostumado a vencer. Fomos aos poucos desenhando a história e nos habituando com finais consecutivas. Me lembro como se fosse ontem do vídeo preparado pela comissão técnica para conhecer os demais participantes. Times russos sempre muito fortes e favoritos, italianos chegavam bem cotados e nós ali, comendo quieto. Tudo deu certo e nós jogamos o que nunca havíamos jogado. Lembro do silêncio e da concentração no vestiário e no hotel. Dos dias enclausurados dormindo, acordando, comendo e treinado focados no objetivo! Foi o primeiro título brasileiro, cravado na história.
O primeiro foi “sorte”, segundo os especialistas. Hora de encarar o segundo mundial. Reunião para conhecer os times. Quando vi o cubano Leon sacando pensei: pode entregar o troféu para eles. Aproveitamento absurdo! Deu medo de passar vergonha. Porém, tínhamos tempo para nos preparar e traçar a estratégia. Foi tenso! Além dele, tínhamos vários “inimigos” de respeito. Além disso, tínhamos Wallace voltando de cirurgia na coluna, sem ritmo de jogo, inseguro se realmente voltaria a jogar como jogava. Nosso objetivo coletivo sempre esteve em primeiro plano. O grupo se uniu para suprir a falta de ritmo de um dos maiores pontuadores da equipe. O grupo se fechou ainda mais e em quadra e conquistamos mais um título. “Foi sorte”!
Iríamos perder o terceiro porque Wallace não estava mais no time. Ledo engano. Evandro chegou e assumiu a posição com propriedade. Jogou como nunca com o peso nas costas de representar um atleta que é a cara do projeto e remou muito para alcançar os objetivos. O time já tinha o respeito internacional das demais equipes. Não foi sorte, foi competência. Três vezes campeão mundial! Vem tetra!