Suspeitos de assassinar Jovenel Moïse frente a armas, munições e outros materiais apreendidos Foto: Reprodução
Autoridades de Taiwan disseram nesta sexta-feira que 11 pessoas fortemente armadas foram presas na quinta-feira no perímetro de sua embaixada em Porto Príncipe, onde estavam escondidas, a cerca de um quilômetro de onde o presidente do Haiti Jovenel Moïse foi assassinado na quarta-feira.
Segundo a embaixada, na manhã de quinta-feira, o pessoal de segurança descobriu um grupo de “indivíduos totalmente armados e de aparência suspeita” quebrando o perímetro de segurança da embaixada, e por isso notificou imediatamente a polícia e os funcionários da instalação.
Segundo o jornal haitiano Le Nouvelliste, os 11 detidos estão incluídos no grupo de 17 suspeitos que, segundo as autoridades haitianas, foram presos em conexão com o assassinato.
Na noite de ontem, autoridades haitianas informaram que 15 colombianos e dois americanos-haitianos foram presos suspeitos de envolvimento com o assassinato. Outros três colombianos foram mortos pela polícia, que acrescentou que outros oito suspeitos fugiram e estão sendo procurados.
Com isso, a polícia calcula o número de envolvidos na operação do assassinato em 28. À noite, o ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano, informou ter sido notificado que ex-militares de seu país estariam entre os detidos.
Ainda não se tem a confirmação de quantos suspeitos fizeram partes das Forças Armadas colombianas, nem quando de se reformaram, de suas patentes ou de suas identidades.
Fotos de armas de fogo, incluindo pistolas e fuzis semiautomáticos, apreendidas com os suspeitos foram divulgadas pela polícia. A imprensa haitiana também cita a apreensão de dinheiro, coletes à prova de balas, alicates, veículos com placas duplas e alugados, machados, telefones celulares e um talão de cheques em nome de Moïse. Após o assassinato, o quarto e o escritório do presidente foram saqueados, segundo a polícia.
O Nouvelliste afirma que, segundo o juiz Clément Noël, os haitianos-americanos James Solages e Joseph Vincent afirmam que sua tarefa era atuarem como tradutores. Em gravações divulgadas nas redes sociais da invasão, há homens falando crioulo-haitiano com seguranças.
— Disseram que eram tradutores. A [suposta] missão era prender o presidente Jovenel Moïse, no âmbito da execução do mandato de um juiz de instrução, e não matá-lo — disse o juiz de paz ao Nouvelliste, citando as declarações de James Solages e Joseph Vincent.
Segundo o jornal, quando questionado sobre quem o contratou para a missão, James Solages disse que” encontrou este trabalho na internet”. Ele teria acrescentado também que alguns mercenários estariam no Haiti há três meses.
Solages e Vincent já viveram na região do Sul da Flórida, nos arredores de Miami. Segundo a publicação haitiana, Vincent diz que entrou no Haiti há seis meses, e Vincent diz que chegou em junho.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Taiwan, disse que a polícia haitiana ainda está investigando as prisões em sua embaixada.
Em um comunicado separado publicado na sexta-feira, a Embaixada de Taiwan no Haiti condenou o assassinato como “cruel e bárbaro” e se referiu aos detidos por seus motivos como “mercenários”.
A porta-voz disse que nenhum funcionário da embaixada estava no local quando os intrusos foram descobertos, porque a equipe fora instruída a trabalhar em casa logo após o assassinato, na madrugada desta quarta-feira. As prisões aconteceram por volta das 16h, e não deixaram feridos, ela acrescentou, indicando ainda que houve apenas danos mínimos à propriedade.
O Haiti é um dos únicos 15 países que mantêm relações diplomáticas plenas com Taiwan, uma ilha autônoma reivindicada pela China. A embaixada de Taiwan em Porto Príncipe fica em Pétion-Ville, o distrito rico onde Moïse foi morto.