A sensação de mundo estranho não tem sido muito incomum no que tenho escutado de várias pessoas, ultimamente. Claro que esse estranhamento foi mais agudo e tenso nos períodos mais exasperados do confinamento.
Diversos profissionais maduros e esclarecidos aquiesceram sobre esse denominador comum. Cada qual no seu quadrado concordando quase à unanimidade nas dúvidas sobre o que seja o bordão inicial do novo normal. Ocorreram vários desenlaces próximos de todos nós. Mais nítidos quando silenciados das redes sociais a que estávamos ligados.
De altos especialistas da saúde, educação ou economia e de perspectivas pouco nítidas sobre o cotidiano ressaltaram mais dúvidas que certezas, além das mudanças de hábitos, improváveis ou não, alcançáveis e cedendo espaço a conformismos e paliativos gerando poucas respostas. Muito menos às perguntas de crianças e jovens.
A transparência mais palpável deu-se no âmbito do Home Office e na vida doméstica aglomerada. Apatia e abusos evidenciando que a desacomodação tornou-se o elo forte de uma cadeia circular de imprevistos.
O planejamento pessoal desapareceu com as folhas de calendário que ornavam as paredes das salas de tempos recentes. Claro que as agendas eletrônicas vieram para fincar novos limites mais velozes e líquidos.
Penso que esse estranhamento apalpa incertezas quanto às redes dos relacionamentos agora amiúde imprecisas, esporádicas ou episódicas. Já não acontecem surpresas muito menos certezas programadas. Isso pode ser bom ou ruim conforme o usuário.
Entretanto, a vida é uma caixa de surpresas. Se difícil é saber ou se conter na espera, não se deve investir na falta de esperança. E se ela é a última que morre como diz o adágio, que não se torça que vá logo porque o outro refrão suprime o estranhamento, crendo enquanto ela estiver conosco vamos tocando a Vida.
Se a curiosidade move a Civilização, acompanhemos as mudanças ainda que as transformações sejam rápidas. O Bem-Estar é a tônica forte do foco ou objetivo a que chamamos processo civilizatório.
*Academia Paraibana de Letras, juiz do TRF5 – E-mail: [email protected]