Mariana Godoy foi a gota d’água para criação de manual de regras para jornalistas – Foto: Reprodução/Record
A Record publicará nos próximos dias um rígido manual com regras de conduta para funcionários do departamento de Jornalismo, com foco em âncoras e repórteres de telejornais. A emissora passará a ter uma série de normas para os colaboradores do setor, englobando até mesmo publicações feitas por eles em perfis pessoais mantidos nas redes sociais.
Dentre as determinações que passarão a ser formalmente exigidas pela empresa estão um veto de publicação de conteúdos com teor político, principalmente em casos que possam ir de encontro com a linha editorial da rede, e a proibição de comentários em programas jornalísticos sem a anuência prévia da direção.
A futura publicação ganhou o apelido de manual anti-Mariana Godoy nos bastidores da Record. Não é de hoje que a emissora pensa em criar regras mais rígidas para seus jornalistas, mas a ideia sempre acabava esquecida por conta de outras prioridades do setor.
A situação mudou depois do dia 29 de julho, quando a âncora do Fala Brasil disse no ar que um evento promovido por Jair Bolsonaro era “bizarro”, provocando um grande incômodo entre o alto escalão do governo e a Igreja Universal, principal anunciante da rede.
Dias depois, os executivos da emissora dispararam um comunicado interno proibindo quaisquer tipo de comentários durante os telejornais, e ressaltando que apenas comentaristas são pagos para isso. A diretoria da rede decidiu vetar até mesmo expressões faciais, orientando que os âncoras devem permanecer apáticos independentemente do tipo de notícia que estiver sendo veiculada — a determinação lembra uma antiga ordem de Silvio Santos, que proibiu Rachel Sheherazade de mexer as sobrancelhas durante a ancoragem do SBT Brasil.
Com a criação do manual de conduta, as determinações feitas por e-mail se transformam, efetivamente, em normas que podem culminar até com a demissão de funcionários que se recusem a aceitar o proposto pela empresa. Outras emissoras, como a Globo e a CNN Brasil, já tem regras de comportamento que devem ser seguidas por profissionais dentro e fora do ambiente das redes.
Elas, porém, optaram por tornar seus manuais públicos, como uma forma de mostrar transparência ao mercado e aos telespectadores. A Record não deverá seguir o mesmo caminho, mantendo o material como uma publicação de conteúdo interno e restrito.